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Um toque para os organizadores da visita de Sua Santidade Karekin II

As lideranças da Comunidade da Igreja Apostólica Armênia do Brasil continuam seus esforços louváveis para a visita de Sua Santidade Karekin II Patriarca e Catholicós de Todos os Armênios. Mesmo assim continuo achando que em certos quesitos usam métodos e ideias ultrapassadas para organizar esse importante evento.

A mais flagrante prova disso é a forma elitista e excludente como foi organizada parte da visita de Sua Santidade Karekin II Patriarca e Catholicós de Todos os Armênios que se inicia nessa semana.

A comissão organizadora não deixou claro o motivo para o almoço suntuoso em um dos endereços mais requintados de São Paulo. Esse almoço vai servir para que? Arrecadar fundos para a Santa Madre Igreja de Etchmiadzin? Se foi esse o intuito, o mínimo que se espera é que isso fosse noticiado a fim de atrair mais e mais doações. Se não, foi elitista e excludente sim!

Pergunta-se da mesma forma o motivo pelo qual as reuniões com os dirigentes de São Paulo e Osasco serem realizadas em outro endereço luxuosíssimo da capital paulista?

A comissão deixa a impressão de que organiza esse tipo de evento elitista para propositadamente excluir centenas de famílias armênias que com certeza não tem recursos para participar de um almoço tão mal engendrado. Quero continuar acreditando que não se trata disso mas o preço do almoço é simplesmente exorbitante para uma família de 4 pessoas.

Além disso, a mesma comissão precisa se preocupar um pouco mais com a forma com que dirige seus comunicados. Alguns deles tem requintes de falta de educação e grosseria. Um exemplo é o infeliz e deselegante e-mail que oferece adesões mais baratas a jovens e outras pessoas que se adquirirem o convite vão ficar isolados em uma espécie de anexo em separado de Vossa Santidade.

A situação se complica mais ainda quando a dita comissão emitiu um outro comunicado extremamente inoportuno dizendo que eles, os membros da comissão, fizeram um esforço para que Sua Santidade tivesse um encontro com a juventude armênia de São Paulo. A leitura do e-mail sugere que é um favor da comissão deixar que simples seres humanos e jovens se aproximem do líder espiritual dos armênios apostólicos.

Francamente essas práticas passaram da data de validade mas continuam tendo tráfego entre uma parcela extremamente pequena da comunidade armênia do Brasil. Esse tipo de centralismo nas decisões, formas arcaicas de tratamento das questões comunitárias e a violenta imposição do poder econômico nesses temas já não deveriam existir há muito tempo.

O mais irônico de todos esses aspectos é que essas mesmas lideranças se preocupam com a pouca presença de fiéis e compatriotas em muitas atividades e não dão conta de que são atitudes excludentes como essas que vem afastando grande parte da nossa comunidade do seio das suas instituições mais tradicionais.

Uma visita desse porte merecia ser mais popular, afinal a Igreja Apostólica Armênia e o povo armênio sempre tiveram uma relação muito próxima e juntos garantiram a fé cristã em Vartanantz .

Com todo o respeito e sinceras congratulações aos esforços da comissão, afinal sei que essa tarefa não é fácil, aproveito o espaço para deixar um recado: faltou sensibilidade, senso de realidade e principalmente respeito com os descendentes de armênios, praticantes da fé apostólica.

Encerro esse artigo com uma reflexão. Quando a humildade passa longe o autoconhecimento fica muito distante. Alguns percebem essa soberba somente no final de suas vidas quando pouco podem fazer para reconstruírem o que destruíram, nos outros e, principalmente, em si mesmas. O valor do ser humano independe da posição social, somos todos seres humanos, independente do que temos mas com certeza por aquilo que somos e nesse caso somos todos armênios.

*James Onnig Tamdjian é colunista do Estação Armênia e suas opiniões não refletem necessariamente às desta publicação.

Sobre o autor

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Professor de Geografia e Geopolítica. Fleumático, colérico, sanguíneo e melancólico.
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