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Khanassor, Lisbon 5 e Sèvres serão lembrados em “herissé” do Tashnagtsutiun no Clube Armênio/SAMA

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No sábado, dia 10 de agosto, a Associação Cultural Armênia de São Paulo (ACASP – Ho.Hi.Ta – Tro) realiza um evento em comemoração à três  importantes datas para os armênios.

A festa irá rememorar os 116 anos da “Incursão de Khanassor” (Khanassori Archavank), além dos 30 anos do ato dos 5 heróis de Lisboa (Lisbon 5), bem como os 93 anos da assinatura do Tratado de Sèvres.

O evento terá início às 20:30 horas, no salão social do Clube Armênio/SAMA e será servido um tradicional e saboroso Herissé* armênio, além de programação cultural que contará com uma nova apresentação do Grupo de Danças Típicas Armênias Kilikia.

As adesões custam 40 reais e crianças menores de 10 anos não pagam.

Devido à limitação dos lugares, a ACASP solicita o obséquio de confirmar a Vossa presença com antecedência (no máximo até quinta- feira, dia 08 de agosto vindouro), através do telefone da SAMA (11) 5579-6035, com Sra. Bete.

Saiba mais sobre cada uma das comemorações, abaixo:

25 de julho de 1897  –  116° Aniversário da Incursão de Khanassor. 

A incursão (ou expedição) de Khanassor foi um ataque perpetrado por um grupo de “Fedayis” (soldados voluntários) armênios contra a tribo curda “Mazrig”, no dia 25 de julho de 1897. A ação foi decidida e organizada pela Federação Revolucionária Armênia (Tashnagtsutiun).

Ao alcançar o êxito esperado, os valentes combatentes armênios eliminaram a influência e constantes ameaças dessa tribo na região de Van contra a população civil armênia. 

Histórico 

Em 1896, a tribo curda “Mazrig”, a mando do sultão sanguinário AbduI Hamid, perpetrou muitos ataques contra as forças armênias de autodefesa na cidade de Van. Passado algum tempo e visto que tais incursões não cessavam, o Iíder do comando militar de autodefesa armênia, Nigol Tuman propôs organizar uma expedição militar contra tribo Mazrig, na região de Khanassor, onde a referida  tribo se instalara e ameaçava diretamente a sobrevivência da população armênia de Van e adjacências.

A sugestão foi acatada e assim, nas primeiras horas da manhã do dia 25 de julho de 1897, sob o comando de Nigol Tuman, Vardan e Ich’khan Artunian, por volta de 250 voluntários armênios (fedayíns), lançaram um ataque fulminante contra a tribo Mazrig. Os voluntários armênios consegu¡ram eliminar a maioria dos guerreiros armados, poupando, porém, as mulheres e crianças.

Os registros contam que o líder da tribo Mazrig, Charaf Pek, abandonou e fugiu do local usando vestimentas de mulher. A expedição terminou no dia 27 de julho daquele ano. 

Consequências 

A incursão (expedição) de Khanassor teve um desfecho vitorioso para os armênios. Ela inspirou autoconfiança aos voluntários armênios da defesa do povo, que por longo tempo eram alvos diretos dos ataques, perseguições impiedosas e matanças, executadas sistematicamente pelos exércitos  regulares do “Sultão Vermelho” (AbduI Hamid) e grupos vândalos curdos. 

Durante essa expedição, 25 armênios foram mortos, entre os quais Garo, irmão de um dos três idealistas e fundadores do Ho.H¡.Ta. (Tashnagtsutiun), Rosdom. Em homenagem aos que tombaram nesta heróica e salvadora expedição, o povo armênio, em geral e o Tashnagtsutiun, em especial,  comemoram esta data todos os anos.

10 de agosto de 1920  – 93° Aniversário da assinatura do Tratado de Sèvres  

Tratado de Sèvres foi assinado no dia 10 de agosto de 1920 em Sèvres (cercanias de Par¡s), entre o governo do sultanato (otomano) da Turquia e os estados aliados vencedores na primeira guerra mundial – 1914 a 1918 (Grã-Bretanha, França, Itália, Japão, Bélgica, Grécia, Polônia, Portugal, Romênia, Armênia, Checoslováquia, reino servo-croata, Hedjaz).

Avedis Aharonian assinou o Tratado em nome da República da Armênia. Aharonian e o dirigente da delegação Nacional dos armênios do Ocidente, Boghos Nubar, firmaram com os principais estados aliados um documento complementar, alusivo aos direitos das minorias nacionais, as relações diplomáticas e comerciais.

Sob o prisma do direito internacional, a República da Armênia, como participante do Tratado, foi reconhecida de juri por todos os demais estados que assinaram o referido Tratado.

*** Relacionamento com a Causa Armênia

A parte alusiva à Armênia no Tratado de Sèvres englobava os artigos 88 a 93. A Turquia reconhecia oficialmente a Armênia como um estado livre e independente. Pelo Tratado, a Turquia e a Armênia concordavam em deixar a delimitação das fronteiras entre os dois estados o que tange às províncias de Erzerum, Trabizonda, Van e Bitlis, à definição dos Estados Unidos da América, e aceitar a decisão desta, assim como as alternativas visando uma faixa litorânea à Armênia e a desmilitarização de todas as áreas otomanas adjacentes às fronteiras. E com relação às fronteiras da Armênia com o Azerbaijão e a Geórgia, essas seriam definidas por meio de negociações diretas entre as partes. Em não havendo acordo entre as partes, os principais estados aliados deveriam solucionar a questão no local através de uma comissão especial a ser constituída.

Até a assinatura do Tratado de Sèvres, a comissão designada pelo presidente dos Estados Unidos da América, Woodrow Wilson, havia concluído suas pesquisas e examinado meticulosamente a região geopolítica, a economia, os transportes, os recursos hírdicos, as estradas e percursos comerciais, as questões étnico-populacionais e demais temas que deveriam ser levados em consideração na decisão para delimitação das fronteiras. A comissão apresentou seus pareceres e sugestões no mês de setembro de 1920, e o Presidente Woodrow Wilson entregou sua conclusão final aos estados europeus em novembro do mesmo ano. De acordo com a decisão do Presidente norte-americano  a Armênia deveria receber 2/3 (dois terços) das províncias de Van e Bitlis, quase a totalidade da província de Erzerum, a maior parte da província de Trabizonda, incluindo o porto. Em geral, toda essa área teria uma extensão de aproximadamente 90.000 km2 (noventa mil quilômetros quadrados). E ao unir essa extensa área à já existente República da Armênia, ao sul do Cáucaso, o estado armênio independente teria uma área de aproximadamente 160.000 km2 (cento e sessenta mil quilômetros quadrados), com saída ao mar Negro.

*** A odisseia de Sèvres

O acordo de paz de Sèvres seria favorável para a solução da Questão Armênia, ao oferecer ao povo armênio uma extensão territorial suficiente para sua aglomeração nacional. Entrementes, o Tratado de paz de Sèvres permaneceu apenas no papel e não foi reconhecido sequer pelo governo do sultanato (otomano) da Turquia. Mais tarde, os Kemalistas (fase republicana da Turquia) adotaram todas as medidas para impedir a execução do Tratado, e como primeiro passo iniciaram uma nova incursão (invasão) militar contra a República da Armênia, com o objetivo claro de aniquilar, definitivamente.

No ano seguinte, em 1921, tomando proveito da nova situação internacional surgida em consequência da aproximação da Rússia bolchevista com a Turquia, os kemalistas decidiram rever o Tratado de Sèvres e, efetivamente, a sua eliminação. Isso foi refletido nitidamente no Tratado de Lausanne, em 1923 (Conferência de Lausanne, 1922-23), quando as potências aliadas do Ocidente reconheceram a autonomia do governo de Mustafá Kemal, bem como o seu direito sobre a Trácia, Ismírnia, Cilícia e todas as demais regiões que teriam sido transferidas para a Armênia pelo Tratado de Sévres, e ainda: as potências aliadas reconheceram as novas fronteiras da Turquia, que abrangiam as antigas regiões da Armênia Oriental: Gars, Ardahan e Surmalú. Essas mudanças seriam a plena vitória da Turquia. Apenas uma pequena parcela da Armênia histórica continuou a existir como Armênia Soviética, e o destino da maioria dos armênios foi a sua dispersão pelos quatro cantos do mundo, onde começaram a formar as coletividades da Diáspora.

O Tratado de Sévres, no entanto, permanece até hoje como um documento importante em prol de uma justa solução da Questão Armênia e dos direitos inalienáveis do povo armênio.

27 de julho de 1983 – 30° Aniversário da façanha de Lisboa 

Já se passaram 30 anos do sacrifício de Sarkis Aprahamian, Setrak Adjemían, Vatché Daghlian, Ará Kelechian e Simon Yavneian.

Cinco jovens valentes cerraram seus olhos para que os olhos recém abertos das novas geraçõs veem e os corações se fortaleçam com a pátria libertada. Aquilo foi uma operação à qua podemos chamar de patriotismo, autossacrifício e total ded¡cação. Sim, ele dedicaram o mais valioso, a própría vida, porque acreditavam que sem a pátria, sem nossas terras, não pode haver vida nem futuro. O lema deles foi “morte consciente é imortalidade”. Eles estavam plenamente conscientes que caminhavam rumo à morte, mas jamais titubearam porque foram soldados sinceros, quando apenas o objetivo é o que importa.

E hoje, os cinco heróis de Lisboa transmitem a cada um de nós a tocha de libertação da pátria. Que as novas gerações se comprometam a recordar a memória deles e continuar o trabalho iniciado com idealismo, em prol da solução da nossa sagrada Causa. Que vivam eternamente todos os nossos mártires. Glória eterna à memória de todos eles.

 

Herissé

Segundo a definição no site Cozinha Armênia, de Myrna Kouyomdjian, quer dizer carne ou galinha cozida com cevada em aveia como consistência, e é um prato típico de inverno.

 

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