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Para Bethel Bilezikian Chakourian, Garo Paylan e Martin Luther King

Toda terceira segunda-feira de janeiro é feriado nos EUA. É uma data próxima ao aniversário do Dr. Martin Luther King Jr. , líder do movimento pelos direitos civis nos EUA, contra o racismo. Essa data já era comemorada pelos ativistas afro-americanos como forma de lembrar da luta pela cidadania. Em 1983, atendendo o pedido do movimento dos direitos civis, o Presidente Ronald Reagan sanciona a lei que define a data como feriado.

Pouco a pouco todos os estados do país passaram a adotar o Dia de Martin Luther King ou MLK Day como um dos feriados mais importantes. Justo nessa semana, um presidente oriundo do movimento pela cidadania, um presidente afrodescendente, termina seu segundo mandato.  Lembro dos olhos marejados de Jesse Jackson na posse de Obama em 2008, ele que era assessor do Dr. Martin Luther King Jr e foi duas vezes pré-candidato democrata a presidência (1984 e 1988) via naquele dia a concretização de uma parte de sua luta.

Esse MLK Day tem o signo da dúvida. A  semana é de posse de uma pessoa estranha, de discurso esquisito e que parece desconhecer coisas básicas que não cabe aqui discutir.

Para nós armênios as esperanças de reconhecimento do genocídio de 1915 pelos EUA estão cada vez mais distantes. Se no governo Obama a sua política externa titubeou em alguns temas e promessas, como por exemplo o reconhecimento do genocídio armênio, o governo Trump parece que vai seguir o mesmo caminho. Um dos think tanks mais importantes e influentes dos EUA, o Washington Institute (pró-Turquia) lançou ontem um paper recomendando o governo Trump a bloquear qualquer demanda para o reconhecimento do genocídio. Tratam-se de lobbystas e intelectuais negacionistas com grande influência na campanha de Trump.

Bethel Bilezikian


No dia 28 de agosto de 1963, no meio das milhões de pessoas que se mobilizavam em Washington, alguns armênios se solidarizavam com aquela luta pelos Direitos Humanos por reconhecer a sua importância para todas as outras lutas. Bethel Bilezikian (foto acima) e outros jovens da época tinham noção clara disso. Me permito conjecturar: talvez se aprofundássemos ou tivéssemos aprofundando nossos laços com esses grupos militantes dos Direitos Humanos teríamos outro desfecho para nossa luta.  Mas nem isso é garantido.

O assunto é complexo demais. Justo nesses dias o deputado armênio do parlamento turco Garo Paylan foi suspenso de suas atividades legislativas por lembrar do Genocídio Armênio. Uma clara demonstração da ditadura de Erdogan. Poucas são as nossas opções de luta no campo internacional mas em todas elas é fundamental estarmos unidos. Espero estar errado mas tempos difíceis vem pela frente, não só para os armênios mas para a humanidade e civilidade.

 

James Onnig Tamdjian é Professor de Geopolítica e Relações Internacionais na FACAMP e pesquisador do Grupo de Pesquisa de Massacres, Genocídios e Conflitos armados da UNIFESP.

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Professor de Geografia e Geopolítica. Fleumático, colérico, sanguíneo e melancólico.

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