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Ancara decidiu, unilateralmente, abandonar o programa Europa Criativa, da Comissão Europeia. Segundo o porta-voz do órgão ao jornal alemão Bild am Sonntag, o motivo da decisão foi o projeto musical Aghet – Ağıt, patrocinado pela União Europeia, que tematiza o Genocídio dos armênios pelo Império Otomano, há mais de 100 anos atrás.
Após estrear na sala de eventos Radialsystem, em Berlim, o programa de iniciativa da Sinfônica de Dresden e do compositor e violonista berlinense Marc Sinan, de ascendência turco-armênia, foi apresentado no fim de abril de 2016 no Centro Europeu das Artes de Dresden.
Há alguns meses o embaixador da Turquia vinha insistindo para que a UE suspendesse seu patrocínio, porém a Comissão Europeia não se curvou à exigência. Em represália, Ancara agora se retira do acordo cultural assinado em 2014 com a UE, prevendo um total de 1,46 bilhão de euros em verbas de apoio a artistas.
O massacre da minoria cristã armênia entre 1915 e 1923 é um tema delicado para a Turquia. Como sucessora do Império Otomano, Ancara rejeita até hoje a classificação como genocídio das 800 mil a 1,5 milhão de mortes. Em 2 de junho de 2016, o Parlamento alemão reconheceu o Genocídio dos armênios – em que o Império Alemão também esteve envolvido. Desse modo, Berlim alinhou-se a cerca de 30 Estados e a figuras como o papa Francisco.
A Sinfônica de Dresden acredita que Aghet é um projeto de reconciliação, em que músicos alemães, turcos e armênios tocam lado a lado. O músico Marc Sinan e o diretor geral da orquestra, Markus Rindt, declararam-se estarrecidos com a decisão de Ancara.
“É pérfido se aproveitar de Aghet para punir artistas turcos. [O presidente turco, Recep Tayyip] Erdogan transforma a Turquia cada vez mais num Estado fechado.” Em novembro, o programa sinfônico será apresentado em Istambul.