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Entrevista da prof. Sossi Amiralian com o Maestro Sebouh Abcarian (Kohar)

A renomada Kohar Orquestra Sinfônica e Coral, da cidade de Gyumri (Armênia), passou por São Paulo em novembro de 2012 com três apresentações magníficas e inesquecíveis no Auditório Ibirapuera (clique aqui e leia matéria).  

Kohar, Armenia, GyumriO Informativo Armênia – por meio de sua redatora, a professora Sossi Amiralian – entrevistou o Diretor Artístico e Maestro da Kohar  Sebouh Abcarian, e mui gentilmente cedeu a entrevista para ser publicada no Portal Estação Armênia para apreciação dos nossos leitores. 

Sobre o Informativo:

O Informativo ARMÊNIA começou a ser publicado de forma sistematizada, no ano 2000, por iniciativa do Rev. Aharon Sapsezian (In memoriam),que com o apoio da esposa Zabel, foram enviando da Suiça, aos armênios do Brasil, informações sobre a Armênia e a Diáspora, cerca de duas a três vezes por mês. 

Posteriormente, colaborou com a equipe a Prof. Sossi Amiralian, que atualmente publica o Infomativo ARMÊNIA 2013 – Notícias Locais, a aproximadamente 400 leitores inscritos e também é reproduzido aqui no Portal Estação Armênia (saiba mais, clique aqui).

 Leia a entrevista abaixo:

Sossi Amiralian: – Maestro, de acordo com nossa percepção, seus concertos nos transmitiram através da música, valores transformadores que reacenderam nossa identidade de armênios: a beleza, a emoção, o patriotismo e um virtuosismo excepcional, digno da admiração de todos nós.
Gostaríamos de ouvir, em suas palavras, qual seria a mensagem da Kohar para os armênios?

Maestro Sebouh Abcarian: – Na verdade, não se trata de méritos pessoais. Kohar é mais o resultado de um projeto que nasceu com a visita da Sra. Kohar Khatchadourian a Gyumri, Armênia, e com a pessoa responsável do conjunto, Sr. Harout Khatchadourian, residente no Líbano, patrono da Kohar; inspirado pela visão de Mesrop Machdots, cuja criação ajudou a manter a identidade armênia através dos séculos. Eu sou apenas o transmissor. A mensagem da Kohar é para o povo da Diáspora, a de reavivar o chamado do sangue dos armênios que vivem em terras estrangeiras.

Sossi: – Maestro, ao longo de sua vida, rememorando suas experiências, quais foram as mais significativas, ou, se preferir, qual foi a que mais lhe marcou e que possa “iluminar” também a nossa?

MSA: – Quando eu tinha 17 anos, participei de um concurso internacional de dança organizado na Sorbonne, em Paris. Fui bem sucedido com a dança armênia, entre 25 países concorrentes e para surpresa minha, recebi os cumprimentos entusiasmados do poeta Archag Tchobanian (*) que nos assistia; também vivia em Paris. Sentia falta de relacionamentos e conversação com armênios. Conversamos bastante e ele, querendo continuar a falar em armênio, convidou-me para sua casa que ficava perto do Metrô. Morava num quarto simples, abarrotado de livros nas prateleiras, mesa, cadeiras, no chão e até mesmo sobre a cama. Num dado momento, observei aí, algo coberto por uma folha de jornal, que chamou minha atenção. Ao poeta se afastar um pouco, curioso, coloquei minha mão, ergui a ponta do jornal e vi, num relance … uma cebola e um pedaço de pão seco!… Este encontro foi em 1952.

Sossi: – (Encontro impactado pela pobreza do poeta) – Fome, não é mesmo, Maestro? – (NR*) Archag Tchobanian (1872-1954) Istambul/Paris, escritor e pesquisador da literatura medieval armênia, escreveu Cantos populares armênios, Os trovadores armênios, Roseiral da Armênia.

MSA: – (Silêncio e comoção). 

Sossi: – Caro Maestro, quanto ao simbolismo das imagens, com referência à arvore que aparece repetidamente, de que espécie seria e qual o significado?

MSA: – Não importa a espécie que for, a árvore é um conceito. É a nossa árvore, a árvore de todos os armênios, nossas famílias, desde as nossas raízes mais antigas que remontam à chegada da família de Noé, até hoje, com suas ramificações, compondo um todo só, compacto, i.e., um povo só.

Sossi: – E o emblema do leão estilizado na bandeira de “Guiliguiá”, o que representa?

MSA: – São os leões de ataque, de coragem, guardiões de nossas terras, do Reino da Cilícia. Significa que não podemos aceitar o que os turcos declaram ser deles: Marach, Aintab, Adana, Zeitun… Temos toda uma história. Armênios, acordem, reergam-se, continuem a propagar a armenidade! Esta é a mensagem de “Guiliguiá” que continua através da Kohar – exemplo disso são a própria família Khatchadourian que criou em Beirut uma biblioteca de 1400 hinários armênios, sendo que o mais antigo foi publicado em  1833, 400 Dicionários, o mais antigo deles publicado em  1749, livros sobre “Guiliguiá” e  manuscritos armênios. A Biblioteca KOHAR é aberta para o público e  visa perpetuar a cultura armênia.

fim,



SEBOUH ABCARIAN

O Maestro Sebouh Abcarian desenvolveu alguns aspectos importantes da História do Reino da Cilícia, referindo-se, entre outros, à influência da Família Lusignan e suas relações com a França, China, Rússia, bem como pesquisas realizadas nas bibliotecas sobre os tesouros da História da Armênia. Esclareceu o porquê das relações armênias com os franceses, até hoje.

Deixamos aqui registrados nossos agradecimentos ao Maestro e ao Patrono da Kohar, pela gentileza de concederem, respectivamente, entrevista e foto para o Informativo ARMÊNIA 2012 – Notícias Locais.

Sossi Amiralian

(Redatora)    

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