Turquia e Armênia nomearam enviados especiais para discutir medidas para normalizar as relações. Os dois países também reiniciarão os vôos entre Istambul e Yerevan.
O presidente turco Recep Tayyip Erdogan nomeou o ex-embaixador de Ancara nos Estados Unidos, Serdar Kilic, como enviado especial para negociar a normalização das relações, segundo o ministro das Relações Exteriores do país.
Negador notório do Genocídio Armênio, Kilic trabalhou ativamente para impedir o reconhecimento do genocídio pelo Congresso americano. Seus esforços falharam quando a Câmara e o Senado reconheceram de forma esmagadora o Genocídio Armênio, preparando o terreno para o reconhecimento do presidente Joe Biden este ano.
Kilic era embaixador quando os guarda-costas de Erdogan espancaram violentamente manifestantes em Washington durante a visita do presidente turco em encontro com o ex-presidente Donald Trump. Ele impediu a aplicação da lei no momento em que confrontou com raiva os policiais de Washington enquanto a confusão orquestrada por Erdogan acontecia.
Chamando-o de “um degenerado negador do genocídio armênio”, o Comitê Nacional Armênio da América postou uma foto de Kilic gritando com um policial durante o protesto de 2017 no Círculo Sheridan de Washington.
O vice-presidente da Assembleia Nacional da Armênia, Ruben Rubinyan, será o representante especial da República da Armênia para o processo de normalização de relações entre os países, segundo o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores Vahan Hunanyan.
Em 2009, Ancara e Yerevan chegaram a um acordo para estabelecer relações formais e abrir sua fronteira conjunta, mas a Turquia disse mais tarde que não poderia ratificar o acordo até que a Armênia se retirasse de Artsakh. O território fica geograficamente dentro do Azerbaijão, mas estava sob o controle de forças étnicas armênias apoiadas pela Armênia.
No ano passado, a Turquia apoiou fortemente o Azerbaijão no conflito de seis semanas com a Armênia sobre Artsakh, que terminou com um acordo de paz mediado pela Rússia que viu o Azerbaijão ganhar o controle de uma parte significativa do território.
A Turquia e a Armênia têm uma hostilidade de mais de um século pelas mortes de cerca de 1,5 milhão de armênios em massacres, deportações e marchas forçadas que começaram em 1915 na Turquia otomana e ficou conhecido como Genocídio Armênio.
A Turquia nega responsabilidade pela morte de armênios e até os dias de hoje promove uma propaganda negacionista em uma tentativa de distorcer os eventos históricos.