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Conheça: O compositor Aram Khachaturyan

Reprodução: Rádio Voz da Rússia

O grande compositor Aram Khachaturyan nasceu há 110 anos, no povoado Kodzhori, situado nas proximidades de Tbilisi, capital da Geórgia, na família do proprietário de uma oficina de encadernação. A Geórgia e a Armênia faziam parte então da URSS, por isso durante toda a sua vida Khachaturyan era considerado compositor armênio soviético.

Com 10 anos de idade Aram entrou, de acordo com a vontade dos seus pais, na escola comercial de Tbilisi. Mas já naquela época ele resolveu firmemente receber a instrução musical. Depois de aprender por conta própria a tocar instrumentos de sopro, ele conseguiu entrar numa banda musical.

Em 1921, o seu irmão Suren Khachaturyan, organizador e dirigente de um estúdio dramático armênio, percebeu o interesse de Aram em relação à música e levou-o para Moscou. Um ano mais tarde, Aram, que nem sequer sabia notas, conseguiu entrar na Escola de Música Gnesin e pouco tempo depois se revelou o talento artístico deste jovem. Aram foi aceito no departamento de composição do Conservatório de Moscou, classe do eminente compositor Nikolai Myaskovsky. Nesta mesma época Khachaturyan teve pela primeira vez na vida a oportunidade de assistir a um concerto sinfônico e ficou abalado com a música de Beethoven e de Rakhmaninov.

A primeira obra do jovem compositor foi “Uma dança para violino e piano”.

O insigne músico David Oistrakh disse certa vez: “Eu, da mesma maneira que todos os violinistas, me orgulho de que a primeira obra séria de Khachaturyan foi composta precisamente para o violino. Este compositor sente o violino como um autêntico mestre-virtuoso”.

Em 1934 Aram Khachaturyan formou-se com brilho no conservatório, apresentando como obra de formatura a Primeira Sinfonia.

Nesta obra do compositor que acabava de licenciar-se, revelou-se o traço principal da individualidade criadora de Khachaturyan – a alegria de percepção da vida e o otimismo enorme, expresso nas imagens musicais épico-monumentais. Esta foi a primeira obra do compositor em que se revelou de uma forma patente a sua vocação de sinfonista.

“Recordo muito bem a impressão forte e potente que me causou a Primeira Sinfonia, executada pela primeira vez em Leningrado em 1936, recordava mais tarde o compositor Schostakovich. – Ainda antes de executar a sinfonia, Khachaturyan apresentou-me a sua partitura. Fiquei surpreso com a riqueza melódica excepcional desta obra, com a orquestração excelente e brilhante, com o conteúdo profundo do material musical e o seu colorido alegre e festivo em geral… Recordo que à estreia da Primeira Sinfonia assistiram muitos músicos que tiveram a mesma sensação que eu: o sentimento de alegria pelo motivo do surgimento de um compositor muito grande e talentoso…”

Foi este o início brilhante da carreira criadora de Aram Khachaturyan.

A arte otimista de Khachaturyan tornou-se uma ilha de alegria na arte musical do século XX, – cheio de tragicidade e de reflexões. Cores e contrastes brilhantes suscitavam inevitavelmente associações com o mundo das artes plásticas. O compositor e crítico musical Boris Asafiev referiu Khachaturyan como “Rubens dos nossos dias”.

A base da sua obra é constituída pelo folclore armênio e pela tradição europeia dos séculos XIX-XX, pelas “páginas orientais” da música de Borodin e Rimsky-Korsakov e por novas ideias de Prokofiev e de Ravel na esfera da linguagem musical e da orquestração.

O período mais frutífero da biografia do compositor corresponde aos meados e segunda metade da década de 30 do século passado. As suas obras criadas neste período, – a Primeira Sinfonia, o Concerto para um piano e orquestra e o Concerto para um violino e orquestra, – granjearam-lhe a fama de maior compositor do Leste Soviético que tinha conseguido unir a melodia peculiar das canções e danças populares da Armênia com a clareza construtiva das formas musicais da Europa.

Na época da Segunda Guerra Mundial foi criado o balé “Gaiane”. Eis a recordação do próprio compositor, relacionada àquele período: “Quando recordo aquele lapso de tempo, penso mais e mais uma vez, como era difícil a vida de pessoas simples. A frente de batalha exigia armas, pão, tabaco… Mas todos, tanto a frente de batalha, como a retaguarda, necessitavam da arte – do pão espiritual. E nós, artistas e músicos, compreendíamos isso e empenhávamos todas as forças. Escrevi cerca de 700 páginas da partitura de “Gaiane” em um cômodo pequeno e frio de um hotel, onde estavam um piano, banquinho, mesa e cama”.

A estreia do balé aconteceu no inverno, de 3 de dezembro de 1942, no Teatro de Ópera e Balé de Leningrado, chamado agora Mariinsky. “A dança do sabre”, – uma parte integrante deste balé, – tornou o compositor mundialmente famoso.

Um abalo forte para o compositor foi a Resolução do Comitê Central do Partido Comunista de 1948 que qualificava a obra de Khachaturyan, da mesma maneira que a obra de Serguei Prokofiev e de Dmitri Schostakovich como manifestações de formalismo na arte. Depois disso o compositor interrompeu por muitos anos a sua atividade criadora.

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A estreia do balé “Espartaco”, última grande obra de Khachaturyan, foi realizada em 1956 no Teatro de Ópera e Balé de Leningrado. Mais tarde este mesmo balé foi encenado por Yuri Grigorovich no teatro Bolshoi de Moscou.
A partir de 1950 Khachaturyan lecionava no Instituto Gnesin e no Conservatório de Moscou, desempenhava o papel de regente executando a sua própria música.

Ao mesmo tempo, o compositor trabalhava no teatro e no cinema. Uma das primeiras obras no teatro foi a música para a comédia de Lope de Vega “Viúva Valenciana”. É interessante que mais tarde Aram Khachaturyan conhecesse de perto o mundo hispanófono. A partir de 1958 e até o fim da sua vida ele chefiava a Associação Soviética de Amizade e de Colaboração Cultural com os países da América Latina. Além disso, era professor honorífico do Conservatório do México.

A música, composta para o drama de Mikhail Lermontov “Baile de Máscaras”, foi transformada mais tarde em suíte. A melodia da sua famosa valsa é interpretada nos melhores palcos de concerto do mundo. Esta mesma melodia vai concluir o nosso programa, dedicado a 110 anos de nascimento de Aram Khachaturian.

Em junho de 2013 as obras de Khachaturyan foram incluídas na UNESCO. Leia mais

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