Não é novidade nenhuma que a comunidade armênia de São Paulo vive uma crise que não é diferente das crises vividas por outras comunidades de raízes estrangeiras.
Formada por instituições que sobreviveram décadas guardando os valores culturais armênios, a comunidade armênia paulistana está sofrendo todos os reveses possíveis nos últimos anos.
A situação começou a se deteriorar na década de 1980, quando o Brasil passou pela década perdida e as dificuldades econômicas atingiram indistintamente todas as camadas sociais e também as instituições. Os jovens da comunidade tiveram que buscar alternativas de trabalho que muitas vezes não lhes permitiam se dedicar as atividades relacionadas com a “vida armênia” de São Paulo. Ou seja, praticamente uma geração inteira que nasceu a partir de meados da década de 1980 não recebeu ou teve nenhuma formação relacionada aos temas armênios com algumas pouquíssimas e raríssimas exceções.
Somado a isso a crise urbana com trânsito, transporte e segurança em situação caótica também prejudicaram a vida comunitária. Temos até hoje uma geografia comunitária pouco eficiente. As instituições, especialmente as religiosas e a escola, estão localizadas em bairros centrais deteriorados e as instituições esportivas e sociais localizadas distantes dos bairros que tradicionalmente concentravam a comunidade. Certamente são detalhes mas podem ajudar a entender mais um pouco o distanciamento dos descendentes de armênios.
Além disso essas mesmas importantes instituições estão sofrendo em função das mudanças no padrão urbanístico da megalópole paulistana. Os novos empreendimentos imobiliários, tem oferecido para a classe média e média alta, residências com lazer que concorrem com os clubes.
Tudo isso é compreensível mesmo sendo triste. O que não é aceitável é como as lideranças tradicionais da comunidade encaram essa situação. Salvo raríssimas exceções, elas se comportam como administradores de uma massa falida. Alugam sedes, administram e negociam patrimônios imobiliários e se esforçam para fechar as folhas de pagamentos daquilo que restou de vida comunitária. De forma alguma coloco em dúvida a boa vontade ou a lisura dessas lideranças. Trata-se de uma simples constatação, isso é fato.
Mas desde a segunda independência da Armênia em 1991, algumas mudanças vem ocorrendo. O processo de globalização e a popularização da internet permitiram que uma considerável massa, formada especialmente por jovens, tenha acesso a informação. Eles estão conseguindo entender a sua identidade armênia que havia sido pouco explorada pelos fatores que elucidei anteriormente. Particularmente penso que isso também é uma reação a massificação através da afirmação de suas individualidades. Uma dessas individualidades é a origem armênia.
Descobrir-se armênio vem soando quase como confissão ou apelo de quem busca identidade no momento em que uma força centrifuga quer que todos no planeta sejamos iguais e reafirmemos um discurso único, o da globalização capitalista vista pelo seu lado mais perverso.
Ai está o vácuo. Uma parte da comunidade está preocupada com as instituições tradicionais de forma justa, mas essa preocupação as tem paralisado e dificultado sua ação nos novos tempos.
As entidades e instituições tradicionais tão importantes para a vida da diáspora já convivem com outros movimentos políticos, culturais, religiosos e novas formas organizacionais que também são importantes.
Para além desse enredo que para muitos pode parecer melancólico, parece estar em curso uma nova arquitetura sociológica nada desprezível. As instituições tradicionais já não são representativas de todas as expressões armênias da diáspora.
Estamos vivendo uma crise de representatividade. Uma crise de legitimidade em muitos temas. Parte dessa crise pode ser explicada pelas práticas antiquadas na condução dos temas mais importantes. É mais do que óbvio que não se obtém resultados diferentes fazendo sempre a mesma coisa. O amálgama entre as instituições tradicionais e as novas formas de expressão da armenidade somente pode ser feito se as instituições tradicionais manterem sua alma que é legitima mas mudarem seu corpo iniciando pela cabeça.
Este é o primeiro texto de James Onnig Tamdjian como colunista do Estação Armênia. As opiniões do colunista não refletem necessariamente
divulguem mais o que a armênia é para todos,todos que tem um nome que importa muito,assim serenos uma só nação em prol de propósito a nossos interesses comunitários.tem muitos armênios que poderiam ajudar com patrocinio na mídia,na escola,nos esportes e abatidos no IRRF ficaria zero e voltaria em incentivos promocionais para eles mesmos.vamos façam sua parte não se escondem atráz do nada ajude sua comunidade a ser respeitada e VIVA A ARMÊNIA<VIVA NÒS E SAÚDE.
minha voz ficará no silêncio enquanto milhões gritam por um ai,ai de nós se morrer a nossa cultura,findará o nosso silêncio.escutem a voz a que clama no deserto em busca de copo de água.UM PAÍS SEM LÍNGUA,SEM CULTURA,SEM TRADIÇÃO,DO QUE VALE TUDO ISSO SE NÃO HÁ REGISTRO,VAMOS FILHOS DO “IAN” LUTEM COMO LUTARAM NOSSOS PAIS,VIVA.
ja fiz só aqui dois comentários sobre a comunidade,farei o último sabe porque,por que eu não sou sócio,nem jornalista,nem escritor,nem comentarista,nem escriturário,nem copeiro,nem faxineiro,nem ascensorista,nem zelador,nem porteiro,nem deveria estar escrevendo isso porque faz de conta que nada está escrito,obrigado pela oportunidade de poder ser correspondido e atendido! E VIVA O BRASIL
Caro Beto,
Entendemos os seus comentários.
No entanto já tentamos muita coisa na comunidade, e este canal, o Portal Estação Armênia, é um projeto independente de pessoas que se cansaram de esperar algo da comunidade. portanto nós sabemos todos esses problemas da comunidade e estamos tentando mudar este cenário.
Agradecemos seus comentário,e em verdade, sempre deixamos que os leitores comentem, mas infelizmente ninguém se habilitou a responder, porém o seu comentário é importantíssimo e sempre bem vindo.
Atenciosamente.
Armênia Viva
É James, este é um fenômeno muito bem alimentado pelas infinitas opções de lazer que a sociedade atual nos oferece. Tenho a impressão de que não é o fim. Com a internet, smartphones as pessoas se distanciaram e se individualizaram. Foi-se o tempo em que as pessoas tinham prazer em se reunir em comunidades. Como o ser humano é um ser social chegará um momento em que sentirá falta deste calor humano, de compartilhar da presença daqueles que pensam igualmente. Por enquanto existe certa escravidão perante o imediatismo oferecido pela internet. O que isto tem a ver com o “vácuo”? Tem a ver que talvez não seja um sintoma exclusivo dos armênios, mas consequência de uma geração que se perde mediante tamanhas opções. Além disso, filhos de pais que lhes deram de tudo, não sentem necessidade de lutar por qualquer ideal. Há também o fator das dificuldades da vida. Salvo alguns magnatas que vivem de renda e têm tempo para filosofar, grande parte da comunidade trabalha e aos finais de semana procura descansar, viajar, etc, já que diferentemente de décadas atrás, hoje grande parte possui condições de pagar por isso. Certos ou errados, o fato é que ainda somos armênios e herdaremos aquilo que nos for passado. Talvez a geração seguinte não tenha o mesmo ardor que nossos avós e pais tiveram, entretanto ainda assim serão armênios, mesmo que não compreendam o valor disso. Tudo está diferente. É a evolução. Para onde vai ninguém sabe. Seus caminhos tortuosos mesmo que incompreendidos levem a uma situação mais esclarecedora. Aqui no Brasil temos uma amostra de imigrantes de todas as partes do planeta. Tenho a impressão de que haja um motivo para esta diversidade. Talvez a formação de um povo mais evoluído moralmente, talvez o começo de uma nova civilização, quem saberia dizer ao certo. 🙂