Nos últimos dias ao mesmo tempo em que parte do mundo chora e lamenta o assassinato dos cartunistas do Charlie Hebdo, poucos, muito poucos lembram que um jornalista de origem armênia foi assassinado oito anos atrás. Ele pedia justiça e liberdade.
Hrant Dink, editor do Agos, diário armênio de Istambul, foi assassinado por entender que somente poderia ser um cidadão realmente livre se pudesse falar sobre o crime que se abateu sobre seu povo em 1915. Cem anos atrás um milhão e quinhentos mil armênios foram massacrados. Eles queriam liberdade.
Um outro grande armênio, Armen Garo (Karekin Pastermadjian, 1872-1923) deu inúmeros exemplos na luta por liberdade. Armen Garo, foi dos campos de batalha para as mesas de luta política e chegou na diplomacia. Ninguém nunca calou a voz de Armen Garo. É assim que eu vejo a luta pelo reconhecimento do Genocídio Armênio. Uma grande luta pela liberdade. Ser armênio é lutar por liberdade, é lutar pela vida e nunca se calar.
Tenho a certeza que o centenário do Genocídio Armênio vai ser o início de uma nova fase. Me encho de esperanças de que a terceira e quarta geração de armênios pós genocídio levem a frente essa batalha. Essa nova geração de militantes deve entender que sozinhos não vamos chegar a lugar algum. É fundamental que a humanidade encampe nossa bandeira. Não podemos mais percorrer sozinhos essas estradas. Todos os povos oprimidos e nós mesmos armênios devemos definitivamente saber que o destino de todos, a luta pela liberdade, é uma causa comum. Esse é um caminho sem volta. Somente a universalização da Causa Armênia e a democracia podem nos levar a vitória.
Somente a queda de governos como de Erdogan na Turquia e Aliyev no Azerbaijão podem ajudar no avanço da luta. Somente uma Armênia justa socialmente e com uma diáspora plenamente integrada vai fortalecer nossas reivindicações.
Mas sobretudo a liberdade para se falar e escrever aquilo que se quiser, a liberdade vista como bem supremo do ser humano, vai permitir discutir, disseminar e ampliar o conhecimento sobre o brutal crime que ceifou a vida de um milhão e quinhentos mil inocentes em 1915. Era isso que queria Hrant Dink. É isso que nós queremos.
Je suis Hrant! Je suis Arménien!