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Estação Armênia Entrevista: Der Boghos Baronian

Der Boghos Baronian nasceu em 1952, na cidade de Istambul (Turquia) aonde estudou até ser ordenado padre na Igreja Apostólica Armênia local. Alguns anos depois, casado e pai do primeiro filho, foi enviado ao Brasil em 1985 para ser um dos arcipresetes da Diocese da Igreja Apostólica Armênia do Brasil.

No mesmo ano foi ordenado Diretor Perpétuo Pároco da Igreja Apostólica Armênia de Osasco (SP), a primeira igreja armênia em solo brasileiro.

Passados 27 anos de sua vinda ao Brasil, recentemente Der Boghos foi convidado a participar da Missa Solene de inauguração do sino da Igreja Surp Giragos em Dyarbakir (atualmente na Turquia), danificado e demolido durante o genocídio armênio de 1915 (leia matéria sobre a missa solene, clique aqui). 

Ao desembarcar no Brasil de volta da Turquia, Der Boghos foi procurado pela equipe de jornalismo do Portal Estação Armênia para um bate papo repleto de informações.

Confira abaixo a mini entrevista:

Portal Estação Armênia:  Der Boghos soubemos de sua recente viagem para Istambul, sua cidade natal, e noticiamos a sua participação na inauguração dos sinos da Igreja de Surp Guiragos em Dikranagerd. Fale-nos sobre esse importante evento.

Der Boghos: Eu participei no sábado, dia 03 de novembro, da inauguração do sino da Igreja Surp Giragos em Dikranagerd(Diyarbakir) e também consagramos uma capela no pátio da mesma igreja, chamada de capela Surp Hagop. No domingo (04/11) também aconteceu a Missa Solene e, logo após, participei de um casamento (Veja no vídeo abaixo) onde ambos, noivo e noiva, eram nascidos em Yerevan, capital da Armênia. Eu visitei também as cidades Mardin e Midyat. Em Mardin, no centro, temos uma Igreja Apostólica Armênia e fora do centro, em Divrik, temos a Igreja Surp Kevork, sendo que nesta cidade só vivem duas famílias armênias. 

EA – Qual é a atual situação da Igreja Armênia na Turquia? 

D.B: Na Turquia não há problemas propriamente ditos com a igreja armênia. O Patriarcado Armênio funciona normalmente, as Igrejas celebram suas missas todos os domingos, e algumas igrejas também celebram missa durante semana. O bairro destas igrejas não tem muitos moradores armênios, mas durante a semana as igrejas ficam lotadas com peregrinos armênios. Fora da Istambul existem igrejas em Kayseri (Cesaréia), Iskenderun, Vakif kugh (conhecida por nós como Musa Dagh onde os moradores são totalmente armênios e pode em breve perder status de única aldeia armênia [Leia mais, clique aqui]). Nestas duas últimas temos um padre armênio que cuida da comunidade e também de Diyarbakir. Essas igrejas possuem coral que além de se apresentarem na igreja, cantam também cânticos tradicionais armênios: O Coral Asoghik da igreja Yerorortutyun(Santa Trindade) no bairro Beyoghlu e o Coral Surp Vartanantz que, recentemente, realizou concerto na Alemanha.
EA – Ultimamente recebemos notícias de que muitos armênios mantinham sua identidade em sigilo, chamados por muitos de cripto-armênios, e que nos últimos tempos eles tem revelado suas origens. Como anda a questão da identidade armênia dentro da Turquia?  

D.B: Essas pessoas primeiro apresentam identidade deles mostrando que são armênios, justificam que eles são descendentes de armênios e, juridicamente, mudam religião e tiram nova identidade, depois o Patriarcado de Istambul verifica a situação e batiza o indivíduo. Existem algumas cidades onde também é falado um dialeto armênio, a cidade Hemshin no nordeste da Turquia um desses locais.

 EA – E qual a sua impressão sobre o atual momento da armenidade na diáspora? 

D.B: A Diáspora é ativa hoje de qualquer maneira, independente da quantidade de armênios, mas claro que sofre com diversos problemas como a manutenção da língua, das tradições etc. Dependendo do país, por exemplo no Oriente Médio, que possuia uma armenidade forte e hoje está sofrendo com guerras, esses armênios da Síria, Iraque e outros países estão tendo os mesmos problemas do resto da Diáspora. Nossa obrigação é manter a armenidade principalmente nas famílias, é importante educar os filhos dentro de casa, incentivar a frequentar a igreja, a escola, os clubes, pois são nesses lugares que os jovens vão encontrar outros armênios, para ajudar e crescer como armênios.

 EA – Para finalizar algumas palavras sobre a tradicional comunidade de Istambul para os internautas leitores do Portal Estação Armênia. 

D.B: Istambul, como comunidade tradicional, mantém tradições armênias. Só em Istambul existem 22 igrejas e capelas armênias. Temos cemitérios armênios, alguns bairros, além de dois Hospitais: O Surp Pirgitch (São Salvador) quee dentro possui uma casa de repouso com muitos ocupantes idosos, e a igreja de Surp Hagop (São Tiago) que pertencia católicos armênios, e ali também há uma casa de repouso. No total são 19 escolas armênias que diariamente abrem as portas para alunos armênios. Dentro dessas escolas (5 delas com colegial) leciona-se a língua armênia, a cultura armênia e religião. Professores armênios ensinam armênio, ciências, Inglês e/ou Francês. Professores turcos também lecionam nessas escolas. São em torno de 2500 alunos

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