Em uma votação boicotada por dois partidos da oposição, o parlamento armênio elegeu na quinta-feira o ministro da Indústria de Alta Tecnologia, Vahagn Khachatryan, como o novo presidente da república.
Khachatryan, que foi nomeado para o cargo pelo partido Contrato Civil, terá poderes em grande parte cerimoniais, assim como seu antecessor Armen Sarkissian. Sarkissian anunciou sua renuncia inesperadamente no final de janeiro, dizendo que durante seus quase quatro anos de presidência lhe faltaram “ferramentas necessárias para influenciar” os desenvolvimentos políticos e socioeconômicos na Armênia.
Khachatryan, 62, é um economista que foi prefeito da cidade de Yerevan entre 1992 e 1996 durante o governo do ex-presidente Levon Ter-Petrosian. Ele era um forte aliado político de Ter-Petrosian até concordar em se juntar ao governo do primeiro-ministro Nikol Pashinyan em agosto passado.
O parlamento, controlado pelo Contrato Civil, precisou de duas rodadas de votação para eleger Khachatryan para um mandato de sete anos. Sua candidatura foi apoiada por 71 membros da Assembleia Nacional de 107 assentos no segundo turno.
As alianças de oposição Hayastan e Pativ Unem decidiram no mês passado não apresentar seu próprio candidato presidencial, dizendo que não querem “legitimar” o processo. Em uma declaração conjunta, eles disseram que Khachatryan é uma figura partidária que não corresponde às disposições constitucionais que exigem que a presidência seja uma “instituição realmente neutra que consolida a sociedade”.
Todos os deputados parlamentares que representam os dois blocos boicotaram ambas as cédulas secretas. O líder parlamentar do Hayastan, Seyran Ohanian, insistiu na quarta-feira que o novo presidente será “um apêndice do poder executivo”.
Dirigindo-se à Assembleia Nacional antes das votações, Khachatryan deixou claro que ajudará o governo armênio a implementar suas políticas domésticas e externas. Ele expressou especificamente apoio à política conciliatória do governo em relação ao Azerbaijão e à Turquia.
“Precisamos viver em paz com nossos vizinhos”, disse ele.
Khachatryan afirmou ao mesmo tempo que se esforçará para representar não apenas a equipe política de Pashinyan e os apoiadores, mas também outros estratos da sociedade armênia. “Tenho certeza de que vocês não querem que eu seja apenas seu presidente”, disse ele a parlamentares pró-governo.
Pashinyan disse anteriormente que o novo presidente deve estar em sincronia com seu governo, que havia uma falta de “harmonia política” há um ano, quando o alto escalão do exército armênio exigiu sua renúncia pelos forma como lidou com a guerra de 2020 em Artsakh.
O primeiro-ministro foi rápido em parabenizar Khachatryan por se tornar presidente. Ele observou que Khachatryan está assumindo o cargo em um momento em que a Armênia está passando por um “período difícil de desafios regionais e internacionais”.
Tocando na questão dos poderes limitados do presidente, Vahagn Khachaturian enfatizou que os poderes não importam se houver vontade de trabalhar. Para ele, os poderes do presidente são suficientes para liderar.
Segundo o presidente, a tarefa prioritária da Armênia é garantir a segurança e aumentar a capacidade de defesa do país. Além disso, ele acredita que quando os sistemas de segurança começarem a funcionar, a economia armênia também se desenvolverá:
“Só alcançaremos o sucesso econômico se nossos sistemas de segurança funcionarem, quando sentirmos que nossas fronteiras estão protegidas, quando houver uma atmosfera na região em que não haja perigo de guerra”.