O chefe da promotoria pública da Suprema Corte de Apelação da Turquia pediu na última quinta-feira (10/01) que a Corte anule o controverso julgamento ocorrido ano passado sobre o envolvimento de uma rede criminosa no assassinato do jornalista turco-armênio Hrant Dink em 2007.
A promotoria alega: “Está claro que a vítima Hrant Dink foi morto somente porque ele era de nação e religião diferentes e sua morte era parte de uma atividade planejada e sistematizada por uma rede criminosa cujo objetivo era manchar a unidade nacional”.
De acordo com o Minstério Público, a morte de Dink não pode ser tratada como um assassinato comum: “É óbvio que esse assassinato teve como objetivo enfraquecer a autoridade do Estado, criando um ambiente de caos e instabilidade atentando contra a ordem pública e colocando a Turquia em uma posição difícil na arena internacional”.
Dink, editor-chefe do jornal turco-armênio Agos foi alvejado do lado de fora de seu escritório em Istambul em plena luz do dia em 19 de janeiro de 2007. O assassinato chocou a Turquia e o subsequente julgamento foi marcado pela controvérsia envolvendo familiares de Dink e ativistas de direitos humanos que afirmavam que as conexões entre os suspeitos do crime e os reais mandantes, provavelmente membros de forças policiais e militares, não foram suficientemente investigados.
O atirador confesso, Ogün Samast, foi preso no dia seguinte do assassinato. Outros suspeitos, incluindo Yasin Hayal e Erhan Tuncel foram capturados nos dias seguintes sob a acusação de terem encomendado a morte a Samast.
Para muitos, o julgamento que se arrastou por longos cinco anos foi decepcionante. A 14ª Alta Corte Criminal de Istambul inocentou todos os suspeitos da acusação de associação para o terrorismo, deixando os advogados irritados que, juntos com outras pessoas, disseram que o julgamento falho em lançar luzes sobre as alegadas conexões entre os suspeitos e funcionários do Estado.
O tribunal condenou Yasin Hayal, o principal suspeito do crime, por incitação de assassinato e sentenciou a prisão perpétua, enquanto outro suspeito, Erhan Tuncel, foi absolvido.
A promotoria apelou do veredito, afirmando que o assassinato foi indubitavelmente um trabalho do Ergenekon, organização clandestina cujos membros se encontram na hierarquia estatal e que estão sendo julgados pela tentativa de golpe de Estado. A organização é também acusada de estar por trás de diversos crimes atrozes e tentativas de estabelecer o caos na Turquia com o intuito de iniciar um golpe militar.