Poucas horas após o estabelecimento de um cessar-fogo humanitário assinado pelos ministros das relações exteriores de Armênia e Azerbaijão em Moscou, o Azerbaijão voltou a atacar a República de Artsakh.
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O acordo aconteceu após quase duas semanas de ataques do Azerbaijão à República de Artsakh (Nagorno-Karabakh), em uma tentativa liderada pelo presidente azeri Ilham Aliyev de tomar as terras da região autônoma. Aliyev está há 17 anos no poder e foi precedido por seu pai, Heydar Aliyev, que governou o país por 10 anos, estabelecendo um regime ditatorial em Baku.
Enquanto líderes de todo o mundo saudavam o acordo de cessar-fogo humanitário alcançado na manhã do último sábado, Baku e Ancara continuaram a liderar ataques que seguem fazendo vítimas civis.
Os primeiros ataques no sábado foram em direção à Hadrut, onde o exercito azeri fez um movimento mal sucedido para tentar tomar a cidade. Ainda na manhã deste domingo, o Azerbaijão atacou mais uma vez a capital Stepanakert e as cidades de Shushi, Artsvanik e outras.
O presidente de Artsakh Arayik Harutyunyan disse, em pronunciamento neste domingo, 11 de outubro, que pedirá à Armênia e a todos os países do mundo que reconheçam a República de Artsakh, caso o Azerbaijão continue não cumprindo os compromissos do cessar-fogo humanitário firmado.
Harutyunyan disse que não pode aceitar as condições de um país cujo objetivo é erradicar o povo, a cultura milenar e a história dos armênios de Karabakh.
“Teremos uma lista de todos os países que respeitam os direitos humanos, o direito internacional, o direito das nações à autodeterminação e outra com os países que apoiam o terrorismo internacional”, disse Harutyunyan.
O bombardeio de Stepanakert e de outros assentamentos durante a noite mostrou que o cessar-fogo humanitário não está funcionando, embora ele tenha dito que a situação está relativamente calma pela manhã.
Harutyunyan disse que se o acordo de cessar-fogo não for honrado nos próximos dias, isso significará que o Azerbaijão aceitará um cessar-fogo apenas quando forçado por pesadas perdas à longo prazo. “Eles querem uma guerra longa, escolheram esse caminho, não rejeitaremos uma guerra que nos foi imposta”, acrescentou.
Já o ministro das Relações Exteriores da Turquia disse em um comunicado logo após o anúncio do acordo de cessar-fogo que “No conflito armado que começou em 27 de setembro, o Azerbaijão mostrou a Yerevan e ao mundo inteiro que pode libertar os territórios ocupados.”
“O Azerbaijão deu uma última chance para a Armênia se retirar de suas terras ocupadas”, acrescentou.
O ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlut Cavusoglu, disse ao seu homólogo azerbaijano, Jeyhun Bayramov, durante uma conversa por telefone que, embora o acordo de cessar-fogo tenha sido um passo importante, não era uma forma de resolver o conflito de Karabakh, segundo divulgado pela imprensa azerbaijana no sábado.
Cavusoglu enfatizou que a Turquia apoiaria apenas uma solução que fosse aceitável para o Azerbaijão.
O presidente do Irã, Hasan Rouhani, elogiou sua Rússia por intermediar o cessar-fogo em um telefonema com o presidente do país, Vladimir Putin. O Kremlin anunciou que Putin forneceu um relato detalhado dos esforços de mediação russos a Rouhani, que enfatizou a importância de implementar e manter o acordo. Rouhani também expressou preocupação com o que seu gabinete chamou de “a possível intervenção de alguns países terceiros neste conflito”, dizendo que isso iria expandir e prolongar a crise, o que não é do interesse da região.
Enfatizando a necessidade de proteger as fronteiras do Irã e as vidas de iranianos que vivem nas áreas de fronteira, Rouhani disse: “a paz na região é de grande importância para nós”. Ele também expressou preocupação com os relatos de militantes sírios apoiados pela Turquia engajados no lado do Azerbaijão, dizendo que a presença de terroristas poderia representar perigos para o Irã e para a Rússia, bem como para toda a região.
França, Alemanha, Áustria, Grécia e Geórgia estão entre os países cujos líderes saudaram o acordo de cessar-fogo, apelando à necessidade de respeitar as disposições do frágil acordo.