Informativo ARMÊNIA 2014
Ano XIV – nº 12
Abril e Maio de 2014
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O ARMÊNIO É ÁVIDO POR CULTURA E DEFENSOR DE SEUS DIREITOS
Nas páginas anexas, faremos um percurso pelas artes musicais armênias, ouvindo uma pianista especializada no Concerto de Piano de Aram Khatchaturian; por livros digitais, em que se podem acessar o romance RAFFI, a Épica Nacional Armênia, os Charagán e muitos outros; informações ilustradas sobre a educação criativa das crianças armênias; a missa armênia, com reflexões a respeito; comentários de eventos, por uma crítica aberta à solenidade em memória dos mártires armênios, na Assembleia Legislativa; enfim, um leque de múltiplos interesses culturais, bem como uma advertência para um posicionamento necessário diante de acontecimentos ocorridos, contrários às nossas expectativas, matérias que deverão ir de encontro ao leitor ligado aos assuntos armênios.
Agradecemos aos colaboradores deste número, Wiliam Daghlian (pianista, Nova York), Marine Meliksetian (médica, Caxias, RGS) Elias Katudjian (advogado, São Paulo).
Não é exagero dizer que todo o armênio é ávido por cultura, em suas diferentes áreas e acepções. Defensor, também, de seus direitos, os mais genuínos.
Sossi Amiralian
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CONCERTO DA PIANISTA DORA SERVIARIAN KUHN EM EREVAN
Uma das melhores performers do Concerto de Aram Khatchaturian toca na Orquestra Filarmônica da Armênia.
Vide abaixo:
Enviado por William Daghlian
LIVROS DIGITAIS ARMÊNIOS
Armenian Books on line
Você pode acessar obras armênias literárias, épicas, musicais e outras.
Vide o site: http://terevbooks.com
Enviado por Marine Meliksetian Trentin
EDUCAÇÃO INFANTIL NA ARMÊNIA ESTÍMULO À CRIATIVIDADE
Nos Cinco Encontros Casuais Que Tive Com Crianças Na Armênia , Em Diferentes Épocas, Todas Foram Em Circunstâncias Educativas. Emocionei-Me Com Os Grupos De Armeninhos Que, Ao Visitar Museus E Igrejas, Vibravam Diante Do Que Viam, Com O Brilho Típico Dos Olhinhos Enormes E Negros. Falavam Todos Ao Mesmo Tempo, Em Armênio… Exclamações Estridentes Como Gorjeio De Pássaros, Eram Interrompidos Pelo “Suss!” Das Professoras… Vocês Podem Imaginar O Que A Gente Sente, Quando Está Ao Lado Das Nossas Novíssimas Gerações, Vivendo Em Terra Tão Distante, Mas Que É Nossa Também. E Falar Do Brasil Com Eles, É Uma Explosão De Alegria Generalizada! Futebol, Então? Neymar, Oh Neymar!!!
O Museu Do Escritor Hovannes Tumanian (Tumanian Tankaran), Com Suas Obras Expostas Ao Olhar Curioso Das Crianças – Vendo Vitrines, Folheando Contos Infantis, Folclóricos E Regionais, Ilustrados, Com A Ajuda Da Jovem Professora, Foi Uma Festa – Para Elas E Para Mim. Em Erevan.
Em Oshagan, Cidade De Mesrop Machdots, Crianças Caprichosamente Uniformizadas, Enfileiradas, Levavam Flores Ao Santo Do Dia, Numa Antiquíssima Capela Da Região. Uma Educação Voltada Para A História, Igreja E Reverência Aos Valores, Os Mais Altos.
O Armeníssimo Pintor Mardiros Sarian Recebeu (Certamente Orgulhoso Da Visita Dos Novos Filhos Da Armênia, Estimulados Ao Amor Da Arte E Criatividade) Oferecendo-Lhes Suas Cores, Luz, Formas E Mensagens De Armenidade Em Seus Quadros, Sensivelmente Interpretados Pelas Monitoras Que As Acompanhavam.
Na Galeria Nacional De Artes E História Da Armênia, Na Praça Da República De Erevan – A Imponente Hrabarag – Vi Crianças Que Percorriam As Salas Do Edificio, Sendo Entusiasticamente Instruídas Na Arte Nacional E Internacional, Para Vivênciar A Criatividade E Conhecimentos De Arte E História.
O Que Me Impressionou Vivamente Foi O Museu Infantil Nacional (Mangagán Tankaran), Com A Exposição De Pinturas Premiadas Em Concursos Internacionais. Inacreditável A Criatividade Dos Trabalhos Infantis, Seja Na Concepção Dos Mesmos, Seja Nos Desenhos, Nas Formas E Cores – Pinturas Em Telas E Tecelagem.
Afirmar Que Todo Armênio É Um Artista, Não É Exagero. Na Música, Dança, Pintura, Poesia, Teatro, Cinema, Eles Destacam-Se Pela Originalidade E Categoria. Os Armênios Têm Fácil Acesso À Cultura E Talentos Com Oportunidades Para Desenvolver Desde A Infância. Visivelmente Comprováveis. Confira… Visitando A Armênia.
Sossi Amiralian
99º ANIVERSÁRIO DO GENOCÍDIO
A respeito da solenidade comemorativa do 99º aniversário do Genocídio Armênio, realizada na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, algumas verdades precisam ser ditas. Esse malfadado evento – ao qual compareci e assisti – foi lastimavelmente presidido e conduzido, mais uma vez, pelo deputado Edson Ferrarini, que o transformou em promoção eleitoreira ! Inacreditável a falta de respeito em relação à nossa Comunidade, em solenidade de tão profundo significado.
Entre outros acintes, teve o desplante de distribuir, entre os presentes, impressos destinados a colher dados pessoais, com endereços eletrônicos, segundo ele para incrementar adesões à próxima solenidade, evocativa do Centenário do Genocídio, para torná-lo mais grandioso. Na verdade, não passou de mero pretexto, com o objetivo de ampliar seu cadastro de potenciais eleitores. O nome disso é proselitismo político. Em plena cerimônia de culto aos nossos Mártires.
Ainda que se releve sua ignorância, revelada – não só por seu linguajar rasteiro – mas também pela insistência em pronunciar erradamente os nomes das autoridades armênias, não deu para tolerar a contínua descortesia com o público e, inclusive, em relação ao palestrante, o escritor Luiz Carlos Magaldi, por ele deselegantemente instado (chegou a dirigir-se à tribuna !) a encerrar seu discurso.
Foi um horror ! De tal forma provocou indignação entre nós, que me senti no dever de esclarecer tão lamentáveis fatos, a bem da verdade, com o firme propósito de criarmos um movimento de nossa comunidade, a fim de impedir que se repita o “circo” montado naquela infeliz oportunidade. Torna-se imperioso que a solenidade do Centenário seja presidida por outra autoridade, designada pela presidência da Assembleia Legislativa ou – se isso não for possível – que ela seja realizada em outro local, onde possamos evocar os Mártires, em ambiente e clima de respeito à sua memória.
Assim relatado o verdadeiramente ocorrido naquele desastrado evento, solicito a você, Sossi, e aos leitores de seu precioso Informativo Armênia, que se mobilizem para evitar a repetição daquela vergonha.
Abraço fraterno do Elias Katudjian.
MEDITAÇÃO SOBRE A MISSA ARMÊNIA
Em Cristo, somos todos um.
Esquecemos nossas diferenças, quando estamos congregados, em verdadeiro espírito de adoração, na presença de Deus. Tremendo é o encontro com o Sagrado. Experiência impactante foi o que vivenciei na Missa Armênia de domingo, dia 18 de maio. Logo ao adentrar o templo, toda a beleza suntuosa de seu interior, ícones, luzes, cores, incenso, o coral, o altar, toda essa “construção” sacra oferecida a Deus, numa riquíssima simbologia, elevou-me ao transcendente. Como se fosse a primeira vez. Ao ouvir o “Surp, Surp” (Santo, Santo!) acompanhado dos sinos, senti, mais que profundamente, o quanto Deus é Santo. O quanto o Altar de Deus é santo. O quanto a Cruz de Cristo é santa. O quanto Cristo se deu por nós. Quão paradoxal é o amor de Deus. Ao acompanhar a missa cantada com a leitura do texto, pude perceber o quanto a língua armênia é capaz de penetrar nos mistérios da fé e expressá-los com tanta sutileza. Pude captar o quanto a missa armênia está ligada à História da Armênia, remetendo-nos às origens, aos antigos santos que compuseram o panteão da Igreja, o quanto tudo isso faz parte de nossas raízes. Senti-me muito armênia. Chorei.
O sermão que foi ministrado pelo Primaz Der Narek Berberian, nesta sua primeira missa em São Paulo, enfatizou o significado da Cruz de Cristo, a Igreja como Corpo de Cristo, a aproximação dos fiéis à Igreja, e o mútuo relacionamento, que se falhar, adoece o corpo de Cristo. A santidade de Deus, o poder da Cruz, o seguir a Cristo, o zelo pela Igreja e o amor entre os fiéis foram verdades transmitidas com profundo respeito, em contraposição á banalidade em que podemos incorrer ao lidar com as mesmas.
Conscientizei-me que diante da santidade e o infinito amor de Deus, devemos nos aproximar com “temor e tremor”.
Sossi Amiralian
Depois que restabeleci meus laços com o passado, onde meu avô (padrasto de meu pai) Takvor Gondjonkian me contava histórias de seu povo e das atrocidades sofridas pelo Armênios, nunca mais deixei de me interessar pela cultura e pela luta da comunidade Armênia. Já me considero um brasileiro de alma armênia, mais um armenauta como este site
recentemente designou seus leitores. Parabéns aos organizadores do portal!