O governo Biden está considerando reconhecer o genocídio de armênios pelo Império Turco-Otomano, segundo Ian Bremmer da GZero Media, antes do próximo 24 de Abril, dia da rememoração do início do Genocídio Armênio.
Caso o rumor se confirme, Joe Biden se tornaria o primeiro presidente dos Estados Unidos a reconhecer o assassinato sistemático de cerca de um milhão e meio de armênios entre 1915 e 1923 como um genocídio, uma medida já tomada pelo Senado e pela Câmara dos Representantes em 2019.
A adoção da medida pelas duas câmaras do Congresso dos EUA ocorreu em um momento em que a intervenção militar do presidente turco Recep Tayyip Erdogan no norte da Síria havia prejudicado as relações já tensas entre seu governo e o establishment político dos EUA. Agora, além do contínuo atrito nas relações entre os Estados Unidos e a Turquia, cerca de 38 senadores enviaram uma carta pedindo ao presidente que reconhecesse o genocídio.
As atrocidades começaram com a prisão de intelectuais armênios em Constantinopla em 1915 e continuaram com um programa centralizado de deportações, assassinatos, pilhagens e estupros até 1923. Armênios comuns foram então expulsos de suas casas e enviados em marchas da morte através do deserto da Mesopotâmia sem comida ou agua.
Esquadrões da morte otomanos massacraram armênios, que em 1914 estimavam-se 2 milhões e em 1923 foram reduzidos a apenas 388.000.
A Turquia admite que muitos armênios que viviam no Império Otomano foram mortos em confrontos com as forças otomanas durante a Primeira Guerra Mundial, mas contesta os números e nega que as mortes foram sistematicamente orquestradas e constituem um genocídio.
“Como ouvi da Casa Branca, o presidente Biden vai reconhecer a morte de armênios em 1915 sob o governo otomano como um genocídio”, disse o cientista político americano Ian Bremer à GZERO Media. Bremer disse que “Biden prometeu durante sua campanha que faria o movimento se eleito”, apontando que o vice-presidente Kamala Harris foi co-patrocinador da decisão do Senado de reconhecer o genocídio dos armênios em 2019.
No início desta semana, uma coalizão bipartidária de quase 40 legisladores liderada pelo presidente do Comitê de Relações Exteriores do Senado, Bob Menendez, pediu a Biden que reconheça oficialmente o genocídio. O comunicado diz que “o governo está empenhado em promover o respeito pelos direitos humanos e garantir que tais atrocidades não se repitam […] Uma parte crítica disso é reconhecer a história”.
Durante sua campanha presidencial, Biden rememorou o Dia da Memória do Genocídio Armênio no ano passado.
“É particularmente importante falar essas palavras e rememorar essa história em um momento em que somos lembrados diariamente do poder da verdade e de nossa responsabilidade compartilhada de enfrentar o ódio – porque o silêncio é cumplicidade”, disse ele. “Se não reconhecermos, lembrarmos e ensinarmos nossos filhos sobre o genocídio, as palavras ‘nunca mais’ perderão o significado”, completou.
Como candidato presidencial democrata, Biden tuitou em 24 de abril do ano passado: “Se eleito, prometo apoiar uma resolução reconhecendo o genocídio armênio e tornarei os direitos humanos universais uma prioridade.”
As administrações anteriores, de Barack Obama, George W. Bush and Bill Clinton, também prometeram reconhecer o genocídio quando estavam em campanha, porém a promessa não se concretizou quando eleitos. Donald Trump nunca explicitamente declarou que reconheceria o genocídio, embora por diversas vezes deixou implícito que atenderia os anseios da diáspora armênio-americana e, assim como os presidentes anteriores, se limitou a emitir um comunicado de condolência pelas vítimas no 24 de Abril, sem nunca citar “a palavra g”.
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