28 PASSOS PARA A VITÓRIA E PARA RELEMBRAR O 28 DE MAIO DE 1918
Entenda, em 28 passos, como foi a proclamação da República da Armênia, que aconteceu em 28 de maio de 1918.
- Uma nação milenar, que teve diversos reinos e fronteiras, depois de séculos de dominação estrangeira (persas, bizantinos e otomanos) foi a primeira vez que os armênios reconstruíram um estado nacional.
- Esse estado nacional nasceu depois de um genocídio (1915) que ceifou a vida de um milhão e quinhentos mil armênios.
- 3 – O país nasceu com um enorme contingente de órfãos e sobreviventes do Genocídio Armênio.
- 4 – Nos primeiros meses de 1918 os armênios foram traídos por conchavos internacionais que resultaram no Tratado de Brest-Litovsk, que permitiu o avanço de tropas turcas para as regiões historicamente armênias de Kars, Ardahan, Erzurum e Batum.
- 5 – Nas primeiras semanas de maio de 1918, as tropas turcas continuaram avançando, comandadas pelo General Kazim Karabekir, que preparava a estratégia para tomar Etchmiadzin (centro espiritual) e na sequência Yerevan (capital).
- 6 – A resistência armênia não conseguiu deter o avanço das tropas turcas. Um destacamento de 600 armênios foi derrotado no dia 19 de maio, na batalha de Karzakh, abrindo caminho para as tropas turcas tomarem a estação de trem de Aragts e entrarem pela planície de Sardarabad.
- 7 – No dia 21 de maio as tropas turcas já tinham posições avançadas em Yeghegnut, hoje vila armênia, bem na fronteira com a Turquia.
- 8 – Os combates eram desproporcionais e em quatro dias os turcos tiraram a vida de muitos soldados armênios. A derrota era iminente.
- 9 – No dia 22 de maio o General Movses Silikyan convocou o 5o Regimento do Exército Armênio, recém formado, para uma ofensiva (começava a se construir a vitória).
- 10 – Em poucas horas de combate um grande destacamento turco recuou 20 quilometros e as lutas começaram pela posse das margens do Rio Araks.
- 11 – Na manhã do dia 23 de maio um gigantesco reforço de tropas turcas chega a região.
- 12 – Temendo o pior, as lideranças armênias resolvem recorrer a um esforço colossal e envolver toda a população no conflito.
- 13 – O Catholicos Gevorg V ordenou que os sinos das igrejas de toda a Armênia tocassem para convocar toda a população.
- 14 – Homens, mulheres, idosos, crianças, religiosos, camponeses, enfim, todos foram convocados para ajudar.
- 15 – As batalhas ficavam cada vez mais sangrentas e no dia 24 de maio, depois de mais derrotas armênias, Silikyan, Pirumyan, Pashayan, Dro, Nazarbekian e demais comandantes da linha de frente, decidem lançar uma ofensiva fulminante.
- 16 – Na madrugada do dia 25 de maio, os turcos atacam violentamente Bash Abaran e são rechaçados.
- 17 – Na manhã do dia 25 de maio, um destacamento armênio de aproximadamente mil soldados retoma posições em Karakilisse (Armavir) expulsando mais de 4 mil soldados turcos.
- 18 – A ofensiva em Sardarabad na madrugada de 26 de maio foi impressionante. As tropas turcas tiveram pesadas perdas e, em telegrama para Istambul, o General Kazim Karabekir recomenda abertura de negociações com os armênios, já que mais de 4 mil soldados turcos tinham sido mortos em menos de 3 dias.
- 19 – A notícia dos avanços em Sardarabad encoraja os dirigentes políticos armênios que tinham representação em Tiflis, na Geórgia, a se declarar autoridade competente na região.
- 20 – A notícia da vitória sensibilizou representações diplomáticas estrangeiras em Tiflis, especialmente dos EUA e da França, a intermediar acordos para o cessar-fogo e reconhecer a autoridade armênia.
- 21 – A Géorgia declara independência dia 26 de maio. Em 27 de maio surge o Azerbaijão, criado para agregar os turcos no Cáucaso.
- 22 – Na manhã do dia 27 de maio, o Conselho Nacional Armênio em Tiflis, uma das forças políticas do país que estava nascendo, despacha Hovhannes Kachaznuni e Alexander Khatisyan em um trem fortemente protegido por voluntários armênios para Yerevan, a fim de dar posse oficial ao governo que estava sendo organizado por Aram Manukian.
- 23 – No dia 28 de maio de 1918 é declarada a República da Armênia.
- 24 – Passado um determinado período, no dia 4 de junho, a República ganha garantias com a assinatura do Tratado de Batumi que deu status legal ao governo da Armênia.
- 25 – O país nasceu repleto de problemas e mesmo assim em sua pouca duração foram possíveis avanços na área de educação, transportes e energia.
- 26 – Foi o 28 de maio de 1918 que garantiu que a Armênia fosse uma das repúblicas soviéticas e não uma simples província.
- 27 – Foram os símbolos de 28 de maio de 1918 , o Mer Hayrenik (hino nacional) e a bandeira tricolor que voltaram com a independência de 1991 quando do fim da URSS.
- 28 – O “Mayis 28” (28 de Maio) veio do seio do povo armênio, da gente que lutou pela Armênia. Ele é a expressão mais límpida da liberdade. Página heroica que não pode ser esquecida jamais. Contem para seus filhos que um país destruído por um genocídio venceu um dos maiores Impérios do mundo e retomou a liberdade tão desejada. E não esqueça de dizer a eles que isso foi feito por nós, armênios.
Leia mais sobre a República Armênia de 1918, abaixo:
A primeira República Armênia foi declarada em 28 de Maio de 1918.
A Primeira Guerra Mundial e suas conseqüências foram um período de grande turbulência para várias áreas do mundo, enquanto os domínios dos Habsburgos, os Romanov, e os Otomanos passavam por mudanças fundamentais. O Genocídio Armênio viu deslocamentos forçados demograficamente e politicamente na Anatólia e na Ásia Menor, e todo a região até o sul do Cáucaso, que a Revolução Russa deixou de lado.
Embora os povos da região estivessem reunidos em uma federação, esta formação não durou muito, já que declararam independência a Geórgia e o Azerbaijão, em meio a um avanço do exército otomano e retirada russa. Os armênios foram pegos no meio e, se não fosse pelo que hoje são lembradas como as vitórias milagrosas contra forças turcas nas batalhas de Sardarapat, Bash Aparan e Gharakilisa em maio de 1918, a República da Armênia nunca teria sido declarada.
Porém, não foi declarada uma república independente, livre – pelo menos não no início. O Conselho Nacional Armênio em Tiflis (Tbilisi, capital da Geórgia hoje, era a maior cidade da região, na época) passou à frente e declarou sua intenção de assumir funções administrativas nas regiões armênias, oficialmente proclamada em 28 de Maio de 1918. Isso era mais fácil de se dizer do que fazer, já que o país estava enfrentando um afluxo de refugiados do Império Otomano, doenças de grandes proporções epidêmicas, assim como a nova guerra com os seus vizinhos ao longo dos meses seguintes.
A República da Armênia de 1918 mal durou dois anos. Foi, entretanto, uma entidade política histórica – a primeira expressão da soberania Armênia desde 1375. Seus esforços levaram ao estabelecimento de uma República Armênia Soviética, que, por sua vez, permitiu uma Armênia independente sobre o colapso da URSS setenta anos mais tarde. Embora existam muitas críticas sobre as políticas de Yerevan em 1918, certas coisas também foram resgatadas e colocadas em seu lugar, apesar das circunstâncias pesadas e duras da época.
A República da Armênia hoje carrega o legado de seu antecessor em termos de símbolos nacionais. O brasão de armas moderno é uma modificação do de 1918, e embora a bandeira tricolor tenha sido adotada com alguma incerteza e controvérsia na época, continua a ser o símbolo aceito da nação armênia hoje, seja na República ou na Diáspora.
Já o hino nacional, o “Mer Hayrenik” (“Nossa Pátria”), tem uma linhagem mais antiga, tendo sido pela primeira vez um escrito em poema em 1859 por Mikael Nalbandian, intitulado A Música da Garota Italiana, que começa invocando “A nossa Pátria…”. Esta obra era, na verdade, uma versão armênia de um poema italiano escrito alguns anos antes, referindo-se a guerras do país pela independência contra os Habsburgos de Viena. Mais tarde, foi musicado e provou ser muito popular por muitas décadas, representando muito bem o espírito das lutas armênias da época. E foi assim que “Mer Hayrenik”, como passou a ser chamado , foi adotado como hino nacional em 1918, tendo o mesmo papel na independência de 1991, embora com algumas modificações na letra.
Muito bom . Sou neta de armênios que pereceram neste genocidio e luto p que não seja esquecido