Artigo escrito por Matheus Mekhitarian.
Desde cedo, o futebol já corria nas veias de Henrikh Mkhitaryan. O meia titular da seleção da Armênia, recém transferido ao futebol alemão, teve como inspiração seu pai, Hamlet Mkhitaryan.
Hamlet, que nasceu em 1962, atuou no futebol nacional armênio e também teve uma passagem pelo futebol francês. Em sua carreira, Hamlet marcou mais de 100 gols e se aposentou em 1995, vindo a falecer precocemente no ano seguinte, vitima de um tumor no cérebro.
Hamlet não teve a oportunidade de ver o seu filho Henrikh dar os primeiros passos no futebol profissional, tão pouco viu o menino, que se tornou o maior jogador armênio da história, a se aventurar aqui mesmo no Brasil, em 2003, quando tinha apenas 14 anos de idade.
Exatamente, Henrikh teve uma experiência no país do futebol ao passar pelas categorias de base do São Paulo Futebol Clube. Tal experiência foi proporcionada devido a um acordo de intercâmbio entre o time da Vila Sônia e a Federação de Futebol Armênia.
A história de Mkhitaryan no Brasil ficou conhecida devido à uma matéria publicada aqui no Portal Estação Armênia contando o fato histórico. Junto à matéria foi publicada a foto (acima) de Heno junto com o jogador Hernanes no centro de treinamento do SPFC, em 2003, imagem que foi cedida cordialmente pela família Yeginerian.
Assim que a matéria foi publicada, redações de diversos jornais e revistas entraram em contato com os editores do Estação Armênia para saber como contatar os Yeginerian’s.
Em 14 de julho, o jornal A folha de São Paulo publicou a matéria “ ‘Neymar’ armênio de R$ 81 mi foi descartado no Morumbi‘. “
O fato é que Heno, como é carinhosamente chamado o craque, veio para o Brasil com mais dois colegas armênios, um de 15 e o outro 16. Vasken Yeginerian, brasileiro descendente de armênios, que foi como um tutor para estes meninos revelou a mim que Mkhitaryan ja era diferenciado e tímido, disse também que o grande treinador Cilinho, responsável por revelar grandes craques do tricolor como Muller e Palinha, havia dito que Henrikh tinha futuro. Ele acertou!
No SPFC, Mkhitaryan jogou com meninos que se tornaram grandes jogadores como o próprio Hernanes, já citado anteriormente e que hoje joga na Lazio, e com o zagueiro Breno.
Não aproveitado no time paulista, Henrikh volta para a Armênia. Passados alguns anos, já como profissional Heno se destacou atuando pelo Pyunik (clube mais expressivo do futebol nacional) e chamou a atenção do ucraniano Metalurh, que o contrata em 2009.
Em apenas uma temporada no Metalurh, Heno mostrou toda sua capacidade e despertou interesse do maior clube ucraniano, o Shaktar Donetsk, que não tardou a assinar com o armênio em 2010. Mkhitaryan viveu anos gloriosos no Shaktar e passou de promessa para realidade ao colecionar prêmios individuais e títulos expressivos. Na temporada 2012/13 chegou à incrível marca de 24 gols na Liga Ucraniana, estabelecendo um recorde na competição, número que impressiona ainda mais pelo fato de se tratar de um meio campista.
Após colecionar títulos, recordes e prêmios individuais, Mkhitaryan aceitou, em 2013, o que ate então havia de ser o maior desafio profissional de sua vida: Ser o camisa dez de um dos melhores times europeus da atualidade, o alemão Borussia Dortmund. O gigante desembolsou €27,5 milhões para ter o armênio no Signal Iduna Park, tornando-se a contratação mais cara da história do clube.
Fotos: Cortesia da família Yeginerian
Curiosidade:
Mkhitaryan é um legitimo poliglota. Ele fala, além do armênio, outros idiomas como o russo (grande parte dos armênios falam), o francês (devido ao fato de ter morado na França na época em que seu pai jogou por lá), o português (pela experiência no Brasil e pelo fato de no Shaktar ter inúmeros companheiros brasileiros) e o inglês.
Por ter passado parte de sua infância na França, Heno já admitiu que se inspira no craque francês Zinedine Zidane.
Abaixo uma foto do jogador armênio junto com alguns membros da coletividade no SAMA – Clube Armênio em São Paulo (Chaké Avedissian, Alberto (Baba) Kherlakian e Dona Anahid Marzbanian atrás do jogador e o sr. Piuzant Yeginerian, de camisa branca, à direita).