A Orquestra Gulbenkian, portuguesa – formada por 66 músicos – sobe ao palco do Auditório Ibirapuera, sob regência do californiano Lawrence Foster, seu maestro emérito, para um concerto que conta ainda com a participação do violoncelista brasileiro Antonio Meneses, expoente mundial desse instrumento.
No espetáculo, realizado para a plateia externa da casa, o prestigiado grupo executa os dois últimos movimentos do “Concerto para Violoncelo em Ré Menor” (Andantino con Moto – Allegro Presto e Andante – Allegro Vivace), de Édouard Lalo (1823-1892) – com a participação do violoncelista nos solos –, e “Sinfonia No 3”, de Mendelssohn (1809-1947).
A apresentação faz parte da programação de encerramento da Temporada 2016 da Cultura Artística, que também agendou concertos, workshops e audições em outros locais da cidade.
Criada em 1971 pela Fundação Calouste Gulbenkian, de Lisboa, a orquestra desempenha um papel relevante na cena musical europeia.
Além das principais obras do período clássico e romântico, o conjunto apresenta regularmente peças de autores contemporâneos. O concerto conta com regência de Lawrence Foster e Antonio Meneses no violoncelo.
- Dia:
domingo 6 de novembro de 2016 - Horários:
às 11h - Duração:
60 minutos (aproximadamente) - Ingressos:
Gratuito. Plateia externa - Classificação Indicativa:
livre para todos os públicos
Sobre Calouste Gulbenkian
Calouste Gulbenkian era chamado de “Sr. Cinco por Cento”
Calouste Gulbenkian foi uma das figuras mais influentes no desenvolvimento da indústria do petróleo no começo do século XX. Nascido em uma rica e proeminente família armênia em 1869, Gulbenkian recebeu educação básica em Constantinopla (Istambul) e depois foi para Marselha e Londres para estudar engenharia, graduando-se pelo King’s College. Ainda jovem, Gulbenkian explorava petróleo em Baku, no Império Russo (atual Azerbaijão), bem como na Mesopotâmia, no então Império Otomano (atual Iraque).
Os contatos de Gulbenkian se mostraram úteis durante os massacres de 1890, quando a sua família fugiu para o Egito. Lá, junto com outras ricas e ativas famílias armênias, Calouste Gulbenkian se envolveu no mundo das relações internacionais, representando, em diferentes momentos, os governos de Constantinopla, Londres e Paris, bem como trabalhando em benefício dos armênios em necessidade. Gulbenkian se tornou cidadão britânico e manteve residência na França, antes de se mudar para Portugal, onde viveu seus últimos anos.
O trabalho de destaque de Calouste Gulbenkian, todavia, foi na transformação da indústria do petróleo em um negócio em escala global, em particular nos campos daquilo que se tornaria o Iraque depois do colapso do Império Otomano. As negociações nas quais ele teve um papel fundamental renderam a ele 5% das ações da Turkish Petroleum Company e, posteriormente, da Iraq Petroleum Company. Ele também insistiu para que 5% dos trabalhadores nos campos da Iraq Petroleum Company fossem armênios. O “Sr. Cinco por Cento”, como Gulbenkian ficou conhecido, foi considerado um dos indivíduos mais ricos no mundo do seu tempo.
O sobrenome Gulbenkian tem relevância na diáspora armênia. Mesmo antes do genocídio, as contribuições da família para as organizações armênias eram substanciais. Inúmeras escolas foram batizadas por essa família. Uma grande e notória contribuição foi feita para a biblioteca do patriarcado armênio de Jerusalém em 1929. Vários armênios conseguiram bolsas para o ensino superior através da Fundação Calouste Gulbenkian, que também financia publicações e outros trabalhos que visam as comunidades armênias.
A Fundação Calouste Gulbenkian foi criada em Lisboa pelo seu desejo manifestado em testamento. Ela é considera uma grande instituição cultural em Portugal e, talvez, uma das maiores fundações do mundo. Ademais, a inestimável coleção de milhares de obras de arte que Gulbenkian acumulou durante décadas está em exposição no Museu Calouste Gulbenkian, aberto em Lisboa em 1969. Gulbenkian esteve na capital portuguesa pela primeira vez vindo da França, enquanto se dirigia aos EUA durante a II Guerra Mundial e se encantou pelo país. Ele viveu por cinco anos lá, até falecer em 1955.
Sobre a Orquestra Gulbenkian
Criada em 1962, integra a Fundação Calouste Gulbenkian, sediada em Lisboa. A orquestra foi fundada inicialmente como um grupo de câmara, sendo progressivamente aumentada, até chegar aos atuais 66 músicos que a compõem desde a temporada 2012/2013. O grupo percorre repertórios que vão do barroco à música contemporânea. A Gulbenkian é conhecida por suas interpretações de Haydn, Mozart, Beethoven, Schubert, Mendelssohn e Schumann. Atualmente sob direção de seu maestro titular Paul McCreesh, no posto desde 2013, também costuma se apresentar com regentes convidados. Claudio Scimone, titular entre 1979 e 1986, é hoje seu maestro honorário.
Sobre Lawrence Foster
Maestro emérito da Gulbenkian, o californiano Lawrence Foster foi seu maestro titular de 2002 a 2013. Além dos concertos regulares no Grande Auditório Gulbenkian, dirigiu o grupo em diversas apresentações internacionais e em gravações para a editora Pentatone Classics. Já colaborou com as orquestras sinfônicas de Barcelona, Jerusalém e Houston e esteve à frente como convidado da Filarmônica de Monte Carlo e da Orquestra de Câmara de Lausanne. Entre 2009 e 2012, foi diretor musical da Orquestra e Ópera Nacional de Montpellier e, há quatro anos, é o diretor musical da Ópera de Marselha e da Orquestra Filarmônica de Marselha (França).
Sobre Antonio Meneses
Nasceu no Recife em uma família de músicos. Começou a estudar o violoncelo aos 10 anos de idade e aos 16 conheceu o famoso violoncelista italiano Antonio Janigro, que o convidou para estudar em Düsseldorf e, mais tarde, em Stuttgart (ambas na Alemanha). O primeiro prêmio veio em 1977, na Competição Internacional de Munique ARD. Em 1982 ficou com o primeiro lugar e a medalha de ouro na Competição Tchaikovsky, em Moscou.
Antonio Meneses se apresenta com as principais orquestras do mundo em Berlim, Amsterdã, Viena, Paris, Moscou, Nova York e Tóquio, entre outras cidades. Já se apresentou com maestros importantes, como Claudio Abbado, Gerd Albrecht, Charles Dutoit, Mstislav Rostropovitch e Christian Thielemann, além de outros de renome internacional.
Possui duas gravações pela Deutsche Grammophon, com o maestro Herbert von Karajan e a Filarmônica de Berlim (Double Concerto, de Brahms, com Anne-Sophie Mutter, e Don Quixote, de Richard Strauss). Também lançou a obra completa para violoncelo de Villa-Lobos (Auvidis France e Bis) e dos compositores David Popper e Carl P. Emanuel Bach, pela Pan Records. Pela Avie gravou toda a obra para violoncelo e piano de Schubert e Schumann com o músico Gérard Wyss e, em 2012, lançou um CD com os concertos para cello de Elgar e Gál, com a Royal Northern Sinfonia e o maestro Claudio Cruz na regência. O disco foi indicado ao Grammy como Melhor Solo Instrumental de Música Clássica.
Na temporada 2015-2016, trabalhou com a Sinfonietta de Hong Kong e com diferentes orquestras da América do Sul, além de se apresentar em recitais com a pianista Maria João Pires no Japão e na Europa. Ministra ainda masterclass na Europa, nas Américas e no Japão. Também é professor do Conservatório de Berna, na Suíça, desde 2008.
2 Comentários