EditorialGenocídio ArmênioTudo

Editorial: Pioneirismo “mora ao lado” (Uruguai)

Poucas pessoas sabem (além dos Armênios e historiadores), que 3 anos depois do genocídio dos Armênios de 1915, a Turquia tentou invadir a Armênia uma vez mais. A Armênia tentava se reerguer de um dos piores crimes contra a humanidade que já se tenha ouvido falar.

Em 1918 a Turquia avançou às portas da pequena Armênia que havia restado, chegando até a fronteira da capital Yerevan. Nesse momento nossos Arcebispos e Padres fizeram soar os sinos de todas as igrejas de Yerevan chamando heróis, crianças, homens, mulheres, anciãos e camponeses para defender o pequeno território que restou ao povo milenar Armênio.

Como puderam, os Armênios repeliram o inimigo e, três dias depois, em 28 de maio de 1918 a Armênia proclamou a sua independência que durou apenas até o ano de 1920, quando seu viu sem saída e cedeu sua jurisdição territorial à União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.

Passado algum tempo, em 1920 o líder soviético Joseph Stalin que queria um governo centralizado em Moscou para proteger e gerir os estados socialistas, determinou que Artsakh (Nagorno-Karabakh), uma área de maioria armênia, fosse anexada ao Azerbaijão, cortando geograficamente a Armênia.

Os anos se passaram e, finalmente em 1991 o mundo assistia ao fim da guerra fria e o declínio da União soviética.

Foi aí que, em 1992, as forças Armênias de Artsakh, com ajuda de voluntários da Armênia, invadiram e retomaram o controle da região historicamente Armênia de Artsakh.

Desde lá Armênia e Azerbaijão travam disputa pela região. O cessar fogo assinado em 1994 por ambos os países é violado quase diariamente pelas forças Azeris. Artsakh que apesar de ser governada por Armênios não voltou a fazer parte das fronteiras da Armênia e nem tão-pouco  é reconhecido como estado independente por nenhum país no mundo. A solução momentânea: declarar a independência de Artsakh, Nagorno Karabakh. Mas esse ato não deve e não pode partir da república da Armênia. Anexar Artsakh à Armênia ainda é um sonho distante, porém viável na ótica de todos os Armênios, e por este motivo até hoje a própria Armênia não reconheceu a independência de Artsakh como estado.

Contextualizamos desta maneira até aqui para que o leitor compreenda o ponto de vista!

E é neste momento (e contexto) que entra na história o Uruguai. Um país localizado na parte sudeste da América latina. Habitada por uma população de cerca de 3,3 milhões de pessoas, dos quais cerca de 2 milhões vivem na capital Montevidéu e em seu entorno metropolitano. Um país não muito diferente da Armênia, com extensões territoriais e população parecidas com a nossa Pátria-Mãe. No Uruguai há uma comunidade com cerca de 20 mil armênios.

Em 1965 o Uruguai entrou para a história ao ser o 1° país no mundo a reconhecer oficialmente o genocídio dos armênios.

E, mais uma vez, o mesmo Uruguai quebrou o tabu e na sexta feira (09/09/11), em um anúncio sem precedentes, o Ministro de Relações Exteriores do Uruguai, Luis Almagro, afirmou que seu governo iniciou o processo de reconhecer oficialmente o status de Artsakh (Nagorno-Karabakh) como estado independente.

Em conferencia na capital uruguaia, organizada pelo Conselho Nacional Armênio da América do Sul e um grupo parlamentar armênio-uruguaio, no aniversário de 20 anos da libertação de Artsakh, Almagro disse que o Uruguai esta investigando (ocaso) para poder apresentar uma posição governamental oficial sobre o problema, afirmando que ele (Almagro) esta pessoalmente convencido que Nagorno-Karabakh é parte da Armênia histórica e deve ser independente, e em curto-prazo, unificada à Armênia. Na ótica do ministro, esta é a única resolução possível para a questão em Artsakh.

Uma vez mais o Uruguai mostra mais uma vez seu compromisso com os direitos humanos, com o direito de autodeterminação dos povos e mais, o seu compromisso com o povo Armênio.

O Portal Estação Armênia parabeniza a comunidade e as entidades Armênias do Uruguai, o Governo uruguaio e a todos que de alguma maneira contriburam com essa iniciativa e torcemos para que sim, a história de pioneirismo em relação aos direitos dos Armênios se repita no Uruguai.

Sobre o autor

Artigos

Jornalista de formação, é editor-chefe do site Estação Armênia.
Matérias Relacionadas
Eventos

Exposição em São Paulo Celebra a Resistência e a Arte Armênia

No próximo sábado, dia 21 de setembro, São Paulo será palco da segunda exposição individual da…
Leia mais
Da Redação

Armênia Participará da Cúpula do BRICS na Rússia em Outubro

Fontes : Azatutyun A Armênia participará de uma cúpula do grupo BRICS…
Leia mais
Da Redação

AMADEE-24: Marte aterrissa na Armênia

Fontes : ArmRadio, OEWF O Fórum Espacial Austríaco, em cooperação…
Leia mais

3 Comentários

Deixe um comentário