O grupo de pesquisa Conflitos armados na era contemporânea do Diversitas – Núcleo de Estudos das Diversidades, Intolerâncias e Confitos da Universidade de São Paulo realizará em parceira com o CINUSP – Paulo Emílio a mostra de cinema “Conflitos armados, massacres e genocídios na era contemporânea”, que ocorrerá de 29 de abril a 17 de maio no CINUSP, na Universidade de São Paulo (Sala Cidade Universitária – Rua do Anfiteatro, 181, favo 4, Butantã, São Paulo, SP).
O grupo tem a coordenação do Prof. Dr. Rodrigo Medina Zagni (UNIFESP) e vem discutindo questões sobre direitos humanos e genocídios desde 2011 e prepara o lançamento de um livro sobre o assunto.
Na mostra, será exibido o filme Screamers, de Carla Garapedian, que foca na luta da banda de rock armênio-americana System of a Down pelo reconhecimento do genocídio armênio. No dia 30 de abril, terça-feira, as 19h, o filme será seguido de um debate mediado pelo historiador Heitor Loureiro.
Segue abaixo a programação e o release do evento:
Segunda – 29 de abril
16h – Katyn
19h – O labirinto do fauno
Terça – 30 de abril
16h – O túmulo dos vagalumes
19h – Screamers + Palestra
Quarta – 1 de maio – FERIADO
Quinta – 2 de maio
16h – Corações e mentes
19h – Arquitetura da destruição + PALESTRA
Sexta – 3 de maio
16h – Cinco câmeras quebradas
19h – Caminho para Guantânamo
Segunda – 6 de maio
16h – Valsa com Bashir
19h – Paradise Now
Terça – 7 de maio
16h – Arquitetura da destruição
19h – Rapsódia em agosto + PALESTRA
Quarta – 8 de maio
16h – Darfur
19h – Corações e mentes
Quinta – 9 de maio
16h – Screamers
19h – Escola das Américas + PALESTRA
Sexta – 10 de maio
16h – Valsa com Bashir
19h – Túmulo dos vagalumes
Segunda – 13 de maio
16h – Escola das Américas
19h – Tiros em Ruanda
Terça – 14 de maio
16h – Flores do Oriente
19h – Na terra do amor e ódio + PALESTRA
Quarta – 15 de maio
16h – O labirinto do fauno
19h – Katyn
Quinta – 16 de maio
16h – Caminho para Guantânamo
19h – Cinco câmeras quebradas + PALESTRA
Sexta – 17 de maio
16h – Na terra do amor e ódio
19h – Flores do Oriente
Clique no link a seguir para as sinopses: >>> folder_conflitosABR05
A mostra “Conflitos armados, massacres e genocídios na era contemporânea”:
O século XX foi caracterizado, por Eric Hobsbawn, como uma “era de catástrofes”, isso porque, somadas as duas guerras mundiais aos longos anos de Guerra Fria, genocídios, massacres e etnocídios desvelaram o quanto as instituições formais, dos Estados às Organizações Internacionais, não deram conta de evitar que o Homem fosse o “lobo do Homem”, chegando à borda da própria destruição civilizacional.
A mostra busca mapear esses processos, a partir de produções fílmicas de diversos períodos (de 1974 a 2011) e por meio de diferentes linguagens (dramatizações, documentários e animações) desvelando aspectos da condição humana frente a poderes que, em essência, têm origem na própria condição humana, possibilitando-nos refletir e discutir sobre o flagelo humano e o direito à existência, nos momentos em que a humanidade mais careceu de justiça, quando o pior do Homem foi vertido contra o próprio Homem.
O espírito da mostra:
A mostra Conflitos armados, massacres e genocídios na era contemporânea é resultado de um esforço coletivo realizado por pesquisadores das mais diversas áreas das Ciências Humanas e Sociais, que têm se dedicado aos problemas da guerra e da paz, dos morticínios e de questões correlatas a conflitos armados de larga envergadura na era contemporânea, como deslocamentos populacionais, as condições de refugiados de guerra, a atuação das organizações internacionais, do Tribunal Penal Internacional, das organizações não-governamentais de ajuda humanitária, a atuação do terrorismo internacional etc.
Diferentes olhares possibilitam uma compreensão mais abrangente acerca de processos complexos e que refundam as sociedades humanas a partir da destruição e reconstrução de suas teias de sociabilidade, a partir do pior e do melhor que a condição humana pode dizer de si mesma.
Com este escopo, visitaremos os mais dramáticos eventos que marcaram o séc. XX: o Genocídio Armênio (de 1915 a 1917); a Guerra Civil Espanhola (de 1936 a 1939); o Holocausto Judeu (de 1938 a 1945); o Massacre de Nankim (em 1938); o Massacres de Katyn (em 1940); os ataques incendiários a Tókio durante a Guerra no Pacífico (em 1944); as bombas de Hiroshima e Nagasaki (em 1945); a Guerra do Vietnã (de 1955 a 1975); as ditaduras militares no Cone Sul (durante as décadas de 1960 e 1970); o Massacre de Chatila (em 1982); o Genocídio de Ruanda (em 1994), o Genocídio de Srebrenica (em 1995); o conflito Israeli-Palestino (de 1947 até o presente); o Genocídio de Darfur (em 2003) e as violações de direitos no contexto de “Guerra Preventiva ao Terror”, levada a cabo pelos Estados Unidos após os ataques de 11 de setembro de 2001.
Elegemos estes temas a fim de compor um quadro compreensivo mais geral dos processos morticidas que tiveram curso na era contemporânea. Para que isso fosse feito com objetividade e para que não caíssemos no desnecessário exercício enciclopédico, evidentemente, tivemos que empreender dois recortes que, esperamos, não tenham mutilado nosso objeto: um recorte cronológico e outro temático.
Em termos cronológicos, trabalhamos com a concepção de “breve século XX”, inaugurado pela Grande Guerra em 1914, proposta interpretativa de Eric Hobsbawm. Desta feita, entendendo como contemporaneidade este breve século (diferente do que seria determinar uma “Idade Contemporânea”, o que nos obrigaria à tradicional cronologia histórica), nos desvencilhamos tanto da cronologia histórica oficial que, a partir de uma perspectiva bastante eurocentrista determina como marco fundador da Idade Contemporânea a Revolução Francesa de 1789, bem como de outras visões que, apesar de consistentes, não servem para o tratamento de nosso objeto central.
Quanto ao eixo temático, qualquer crítica apontaria para a omissão de ocorrências de guerras como a da Coréia, por exemplo; bem como de genocídios como o Cambojano, perpetrado pelo Khmer Vermelho, liderado por Pol Pot, de 1975 a 1979 e o Genocídio de Curdos, praticado pelo regime de Saddam Hussein, no Iraque.
Ocorre que os conflitos armados, na forma das guerras convencionais ou do “choque de civilizações”, nos interessam apenas como plano possibilitador para a implementação de estratégias de aniquilamento de povos, etnias e nações inteiras. Fugindo também de sistematizações de caráter enciclopédico, que resultam sempre simplistas, elegemos casos paradigmáticos que nos possibilitam compreender o núcleo duro da problemática das violações de direitos em eventos morticidas.
Com isso, mapeamos um largo espectro, buscando nele, em meio a dinâmicas econômicas, conjunturas políticas, regimes ideológicos, práticas diplomáticas, militarias e complexas estratégias de guerra, tatear o que de fato nos interessa: a condição humana!