Da RedaçãoGenocídio Armênio

Morre o crítico de cinema armênio-brasileiro Leon Cakoff

Morreu na tarde desta sexta-feira (14), aos 63 anos, o crítico de cinema Leon Cakoff. O idealizador da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo tinha câncer e estava internado havia duas semanas no Hospital São José, em São Paulo. O corpo será velado no MIS (Museu da Imagem e do Som) nesta tarde e cremado no sábado no Memorial Parque Paulista.

Leon Chadarevian (seu nome verdadeiro), nasceu na Síria, em 12 de junho de 1948. Ele veio para o Brasil com a família aos oito anos e formou-se pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo. Por problemas com o regime militar, adotou o pseudônimo Cakoff.

Leon foi casado durante 22 anos com Renata de Almeida, atual diretora da Mostra, e deixa dois filhos com ela, Jonas e Thiago, além de dois filhos anteriores do primeiro casamento, Pedro e Laura. A carreira como jornalista teve início em 1969. A partir de 1974, dirigiu o Departamento de Cinema do Museu de Arte de São Paulo (Masp).

Cakoff dirigiu o curta-metragem “Volte sempre, Abbas”, de 1999, em parceria com a esposa Renata de Almeida. O filme acompanha a visita do cineasta iraniano Abbas Kiarostami à Mostra e foi exibido na mostra Novos Territórios, do Festival de Veneza.

O crítico também foi responsável pela distribuidora Mais Filmes, criada em 2000, e estava entre os sócios do Arteplex, que reúne nove salas de cinema em um shopping paulistano e depois ganhou unidades também em Porto Alegre, Curitiba e Rio de Janeiro.

Cakoff esteve ainda entre os organizadores do longa-metragem “Bem-vindo a São Paulo” (2004). No filme, diretores mostram uma visão da capital paulista. Quatro anos depois, produziu e protagonizou o curta “Do visível ao invisível”, do português Manoel de Oliveira, também selecionado para o Festival de Veneza. Cakoff voltou a trabalhar com Oliveira, ao produzir o filme “O estranho caso de Angélica” (2010).

Ema 35 anos, a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo trouxe ao Brasil diretores como Manoel de Oliveira, hoje com 102 anos. O cineasta se tornou amigo de Cakoff. O evento também já convidou o iraniano Abbas Kiarostami, o israelense Amos Gitai, o americano Quentin Tarantino e o espanhol Pedro Almodóvar. O americano Dennis Hopper, o alemão Wim Wenders,  o iraniano JafarPanahi, o sérvio Emir Kusturica e o finlandês Aki Kaurismaki, entre tantos outros, também participaram da mostra.

A 35ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo começa oficialmente na próxima sexta-feira (21).

 

Cakoff faz ponta no filme “O Mundo Invisível” de Atom Egoyan. Na camisa, está escrito “Quem conhece esse homem?” e na mão, Cakoff segura uma foto de Soghomon Teilerian, armênio que matou Talaat Paxá, o arquiteto do Genocídio Armênio, em Berlim em 1921

Nota da Redação: Leon Chadarevian (Cakoff) foi um grande incentivador da Causa armênia no Brasil. Através da Mostra Internacional, Cakoff exibiu diversos filmes que abordavam o Genocídio Armênio e a responsabilidade turca, como “A Casa das Cotovias”, “Screamers” e “Ararat”. Este último, dirigido pelo armênio-canadense Atom Egoyan, foi um sucesso mundial. Para a mostra deste ano, Cakoff convidou Egoyan para ministrar uma oficina sobre técnicas de filmagem.

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