Da RedaçãoGenocídio Armênio

Wikileaks “dedura” boicote dos EUA à resolução do reconhecimento do genocídio Armênio

Asbarez

O site WikiLeaks (organização sem fins lucrativos dedicada a trazer notícias e informações importantes para o público) divulgou no dia 24 de maio um telegrama enviado em 15 março de 2007, pela Embaixada dos EUA na Turquia, com destino ao Departamento de Estado dos EUA.

Essa conversa em especial referia-se a reunião em 9 de março de 2007, entre o subsecretário adjunto dos EUA Matthew Bryza e o vice-governador para assuntos de minoria de Istambul, Fikret Kasapoglu, em que as partes discutem a Resolução do Genocídio Armênio (referido como AGR no telegrama) e de que maneira a moção seria debatida na Câmara dos Representantes dos EUA e no Senado.

Bryza sublinhou que a administração estava trabalhando duro para convencer o Congresso a não aprovar a Resolução do Genocídio Armênio tanto na Câmara dos Representantes dos EUA quanto no Senado. “A posição da Administração é que uma discussão franca sobre a questão histórica deverá ter lugar dentro da sociedade civil”, disse Bryza.

O vice-governador dos assuntos para minorias de Istambul também levantou a questão dos turco-armênios dizendo que “eles eram cada vez mais vistos como parte da sociedade, mas que certos eventos (como a Resolução pelo reconhecimento do genocídio Armênio) só pioram as coisas”.

“O representante turco concordou que os EUA deveriam argumentar contra as resoluções do Congresso centrando-se em um potencial aumento de ultra-nacionalismo e riscos para a segurança da comunidade turco-armênia não era construtivo.

Kasapoglu sugeriu foco na tradição da Turquia de tolerância para as minorias religiosas e ao fato de que os armênios ainda optam por emigrar ilegalmente aos milhares para a Turquia, diz uma parte do telegrama parte.Segundo o vice-governador para assuntos de minoria de Istambul, Fikret Kasapoglu acredita que o processo contra a Resolução deveria levar em consideração quatro (4) pontos:

1 – (Kasapoglu) A tradição de tolerância pelas diferentes culturas em Istambul, que datam do início do Império Otomano.

( Portal Estação Armênia* – A tolerância de diferentes culturas é algo questionável. Datam do século XIX as primeiras perseguições a armênios e gregos no Império Otomano, que tiveram expressão máxima no Genocídio iniciado em 1915. Mesmo após o genocídio, é inegável a destruição deliberada de monumentos e prédios armênios (como Igrejas, por exemplo) que existem na Turquia. O assassinato de Hrant Dink e o enquadramento de vários intelectuais turcos no artigo 301 do código penal (Orhan Pamuk, Taner Akçam, Elif Shafak e o próprio Dink) são exemplos claros da falta de tolerância , esta sim uma marca dos governos turcos através dos anos”.)

2 – (Kasapoglu) Apesar das históricas e atuais tensões políticas entre a Turquia e a Armênia, mais de 40.000 migrantes econômicos da Armênia ainda optar por viver ilegalmente na Turquia.

(Portal Estação Armênia* – Sinal de que a política turca – que condiciona a abertura das fronteiras com a Armênia apenas mediante a desistência do reconhecimento do genocídio Armênio – continuará sufocando cada vez mais a Armênia no âmbito econômico e consequentemente as migrações terão sequência , mas em sua grande maioria com destino a Rússia, como já vem ocorrendo)

3 – (Kasapoglu) A condenação pública em massa do assassinato do editor do jornal Agós, o jornalista Hrant Dink, mostrou um sinal do respeito que as pessoas têm para si e para com as diferentes culturas.

(Portal Estação Armênia* – Realmente a população se mostrou sensibilizada, porém o assassino Ogün Samast, jovem ultra-nacionalista turco que aguarda julgamento e é tratado como herói nacional, pois a vítima era a voz das minorias na imprensa turca e mundial. as manifestações pró-Dink foram mobilizações da sociedade civil e expressaram os anseios da população turca por um país mais democrático e tolerante, não houve um plano de governo para que isso acontecesse. Como já foi dito, foi uma condenação publica, nao do estado.)

4 – (Kasapoglu) A população jovem da Turquia têm dificuldade para compreender o que aconteceu durante a I Guerra Mundial e as alegações de politizar o “genocídio” só irá inspirar o ódio.

(Portal Estação Armênia* – Isso acontece porque existe uma lei marcial que censura a publicamente questões levantadas sobre o genocídio dos Armênios sob pena de multa e prisão com acusação de ofender a chamada identidade turca, e, além disso Attaturk, pai da Turquia moderna proibiu que a história verdadeira fosse incluída nos livros didáticos e ainda por cima causou um genocídio cultural. A verdade é que sim, os jovens são o principal alvo de uma grande campanha de educação para o respeito e a tolerância, pois somente a educação pode criar um respeito para com os direitos humanos. Os jovens da Alemanha parecem ter capacidade para entender o que houve na II Guerra, por que os turcos não teriam?).

***** Nota do Redator *****

Acontece é que o EUA e a Inglaterra não moveram um pau para ajudar a Armênia em 1915, na época dos massacres. Mesmo seus embaixadores enviando telegramas relatando os horrores e barbaridades cometidas pelos turcos contra os Armênios, nenhum dos dois países interveio na questão mesmo após terem saido vitoriosos na I Guerra contra a Turquia e os seus aliados Alemães; e se notarmos bem as duas nações citadas insistem em não reconhecer os fatos de 1915 como genocídio até os dias de hoje, certamente para não desagradar aos turcos que mantém bases da OTAN em seu território desde 1923 e foram grandes aliados na época da Guerra Fria entre União Soviética e EUA.

* Resoluções mais recentes sugerindo o reconhecimento do genocídio

Em 2007 a resolução foi introduzida por Adam Schiff em 30 de janeiro, durante o 110

Sobre o autor

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Jornalista de formação, é editor-chefe do site Estação Armênia.

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