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25 anos da morte de Frunzik, um dos grandes nomes do cinema armênio e soviético

No mês de dezembro passado, completaram-se 25 anos da morte de Mher Mkrtchyan, mais conhecido pelo apelido de Frunzik. Ele é amplamente considerado como um dos maiores atores e também humoristas armênios do período soviético, como evidenciado pela sua vitória do prestigiado prêmio Artista do Povo em 1984, da extinta União Soviética.

Poucos dos armênios da diáspora conhecem o extenso e reconhecido currículo do artista Frunzik, talvez pela falta de legendas disponíveis para os filmes do ator, a maioria em idioma russo. Mas uma coisa é certa: Frunzik é um dos maiores nomes do universo cinematográfico armênio e merece ser conhecido pelas novas gerações, além de ser relembrado e reverenciado pelas mais velhas.

 


O apelido e infância e vida

Frunzik nasceu em 4 de julho de 1930 e desde tenra idade já era um autodidata. Começou a atuar bem cedo, ainda em Leninakan (atual Gyumri ), onde fazia shows informais para as pessoas que moravam no bairro. O pai dele o elogiava, mas pressionava o filho a seguir carreira como pintor. Mher era o mais velho de quatro filhos de Mushegh (pai) e Sanam (mãe), um casal de sobreviventes do Genocídio Armênio.

A alcunha de Frunzik foi dada a Mher supostamente em homenagem ao general soviético Mikhail Frunze e não encontramos mais detalhes acerca disso. Ao crescer, Mher se interessou pelas artes e freqüentou a escola de arte e música local.

Durante este período pós- Segunda Guerra Mundial da vida de Frunzik, a pobreza e a fome eram comuns. Como tal, seu pai foi acusado de roubar algodão da fábrica têxtil para vender no mercado negro, e foi preso e recebeu 10 anos de trabalho duro cortando árvores em Nizhny Tagil, Oblast de Sverdlovsk, na Rússia. Assim, Frunzik e seus irmãos cresceram com sua mãe, a quem é atribuído o senso de humor dele. Aos 17 anos, ele começou a estudar e participar do Grupo de Teatro Leninakan Askanaz Mravyan, sua primeira experiência formal atuando no teatro.

Em 1953, Frunzik deixou Gyumri para continuar sua educação em Yerevan, no Instituto Estadual de Teatro e Artes da capital da Armênia. Após essa experiência, ele tornou-se parte da trupe Sundukyan em 1956, depois de ter sido pinçado pelo diretor Vardan Ajemian. Nesse mesmo ano, Mkrtchyan teve sua primeira estréia no cinema com um papel no filme ‘Em busca de um destinatário’. Foi também durante este período, com 28 anos de idade, que ele conheceu e se apaixonou por sua futura esposa, Donara Pilosyan , também atriz.

Depois do matrimônio, ele recebeu papéis em filmes armênios e russos que se tornariam icônicos, como ‘Why is the River Noisy’, em 1959, e ‘Kidnapping, Caucasian Style’ em 1966. Esses filmes renderam-lhe a reputação de ator cômico, embora ele fosse conhecido como um ator mais sério de anos atuando no teatro.

O próprio Frunzik dizia: “Eu não tive infância, não vi jardim da infância e nem playground. Eu só conheci o teatro”.

Carreira cinematográfica

A partir do final dos anos 1960, Frunzik Mkrtchyan estrelou filmes que mais tarde se tornariam clássicos do cinema armênio e soviético, como եռանկյունի  (” Triangle” – 1967), Մենք ենք մեր սարերը (“We are our mountains” – 1969), Mimino ( “Falcão” – 1977), Հայրիկ (“Pai” – 1973), Nahapet (“Patriarca” – 1977), կտոր մի երկնք  (“Um Pedaço de Céu” – 1980), Հին օրերի երգը (“A canção dos velhos tempos” – 1982), Մեր մանկության տանգոն (“O Tango da Nossa Infância” – 1985).

Existem paralelos notáveis ​​entre a vida de Frunzik e os papéis que ele desempenhou nos filmes, principalmente com O Tango da Nossa Infância. O filme, escrito e dirigido por seu irmão Albert, acontece em Leninakan, sua cidade natal. Além disso, o enredo do filme envolve um conflito entre pai e filho sobre o que logo escolheu ser um ator, que se assemelha ao próprio conflito pessoal de Mkrtchyan com sua família.  No final do filme, o pai é preso e enviado para o campo de trabalho, semelhante ao destino do próprio pai de Mkrktchyan.

A Canção dos velhos Tempos:

Vida pessoal

A primeira esposa de Mkrtchyan foi Donara Pilosyan e juntos eles tiveram uma filha, Nune, e um filho, Vahagn. O casal participou em vários filmes juntos, como em ‘Kidnapping, Caucasian Style’ e Khatabala. O casamento foi inicialmente feliz, mas Donara recebeu o diagnóstico de que sofria de “esquizofrenia” e, eventualmente, enviada para uma instituição mental para tratamento. Frunzik ficou sem a esposa e com dois filhos para criar. Nesta época ele ficou deprimido pela doença da esposa e pela hereditariedade descoberta em seu filho Vahagn. Ambos Donara e Vahagn acabaram indo para a França para tratamento. Mkrtchyan se casou novamente em 1988 com Tamar Hovannisyan. Neste ponto da vida, ele já abusava do vício no álcool, o que muitos atribuem as dificuldades de sua vida pessoal.

Morte

É dito por membros da família que durante seus últimos dias, Frunzik Mkrtchyan vivia deprimido pelas dores de sua vida, além da morte de um amigo e ator próximo, Azat Sherentsi. Sua filha Nune afirmou que seu pai previu que ele morreria em breve, e chegou a ter uma conversa com ela sobre como sua morte deveria ser aceita. Em 29 de dezembro de 1993, aos 63 anos, Frunzik Mkrtchyan faleceu em Yerevan. Milhares de pessoas compareceram ao funeral e enterro do ator no Komitas Pantheon, localizado no centro de Yerevan.

 

Prêmios

Mher Mkrtchyan recebeu vários prêmios durante sua vida por suas principais contribuições para o cinema. Ele foi premiado como o Artista do Povo da Armênia Soviética em 1971 e Prêmio de Estado Armênio em 1978. Frunzik também foi eleito Artista do Povo da URSS em 1984, uma honra concedida a apenas 12 artistas em toda a União Soviética naquele ano.

Fruznik foi retratado em um desenho animado intitulado Vochinch, produzido por Ashot Ghazaryan após a morte do artista (veja abaixo) Vochinch é baseado na obra do grande poeta e escritor Avedik Isahakian chamado “Ayt Vochinchã ies em” (Այդ ոչինչը ես եմ).

Em 2005, o Governo da Armênia imprimiu selos postais em homenagem a Frunzik. Diversos monumentos na Armênia também homenageam o artista, bem como um museu especial em Gyumri.

 

Veja algumas imagens, abaixo:

Sobre o autor

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Jornalista de formação, é editor-chefe do site Estação Armênia.
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