15° dia do Fórum Estudantil de Verão do Hamazkayin (31/07 e 01/08)
Por Nairi Zadikian:
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Sábado (02/08) foi nosso último dia em Stepanakert.
Começamos visitando o memorial em homenagem aos mártires de 1915, local onde também abriga os túmulos dos heróis que lutaram na independência de Artsakh e que não estão em Yeraplur, em Yerevan, como já comentei anteriormente nesta coluna.
Ao chegarmos lá, vários militares realizavam uma cerimônia aberta, e havia bastante público. Isso é uma característica marcante de Artsakh.
O povo, a cidade, as ruas, tudo remete ao grande respeito e importância que eles dão ao exército. Óbvio que não poderia ser de outra maneira, dado todo o histórico de Karabagh, mas só queria frisar que esse é um detalhe muito nítido a qualquer visitante.
Na rua, banners e outdoors com esse motivo… Frases de Karekin Njteh, Monte Melkonian, e Vazgen Sarkisian espalhadas por todos os lados nunca te deixam esquecer da sua dívida com seu povo. Nós, armênios, simplesmente NÃO TEMOS O DIREITO de esquecer, tratar com indiferença ou não conhecer nossa história. Até mesmo nossa apatia frente às questões pertinentes ao nosso povo escrevem uma página na sua história e influencia nosso futuro.
Nossa próxima parada foi uma surpresa pra mim… Mais um daqueles momentos de que não esquecerei. Visitamos, na tão importante Shushi, a escola que está servindo de sede para o Jambar organizado pelo Hay Yerdasartagan Miutiun de Beirut, Líbano, filiado a FRA, mais conhecido como L.E.M (Lemagan Eridasartadz Myutiun). Neste caso, consiste em um programa de férias totalmente voltado às crianças residentes em Shushi, de 8 a 16 anos.
Existem mais cinco Jambar acontecendo neste verão na Armênia e em Artsakh. Organizam as HEM de Los Angeles, Beirut e Paris. Toda a programação é voltada para a formação intelectual e política das crianças, que são divididas em grupos e tem seus “varich”, que são os jovens vindos da diaspora. São explorados temas como história da Armênia, história do Tashnagtsutiun, são ensinadas canções patrióticas e os jovens podem desenvolver trabalhos em grupo.
Agora imaginem só eu subindo as escadas do prédio onde as crianças estavam, e sentindo o chão tremendo. Tremendo de verdade. Me aproximei de uma das salas, e pude ver um verdadeiro exército pronto pra lutar pela sua pátria. Pequenos pela idade, mas grandes pela força com que gritavam palavras de ordem como “Ararate mern e! (Ararat é nosso)”, “Vane mern e(Van é nossa)”, “Dzovits dzov Hayasdan bidi unenank(vamos ter Armênia de mar a mar)”, e outras coisas. Cantaram “Tashnag Tro“, e “Menk angeghdz zinvor enk“. Não posso deixar de mencionar o grande trabalho que esses jovens vindos de fora, assim como nós, fazem por essas crianças. É muito respeitável e realmente importantíssimo. Me senti orgulhosa por eles.
Parabéns mesmo!
Logo em seguida visitamos a famosa catedral de Ghazanchetsots, em Shushi, destino de vários fiéis católicos e também de turistas que vem apreciar, além de tudo, sua vela arquitetura.
Visitamos ainda a prefeitura e o forte da cidade Askeran, no interior de Artsakh, com pouco mais de 3000 habitantes. Fomos recebidos pelo prefeito, membro do FRA Gomide central da Armênia, que nos explicou sobre o histórico da região, que no passado serviu de grande resistência frente aos inimigos, e também sobre a produção predominante da cidade, que é a produção de vinho.
Visitaríamos a importante região de Tigranakert também, mas nesse dia soldados haviam fechado a passagem, devido a distúrbios que aconteceram desde quinta-feira na fronteira. Ficou pra uma próxima vez!
Voltamos ao hotel, onde fomos recebidos com um belo jantar ao ar livre, que contava ainda com a apresentação de um grupo, com roupas típicas armênias, que cantava canções patrióticas e folclóricas. Foi uma maneira inesquecível de fechar nossa ultima noite na linda Stepanakert.
Amanhã partimos para Yerevan, até mais!