Enquanto uma tentativa de golpe está em curso na Turquia, o presidente Recep Tayyip Erdogan apontou Fethullah Gulen como o organizador das ações. “Fethullah Gulen é um pregador muçulmano carismático que construiu, à partir de seu exílio nos Estados Unidos, um movimento político religioso, social e economico dotado de poder surpreendente de mobilização na Turquia e em mais de uma centena de países, com consequências imprevisíveis“, explica Pablo Kendikian , diretor da agência Prensa Arménia, além de autor de um livro sobre o líder religioso.
Gülen foi um parceiro Erdogan até que a aliança se rompeu em 2013 depois que a mídia do Movimento divulgou uma série de documentos sobre as investigações de corrupção no governo do então primeiro-ministro Erdogan que obtiveram ao se infiltrarem nas estruturas do estado turco.
Desde então Erdogan chama Gülen de organizador de uma campanha e o acusou terrorista. Nos últimos dias, houve um aumento na perseguição do estado contra seguidores e estruturas Movimento Güllen na Turquia e no mundo. “Güllen foi denunciado por ter criado um estado paralelo na Turquia com financiamento de contribuições substanciais de empresários e adeptos que ele ajuda a crescer economicamente. O Movimento Gülen é um dos principais atores e uma das organizações mais poderosas e influentes da Turquia moderna”, explica o livro” Fethullah Gulen“, publicado pela Editions Ciccus em 2014.
“Erdogan e Gulen são os extremos de uma mesma política. A luta pelo poder na Turquia tende a aprofundar-se ainda mais e a sociedade turca está presa nesta disputa“, disse Kendikian que também destacou a estreita relação de Fethullah Gulen com a Agência Central de inteligência norte americana (CIA). Anos atrás, Gullen e Erdogan eram parte da trama Ergenekon, um plano através do qual a cúpula das Forças Armadas turcas, defensores da ordem secular no país, foi decapitada e também serviu como uma ferramenta para perseguir opositores da ideia de islamização do estado turco.