Dados não oficiais indicam 15 soldados armênios mortos e 12 feitos de reféns pelo Azerbaijão, que confirmou estar detendo armênios
As forças armadas do Azerbaijão lançaram um ataque massivo na fronteira oriental da Armênia na província de Syunik nesta terça-feira, dia 16 de novembro, em uma tentativa de invadir o território soberano da Armênia. Mais tarde no mesmo dia, o Ministério da Defesa da Armênia anunciou que um cessar-fogo entrou em vigor por meio da mediação da Rússia.
Segundo o Ministério da Defesa, o cessar-fogo entrou em vigor às 18h30. hora local, acrescentando que a situação se encontra relativamente estabilizada.
Enquanto relatórios não confirmados apontaram 15 vítimas fatais, o ministério da defesa na noite de terça-feira confirmou apenas uma morte.
“No momento existem dados verificados sobre uma vítima, o soldado Meruzhan Harutiunyan nascido em 1991. O número de soldados feridos também está sendo verificado. Um total de 12 militares armênios foram capturados como prisioneiros”, disse o Ministério.
Informes oficiais de Baku confirmaram que haviam desarmado e feito soldados armênios de prisioneiros, mas não especificou o número, de acordo com azatutyun.am.
“Como resultado dos combates que começaram quando as forças armadas do Azerbaijão atacaram posições armênias, há soldados armênios mortos e feridos, com informações sobre novas vítimas ainda sendo verificadas. Também está confirmada a perda de duas posições de combate”, afirmou o Ministério da Defesa em nota.
O Ministério também acrescentou que as contra-medidas dos militares armênios infligiram perdas pesadas de pessoal e material às forças do Azerbaijão: “O inimigo continua usando artilharia, veículos blindados e armas de fogo de diversos calibres. Como resultado das ações retaliatórias do lado armênio, o adversário sofreu grandes perdas de pessoal, cerca de uma dúzia de veículos blindados foram destruídos ”.
“Este ataque é uma continuação da política consistente do lado do Azerbaijão de ocupação dos territórios da República da Armênia, que começou em 12 de maio de 2021 com a infiltração das forças armadas do Azerbaijão nas regiões de Syunik e Gegharkunik”, disse o Ministério de Relações Exteriores em comunicado, acrescentando que de acordo com a Carta das Nações Unidas, a Armênia tem o direito de “repelir o uso da força contra sua integridade territorial e soberania por todos os meios.”
“Apelamos à comunidade internacional e aos nossos parceiros internacionais – Rússia, CSTO, países co-presidentes e co-presidentes do Grupo de Minsk da OSCE – para expressar uma resposta clara e direcionada a essas ações do lado do Azerbaijão, que minam a paz e a segurança regional, e tomar medidas eficazes destinadas a sua prevenção, bem como a retirada incondicional e completa das forças armadas do Azerbaijão do território da República da Armênia ”, disse o Ministério das Relações Exteriores.
O chefe da Segurança Nacional da Armênia, Armen Grigoryan, disse à Televisão Pública da Armênia que Yerevan apelou oficialmente à Rússia para proteger sua integridade territorial após esses novos ataques do Azerbaijão.
O recém-nomeado ministro da defesa da Armênia, Suren Papikyan, conversou por telefone com seu homólogo russo, Sergey Shoygu, na noite de terça. O escritório de Papikyan informou que Shoygu expressou disposição para fazer todos os esforços para acabar com as hostilidades, devolver prisioneiros de guerra e resolver a situação.
Papikyan supostamente enfatizou a Shoygu que a incursão do Azerbaijão no território soberano da Armênia é uma violação grosseira das disposições da declaração trilateral de 9 de novembro de 2020, que põe em risco todo o processo de negociação.
Grigoryan também contatou os embaixadores dos Estados Unidos e do Irã em Yerevan, expressando a posição da Armênia de que as forças do Azerbaijão se retirassem de suas posições antes de 12 de maio, quando Baku ordenou a violação das fronteiras soberanas da Armênia nas províncias de Syunik e Gegharkunik.
O embaixador da Armênia na Rússia, Vardan Toghanyan, disse à agência de notícias TASS que os chefes diplomáticos dos dois países estavam discutindo a situação tensa na fronteira.
Líderes da União Europeia e da OSCE exortaram a Armênia e o Azerbaijão a encerrar os confrontos na fronteira. Apelando à “redução urgente da escalada e cessar-fogo total”, Charles Michel, Presidente do Conselho Europeu, descreveu a situação na região como “um desafio”. “A UE está empenhada em trabalhar com parceiros para superar as tensões por um Sul do Cáucaso próspero e estável”, escreveu Michel no Twitter.
O presidente do Conselho Europeu também disse que teve discussões com os líderes do Azerbaijão e da Armênia “à luz dos acontecimentos de hoje”. Em uma conversa com Michel, o primeiro-ministro Nikol Pashinyan disse ao líder europeu que a comunidade internacional não deve permanecer indiferente às invasões do Azerbaijão no território soberano da Armênia.
A Ministra das Relações Exteriores da Suécia, Ann Linde, que é a atual Presidente em exercício da OSCE, expressou seu total apoio aos Co-Presidentes do Grupo de Minsk, que emitiram uma declaração sobre as tensões na fronteira Armênia-Azerbaijão e a situação em Artsakh (Nagorno-Karabakh) na segunda-feira.
“Compartilho a profunda preocupação dos Co-Presidentes do Grupo de Minsk em relação aos incidentes relatados na região, incluindo aqueles ao longo da fronteira Armênia-Azerbaijão. Expresso meu total apoio aos esforços deles e peço às partes que diminuam a escalada imediatamente e tomem medidas para resolver as questões pendentes ”, disse Linde em uma postagem no Twitter.
Na manhã desta terça-feira, durante uma conversa telefônica entre os presidentes da Rússia e do Irã, Vladimir Putin, e Ebrahim Raisi, os lados se mostraram firmes em manter a atual ordem geopolítica na região.
“Qualquer mudança na situação geopolítica e nas fronteiras dos países da região é inaceitável”, disseram as partes, segundo a assessoria de imprensa do presidente iraniano.