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O adeus ao benemérito armênio Carlos Kherlakian

No último dia 9 de agosto, a coletividade armênia de São Paulo ficou órfã de um seus mais honrados filhos. Aos 90 anos de idade, faleceu Carlos Kherlakian.

Com uma história que se funde com a da própria coletividade, Carlos Kherlakian foi um grande benemérito, altivo patriota, incentivador cultural, entre tantos outros adjetivos que possam ser dirigidos a sua pessoa. Desde a SAMA até as diferentes vertentes da igreja armênia estabelecidas na Capital Paulista, sempre foi um multiplicador da armenidade.

Ele deixa um grande legado com filho, pai e avô e bisavô.

O Portal Estação Armênia, por meio de seu conselho editorial, estende às condolências à todos os familiares e amigos do Sr. Carlos Kherlakian.

 

Leia abaixo uma biografia de Carlos Kherlakian 

 

Sr. Carlos Kherlakian/ Foto: Antranik

A história da família Kherlakian teve inicio em Marash, região habitada por armênios dentro do Império Otomano, onde viveu e morreu seu avô Hagop Aga, um ativista e defensor dos armênios na época em que os turcos planejaram e realizaram o genocídio contra nosso povo a partir de 1915.

Serop e Anna, pais de Carlos, casaram-se em Marash e vieram para o Brasil em 1925 com seus 6 filhos. Eram eles: Zequi, Abílio, Olga, Naime, Affonso e Avedis Clemente.

Carlos Kherlakian nasceu em São Paulo no dia 1 de agosto de 1930. Nos seus primeiros anos escolares frequentou a escola evangélica Armênia e, posteriormente, com a vinda do Padre Vicente Davitian, organizou-se na escola São Cristovão os curso do primário ao ginásio, onde frequentou até seus 10 anos.

Formou-se no curso técnico de contabilidade, ingressando posteriormente na Faculdade de Direito em Bauru, porém não formou-se, pois abraçou a vida política na qual foi eleito deputado estadual no ano de 1954, no auge de seus 24 anos, sendo o mais novo deputado eleito pelo partido P.R.T. ( Partido Republicano Trabalhista).

Em 1958 foi eleito pela 2ª vez sendo o mais votado da legenda pelo partido de Plínio Salgado. No mesmo ano, casa-se com a sra. Hatuna Semerdjian. Frutos deste matrimônio nascem os irmãos Carlos Alberto, Márcia e Denise.

Na década seguinte, em 1962, foi eleito pela 3ª vez, sendo novamente o mais votado. Após o falecimento de seu irmão Affonso, viu-se no dever de voltar a trabalhar nos negócios da família e deixou a política de lado.

Esteve sempre atuante dentro da Comunidade Armênia, abraçando as três Igrejas (Evangélica, Católica e Apostólica) e várias entidades sendo mais presente em algumas delas como o EJB (Escola Armênia) e a SAMA (Clube Armênio).

De fé Católica, foi recebido por dois ícones da religião: pelo Papa João Paulo II no ano de 2001, por ocasião 1700 anos de cristianismo na armênia, e também pelo Patriarca de Todos os Armênios, Vasken I, em Yerevan, no ano de 1961.

No esporte praticou diversas modalidades desportivas, destacando-se na agremiação do São Paulo Futebol Clube, como diretor e vice-presidente. Nos últimos anos se manteve como conselheiro deliberativo vitalício da agremiação que Carlos sempre amou e defendeu calorosamente desde os tempos do antigo Canindé.

Tendo a fé como base fundamental da sua vida, dedicou seu tempo à sua família, filhas, genros, netos e bisneto.

Sr. Carlos costumava proferir o seguinte lema aos seus irmão da coletividade armênia: “Unidos, Seremos sempre uma força.”

 

 

Fatos da vida pública:

– Audiência especial concedida pelo Papa Pio XII em 1958.
– foi condecorado com uma comenda pelo Papa João XXIII
– foi também condecorado com outra comenda pelo glorioso exercito brasileiro.
– Representou a Assembleia Legislativa em um congresso internacional eucarístico no Rio de Janeiro, onde entre centenas de cardeais destacou-se o Cardeal Agajanian, o qual a convite do governo do Uruguai viajou em sua companhia em um avião cedido pela FAB ( Força Área Brasileira).

 

Sobre o autor

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Jornalista de formação, é editor-chefe do site Estação Armênia.

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