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Morre Antranik Manissadjian, médico de várias gerações


Morreu hoje (17), aos 97 anos, após um período de internação hospitalar, o Dr. Antranik Manissadjian, pediatra, professor emérito da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e figura central na coletividade armênia do Brasil.

Nascido em Alepo em 19 de junho de 1924, Antranik lidou com a dor desde muito cedo. Filho do casal Ardavazt e Dikranuhi (naturais de Garin), sobreviventes do genocídio armênio, o futuro médico perdeu o seu irmão caçula em um acidente doméstico desimportante, cujo diagnóstico equivocado por parte dos médicos à época fez com que a lesão causada por uma queda evoluísse para um hematoma subdural. Antranik afirmava que o acidente com o irmão o influenciou a cursar Medicina, ingressando na Faculdade de Medicina em 1942 entre os 62 aprovados em concorrido exame vestibular. Formou-se em 1949 e fez parte de uma das primeiras turmas em residência em pediatria do Hospital das Clínicas.

Na academia, o Professor Manissadjian defendeu tese de doutorado em 1968 e tornou-se professor titular da disciplina de Pediatria do Departamento de Clínica da FMUSP, em 1977, onde atuou até sua aposentadoria compulsória em 1994. Como professor emérito da instituição, Prof. Manissadjian seguiu como referência nacional em Pediatria, atuando no Hospital Sírio-Libanês e em seu consultório na Cidade Jardim.

Na coletividade armênia, Prof. Manissadjian era membro atuante. Por diversas vezes foi eleito para o Conselho Representativo da Igreja Apostólica Armênia do Brasil e para a presidência executiva da diretoria, acompanhando de perto as atividades do Externato José Bonifácio. Em todas as entidades, Prof. Manissadjian apoiava iniciativas em prol da armenidade e era respeitado por todos por seu trabalho e dedicação à sua comunidade. Sua dedicação de décadas foi reconhecida por comenda concedida por S. S. Karekin I, Patriarca Supremo de Todos os Armênios em Etchmiadzin. Ele prefaciou o livro “A Coletividade armênia do Brasil” escrito pelo padre Yeznig Vartanian recentemente publicado em português. A obra, escrita nos anos 1940, reúne centenas de biografias de diversos armênios relevantes para a consolidação da comunidade e entre elas, está a de Antranik Manissadjian, o único biografado vivo quando do lançamento desta edição em língua portuguesa. Com a passagem do médico e professor, a comunidade armênia do Brasil perde uma parte de sua história.

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