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Por que o New England Patriots está falando da Armênia?

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Por Cindy Boren

As chuteiras de Cam Newton, quarterback do Patriots, usadas para a campanha anual Minhas chuteiras, Minha causa da NFL, estão sendo leiloadas para beneficiar o Fundo Armênia. (Peter Joneleit/Associated Press)

A mensagem estampada no equipamento usado por Cam Newton pode ter sido obscura para muitos fãs. “Paz para os armênios”, diziam as chuteiras usadas no mês passado pelo quarterback do New England Patriots. Mas foi apenas um apoio internacional de um time famoso por seu hiperfoco no futebol americano, feito em amparo a um funcionário que atua principalmente nos bastidores.

O cargo de Berj Najarian com os Patriots é o de diretor de futebol e administração do técnico principal, mas durante o mandato de Bill Belichick no New England ele poderia ser chamado de braço direito do treinador. As amplas funções de Najarian envolvem ser “a pessoa responsável pelas operações do dia-a-dia do time” e “uma ligação entre os departamentos de futebol e não futebol”, de acordo com o site do Patriots. No perfil do New York Times, o ex-assistente de Belichick, Bill O’Brien, referiu-se a Najarian como o “consigliere” do time de Belichick; o proprietário Robert Kraft o chamou de “uma de nossas armas secreta”.

Najarian também é um armênio-americano cujo avô era um sobrevivente do Genocídio Armênio que perdeu seus pais aos 10 anos. O apoio da equipe à Armênia, que fica no oeste da Ásia, a leste da Turquia, já foi discretamente exibido antes, como quando Belichick usou na lapela um pin da bandeira da Armênia durante a visita do time à Casa Branca em 2015. Mas os esforços de Najarian e, por extensão, do Patriots, tornaram-se mais explícitos nos últimos meses, à medida que uma nova guerra com o vizinho Azerbaijão eclodiu do conflito de décadas entre os países.

Seu feed do Instagram é amplamente dedicado à causa armênia. Ele falou com os jogadores do Patriots sobre isso e colocou uma bandeira armênia em seu escritório. “Realmente me impressionou ver tudo o que acontecia”, disse Najarian (por meio do Armenian Mirror-Spectator), acrescentando que começou a usar as redes sociais à medida que se tornava mais audaz, com o apoio do treinador.

Ao ver a bandeira, os jogadores também se interessaram. “Honestamente, acho que muito disso se deve ao fato de que nossos jogadores são muito conscientes socialmente”, disse Najarian. “Eles fazem muitos trabalhos com a comunidade, e isso se intensificou principalmente neste ano. Isso remonta à primavera, quando muitas coisas estavam acontecendo em todo o país em termos de justiça social e racismo.”

Newton trouxe a mensagem durante a campanha anual “Minhas chuteiras, Minha causa” da NFL, na qual os jogadores personalizam suas chuteiras para instituições de caridade, iniciativas de justiça social e questões importantes para eles. As chuiteiras estão em leilão online para beneficiar o Fundo Armênia, com sede nos EUA. Até o dia 23 de dezembro o lance mais alto foi de $8.700 dólares.

O apoio chegou até mesmo ao reticente Belichick, que conheceu Najarian na década de 1990, por meio do New York Jets. Belichick usou o pin na Casa Branca um dia antes da rememoração do 100º aniversário do início do Genocídio Armênio, durante o qual, segundo estimativas, 1,5 milhão de armênios foram mortos na Turquia e regiões vizinhas.

Bill Belichick exibiu o pin da bandeira armênia de Berj Najarian quando os Patriots visitaram a Casa Branca em 2015 (Win McNamee/Getty Images)

“Era muito simples”, disse Najarian sobre o gesto de Belichick durante uma aparição naquele ano no Clube dos Homens da Igreja Armênia St. James em Watertown, Massachusetts. “Ele conhecia o pin e o reconheceu. Eu contei a ele sobre meu avô. ”

O Congresso reconheceu as mortes como genocídio no ano anterior e Najarian aproveitou a oportunidade para pressionar Obama sobre a decisão de seu governo de não chamar de genocídio em seu comunicado oficial. “Essa é difícil”, disse Obama. “Estou tentando prevenir genocídios futuros.” Najarian continuou. “E o Papa?” ele perguntou. “Bem, o Papa não tem um governo para governar como eu.”

Belichick fez mais gestos públicos neste outono. Em 31 de outubro, ele emitiu no Instagram uma declaração de apoio aos armênios no conflito do país com o Azerbaijão sobre a região disputada de Nagorno-Karabakh (Artsakh), em que dizia: “Espero e rezo pela paz, justiça e a segurança dos bravos soldados que estão lutando pelo reconhecimento e pela liberdade de sua nação” e pediu doações para o Fundo Armênia.

Em 17 de novembro, dias após a Armênia e o Azerbaijão concordarem com um cessar-fogo mediado pela Rússia, durante uma de suas coletivas de imprensa semanais, foi feita uma pergunta inócua sobre uma carta enviada pelo secretário de defesa interino Christopher C. Miller na qual Miller citou Belichick dizendo que os funcionários deveriam “fazer seus trabalhos”.

“Eu quero dizer, já que estamos no assunto, que li o ponto [de Miller] sobre o combate às ameaças [transnacionais], e não pude deixar de pensar e ter esperança … Espero que nosso país tome medidas contra a Turquia e Azerbaijão por seus ataques não-provocados e mortais aos armênios”, disse Belichick a repórteres (via Boston Globe). “Vimos que quando crises humanitárias e coisas assim, como limpeza étnica, ficam impunes, continuam a acontecer. Espero que possamos acabar com isso.”

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