No dia 21 de abril estreia em algumas salas de cinema de São Paulo o filme “Uma História de Loucura” do renomado diretor franco-armênio Robert Guédiguian, que já produziu mais de 30 filmes, entre eles “As Neves do Kilimandjaro” e “A Cidade Está Tranquila”.
O elenco conta com nomes como Simon Abkarian (Ararat, 1915, 007 Cassino Royale), Ariane Ascaride (As Neves do Kilimandjaro, Marius e Jeannette), Grégoire Leprince-Ringuet (Canções de Amor, Anjo da Guerra), Syrus Shahidi (Um Reencontro, 24 jours) e Razane Jammal (Caçada Mortal).
O filme começa mostrando a luta de Soghomon Tehlirian, o jovem armênio que executou Talaat Pashá em 15 de maio de 1918 em Berlim, numa das fases da operação que ficou conhecida como Nêmesis. Tehlirian foi levado a julgamento e absolvido pela corte alemã. Pela legislação vigente, a pena por matar o líder turco que controlava o Comitê União e Progresso e comandou o Genocídio Armênio seria de 5 anos de prisão a pena capital.
Quem leu “Um Genocídio em Julgamento” sabe do longo processo de julgamento, que aos poucos demonstrava ao júri os motivos do ato de Tehlirian. No filme, o julgamento deixa todo o processo mais real, imergindo o espectador no Tribunal. Após a deliberação do juri, Tehlirian é inocentado do crime de assassinato, mesmo sendo réu confesso e preso em flagrante.
O ato de Tehlirian criou um legado, não só para os tribunais alemães, mas principalmente para as gerações seguintes de armênios que lutavam pela reparação dos crimes do Genocídio Armênio. Sessenta anos depois, na França, o jovem Aram é a face de uma juventude que não se contenta em apenas lembrar dos mártires armênios ano após ano, sentindo a crescente necessidade de lutar pela causa, assim como fez Soghomon Tehlirian. Seus pais eram de uma geração que já se conformara com os crimes, apesar de manter bem vivas as tradições armênias com danças, comidas típicas e religião. O Genocídio se limitava às missas de 24 de Abril, seguidas de procissão ao monumento armênio.
Aram, assim como diversos jovens da sua época na Europa, tiveram disposição para lutar, em todos os sentidos da palavra, pelo reconhecimento. O forte desejo de vingança que ressurgiu nos anos 1980 na diáspora foi seguido de diversos atentados à autoridades e dirigentes turcos e da formação de uma célula em Berlim, de onde os revolucionário armênios planejavam ataques à Europa inteira.
O filme nos leva a reflexão em diversos momentos sobre a rotina dos atos de rememoração em Abril e a necessidade de uma luta mais incisiva pelo reconhecimento (já que do lado de lá o lobby pra esconder a história também é constante), mas também somos pegos nos perguntando até que ponto a luta deixa de ser benéfica à causa, e a sede desenfreada de vingança causa apenas mais dor e sofrimento no lugar de reparação.
Os ataques aos turcos fizeram o mundo conhecer as reivindicações armênias e o Genocídio perpetrado início do século, em que pese o alto custo de vidas inocentes que não tinham nada a ver com a questão É o caso de Gilles, um jovem francês atingido em um dos atentados de Aram quando passava próximo do alvo dos guerrilheiros armênios. Após ser ferido pelo atentado, Gilles começa a se imergir na cultura armênia para entender os motivos que levaram os armênios a realizar esses ataques..
“Uma História de Loucura” nos faz refletir sobre o que deveríamos fazer pela história e memória de nosso povo, mas, principalmente, como deveríamos fazer isso. É suficiente mantermos nossa cultura viva longe de nossas terras, que criemos uma família fundada nas tradições e linguagem armênia, provando assim que o plano turco de extermínio falhou? Será que é necessário o uso da força e agressividade para que a causa possa ser conhecida e reconhecida? Até que ponto ainda estamos lutando pela reparação de um crime e até que ponto isso se torna loucura?
Assista o trailer, abaixo:
Serviço:
Uma História de Loucura
Cine Reserva Cultural (São Paulo)
14:00 – 16:30 – 19:00 e 21:30
Para saber mais sobre ingressoas, acesse: www.ingresso.com/sao-paulo/home/local/cinema/reserva-cultural
Título Original: Une Histoire De Fou
Direção: Robert Guédiguian
Roteiro: Robert Guédiguian And Gilles Taurand
Produção: Robert Guédiguian E Marc Bordure
Fotografia: Pierre Milon
Edição: Bernard Sasia
Gênero: Drama
País: França
Ano: 2015
Cor
Duração: 134 Minutos
Classificação: A Definir
Elenco: Simon Abkarian, Ariane Ascaride, Grégoire Leprince-Ringuet, Syrus Shahidi
Na web:
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Mais informações:
– Seleção Oficial – Festival de Cannes 2015
– Baseado na autobiografia de José Antonio Gurriaran “La Bomba”
O que dizem sobre:
“uma cartilha útil para a compreensão das décadas de injustiça que o genocídio armênio produziu” – The Guardian
“uma discussão apaixonada e emocionante sobre a memória e a vingança , a justiça e o perdão.” – Le Monde