Universidade da República do Uruguai é o único centro que combina ensino, pesquisa e extensão universitária do país.
Texto: Adriana Nazeli Topalian.
Roberto Markarian foi escolhido reitor da Universidad de la República (UDELAR) e tomou posse o dia 4 de setembro. O fato é motivo de grande orgulho para a comunidade armênia do Uruguai e para todos os uruguaios.
No Uruguai só existe uma universidade pública e gratuita: a Universidad de la República (UDELAR). E a instituição é a única que combina os três pilares da educação superior: ensino, pesquisa e extensão.
A UDELAR tem 165 anos de história e em 2013 atingiu a marca de 130 mil alunos matriculados. No Uruguai não existe o vestibular, as pessoas ingressam na universidade após ter concluído o ensino médio. Isto acontece também nas poucas faculdades particulares que existem.
Ser o reitor da UDELAR, a maior casa de estudos do país, é comandar uma das instituições mais tradicionais e mais democráticas do Uruguai. Mas esse comando é partilhado com os estudantes, os professores e os ex-alunos.
Roberto Markarian
Markarian (eumus.edu.uy)
Roberto Markarian nasceu em 12 de dezembro de 1946.
Conta que desde pequeno já trabalhava ajudando no mercadinho de propriedade da sua mãe, no popular bairro La Unión. Tem uma filha chamada Vânia e um neto que nasceu em julho deste ano.
É doutor em Matemática, diploma que obteve na Universidade Federal de Rio Grande do Sul (UFRGS).
Ná década de 1960 desempenhou atividades docentes no Instituto de Matemática e Estatística da Faculdade de Engenharia. Foi professor assistente na matéria Matemática II na Faculdade de Ciências Econômicas e Administração.
Concursou em 1971 e, por méritos e provas, obteve o cargo efetivo como professor no IME. Ocupou o cargo até 1989, porém entre 1976 e 1982 a ditadura militar o afastou.
Por suas ideias políticas esteve na prisão de 1976 até 1982.
Desde 1985 é professor grau 5 (máximo reconhecimento no Uruguai) na UDELAR.
Tem um amplo histórico de atividade sindical como estudante e como docente. Representou ambos na Assembleia (AGC) e no Conselho Diretivo Central (CDC) da UDELAR.
É autor de 45 publicações, incluindo artigos em revistas científicas, livros tanto de investigação científica, quanto de temas referidos à educação.
A eleição
As autoridades universitárias no Uruguai não são indicadas pelo governo, se escolhem democraticamente na Assembleia Geral do Claustro, onde estão representados os estudantes, os professores e os ex-alunos já formados.
Na Assembleia Geral, Markarian obteve 55 votos a favor, contra 41 do outro candidato Alvaro Rico, quem representava a continuidade da gestão do ex-reitor, Rodrigo Arocena que ocupou o cargo por dois períodos consecutivos.
A posse
O novo reitor tomou posse o dia 4 de setembro em ato solene com a presença do Presidente José Mujica, ministros, estudantes e professores. Em seu discurso Markarian falou sobre como será a sua gestão: “vou priorizar o papel da universidade no interior do país, e a criação de um sistema de bolsas.”
Arrancou palmas da plateia ao falar “defendo que o país tenha uma educação de qualidade, mas isso não depende somente de nós (da universidade)”.
Alguns estudantes gritaram no dia da posse que Markarian acabaria com as reformas e ele respondeu aos jornalistas que mais que um reformista ele se sente um revolucionário, dizendo: eu vou “revolucionar a universidade”.
Ensino superior no Uruguai e os desafios do novo reitor
A UDELAR é a principal casa de estudos do Uruguai. Também existem algumas faculdades particulares que cumprem a função de transmissão de conhecimentos, porém não são produtoras de conhecimento científico e nem possuem programas de extensão universitária no nível da UDELAR.
O acesso à UDELAR no Uruguai é gratuito e universal. O candidato pode ter qualquer idade, e não importa se já estudou antes outra carreira na UDELAR. O único requisito e ter concluído o ensino médio.
Os desafios para o novo reitor Markarian são: melhorar a inserção da universidade no interior e criar um sistema sério de bolsa e ajuda aos estudantes. A UDELAR tem 130 mil estudantes dos quais 93 % estudam na capital, Montevidéu, e 7% se distribui nos centros universitários regionais no interior.
Se por um lado é verdade que Uruguai é um pais pequeno, ir estudar na capital acaba tendo altos custos para as famílias. Dai que surge a necessidade de criar um sistema de bolsas de ajuda ou criar mais carreiras no interior.
Fontes consultadas:
– http://www.snep.edu.uy/files/2013/12/vii_censo_de_estudiantes_de_grado_2012.pdf
Parabéns a ele e que seja feliz em sua gestão