Após a onda de protestos na Armênia que culminaram com a nomeação do líder de oposição Nikol Pashinyan como primeiro-ministro do país, o político visitou nesta quarta-feira (09) a república autoproclamada de Artsakh (Nagorno-Karabakh) para se reunir com as autoridades armênias da região e reiterar o apoio de Yerevan (capital da Armênia).
A visita aconteceu um dia após Pashinyan ser empossado como premie armênio e coincidiu com a data em que os armênios de Artsakh comemoram a libertação de Shushi, cidade estratégica para a defesa dos armênios em Artsakh, ocorrida em 8 e 9 de maio de 1992 (saiba mais aqui).
“Continuaremos o processo da resolução (do conflito com o Azerbaijão) com base no direito de Artsakh (nome armênio de Nagorno-Karabakh) à autodeterminação“, disse P
Nikol ressaltou que Yerevan não pode falar em nome de Artsakh. “O processo de resolução seria incompleto sem a participação de Artsakh” nas consultas, garantiu Pashinyan, citado por veículos de imprensa armênios.
Pashinyan reiterou sua disposição para empreender negociações com o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, mas somente “em nome da Armênia”, porque, por Artsakh, quem deve falar “é seu presidente”, Bako Sahakian.
Pashinyan, de 42 anos, reconheceu que a solução da disputa requer compromissos, mas que “só poderá falar sobre isso quando Baku reconhecer o direito do povo de Artsakh à autodeterminação”, insistiu.
Assim como seus antecessores, Pashinyan evitou opinar sobre a possibilidade do reconhecimento de Nagorno-Karabakh por parte da Armênia ao assinalar que, assim que o território obtiver o reconhecimento internacional, “os povos armênio e de Artsakh que decidirão seu futuro”.
O conflito de Nagorno-Karabakh remonta aos tempos da União Soviética, quando esse território povoado majoritariamente por armênios e dado por Stalin ao Azerbaijão em 1921, pediu sua incorporação à Armênia, o que desencadeou uma guerra que deixou 25 mil mortos e com vitória do povo armênio à despeito de todo o poderio bélico, comprado com os petrodólares do Azerbaijão.
Ao término dos combates em 1994, as forças armênias assumiram o controle de Artsakh e outros territórios que garantem uma espécie de “faixa de segurança” e que permitiram unir a região territorialmente à Armênia.
O Azerbaijão exige que a Armênia abandone os territórios ocupados, que somam cerca de 20% da superfície total do país.
Em abril de 2016, o Azerbaijão desrespeitou mais uma vez o cessar-fogo imposto em 1994 e empreendeu uma ofensiva de larga escala contra a população armênia civil da região, no que ficou conhecido como a “Guerra dos 4 dias de Abril“.
Na ocasião os armênios revidaram e conseguiram neutralizar os azeris. Surrealmente, os políticos brasileiros Cesar Maia e Rodrigo Maia (hoje presidente da Câmara) apoiaram o azerbaijão nas redes sociais (relembre aqui).