A Primeira Guerra Mundial e suas conseqüências foram um período de grande turbulência para várias áreas do mundo, enquanto os domínios dos Habsburgos, os Romanov, e os Otomanos passavam por mudanças fundamentais. O Genocídio Armênio viu deslocamentos forçados demograficamente e politicamente na Anatólia e na Ásia Menor, e todo a região até o sul do Cáucaso, que a Revolução Russa deixou de lado.
Embora os povos da região estivessem reunidos em uma federação, esta formação não durou muito, já que declararam independência a Geórgia e o Azerbaijão, em meio a um avanço do exército otomano e retirada russa. Os armênios foram pegos no meio e, se não fosse pelo que hoje são lembradas como as vitórias milagrosas contra forças turcas nas batalhas de Sardarapat, Bash Aparan e Gharakilisa em maio de 1918, a República da Armênia nunca teria sido declarada.
Porém, não foi declarada uma república independente, livre – pelo menos não no início. O Conselho Nacional Armênio em Tiflis (Tbilisi, capital da Geórgia hoje, era a maior cidade da região, na época) passou à frente e declarou sua intenção de assumir funções administrativas nas regiões armênias, oficialmente proclamada em 28 de Maio de 1918. Isso era mais fácil de se dizer do que fazer, já que o país estava enfrentando um afluxo de refugiados do Império Otomano, doenças de grandes proporções epidêmicas, assim como a nova guerra com os seus vizinhos ao longo dos meses seguintes.
A República da Armênia de 1918 mal durou dois anos. Foi, entretanto, uma entidade política histórica – a primeira expressão da soberania Armênia desde 1375. Seus esforços levaram ao estabelecimento de uma República Armênia Soviética, que, por sua vez, permitiu uma Armênia independente sobre o colapso da URSS setenta anos mais tarde. Embora existam muitas críticas sobre as políticas de Yerevan em 1918, certas coisas também foram resgatadas e colocadas em seu lugar, apesar das circunstâncias pesadas e duras da época.
A República da Armênia hoje carrega o legado de seu antecessor em termos de símbolos nacionais. O brasão de armas moderno é uma modificação do de 1918, e embora a bandeira tricolor tenha sido adotada com alguma incerteza e controvérsia na época, continua a ser o símbolo aceito da nação armênia hoje, seja na República ou na Diáspora.
Já o hino nacional, o “Mer Hayrenik” (“Nossa Pátria”), tem uma linhagem mais antiga, tendo sido pela primeira vez um escrito em poema em 1859 por Mikael Nalbandian, intitulado A Música da Garota Italiana, que começa invocando “A nossa Pátria…”. Esta obra era, na verdade, uma versão armênia de um poema italiano escrito alguns anos antes, referindo-se a guerras do país pela independência contra os Habsburgos de Viena. Mais tarde, foi musicado e provou ser muito popular por muitas décadas, representando muito bem o espírito das lutas armênias da época. E foi assim que “Mer Hayrenik”, como passou a ser chamado , foi adotado como hino nacional em 1918, tendo o mesmo papel na independência de 1991, embora com algumas modificações na letra.
Via 100 Anos 100 Fatos.