O chefe de segurança nacional da Armênia, Armen Grigoryan, disse à Armenpress em uma entrevista na última terça-feira, dia 19 de julho, que os soldados da Armênia não serão mais enviados para servir nas forças armadas de Artsakh. Segundo ele, Artsakh recrutaria seus próprios soldados.
Este anúncio ocorre dias após o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, reclamar da presença de militares das forças armadas armênias em Artsakh, acusando a Armênia de violar as disposições do acordo de 9 de novembro de 2020.
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores do Azerbaijão, esta questão foi levantada no sábado, quando os principais diplomatas da Armênia e do Azerbaijão, Ararat Mirzoyan e Jeyhun Bayramov, se reuniram em Tbilisi. Segundo o Ministério, Bayramov pediu a implementação de todo o acordo e enfatizou especialmente “a retirada das forças armênias do território do Azerbaijão”.
A leitura do Ministério das Relações Exteriores da Armênia da mesma reunião não continha esse ponto, mas sim à insistência de Mirzoyan de que uma solução abrangente do conflito de Karabakh fosse resolvida antes de qualquer discussão de um acordo de paz com o Azerbaijão.
“Deixe-me esclarecer. Por causa da guerra, várias unidades das Forças Armadas da Armênia entraram em Nagorno-Karabakh para ajudar o Exército de Defesa. Após o estabelecimento do cessar-fogo, eles estão retornando à República da Armênia. Este processo está em fase de conclusão e terminará em setembro”, disse Grigoryan, chefe de segurança nacional da Armênia, que assegurou que o Exército de Defesa de Artsakh “está e continua em Nagorno Karabakh”.
Grigoryan também enfatizou que os soldados contratados da Armênia não são e não serão enviados para Artsakh, acrescentando que as autoridades de Artsakh contratarão soldados conforme necessário.
O chefe de segurança da Armênia rebateu as críticas de que Yerevan estava se curvando a Baku e essencialmente deixando Artsakh indefeso, dizendo que após o envio de forças de manutenção da paz russas, a retirada das tropas armênias de Artsakh “é lógica”. Ele explicou que, antes da guerra, o Exército de Defesa de Artsakh defendia a segurança daquele país. “E nada está sendo mudado para esse fim”, disse Grigoryan.
Porém, antes da guerra soldados recrutados para as Forças Armadas da Armênia já serviam em Artsakh. Ao chegar ao poder na Armênia, o primeiro-ministro Nikol Pashinyan se gabou de seu filho servindo em Artsakh e fez várias viagens para “visitar” seu filho e tirar amplas fotos para mostrar ao público que seu filho não estava fugindo do serviço militar.
Grigoryan disse que as forças de paz russas foram enviadas para fornecer garantias de segurança.
No final de março, as forças do Azerbaijão romperam a linha de contato em Artsakh e invadiram a vila de Parukh na região de Askeran de Artsakh, avançando suas tropas para as alturas estratégicas de Karaglukh. As forças do Azerbaijão ainda permanecem na área violada, de acordo com as autoridades de Artsakh, apesar do fato de que a linha de contato e aquela área estavam sob o controle de forças de paz russas.
“Os eventos em Parukh foram uma violação grosseira da declaração trilateral de 9 de novembro de 2020 e da lei internacional aplicável”, disse Grigoryan à Armenpress. “As Forças Armadas do Azerbaijão invadiram a área de responsabilidade das forças de paz russas em Nagorno Karabakh.”
Ele disse que a Rússia garantiu a Yerevan que “as forças invasoras do Azerbaijão devem se retirar, e esperamos que as forças de paz russas garantam a retirada das unidades do Azerbaijão que invadiram ilegalmente a área de responsabilidade das forças de paz russas em Nagorno-Karabakh”.
“A presença das forças de paz russas por si só mostra que a Rússia aceita o fato de que há uma ameaça existencial real para a população de Nagorno-Karabakh e as forças de paz têm um significado fundamental para garantir a segurança dos armênios de Nagorno-Karabakh”, disse Grigoryan.