Pela primeira vez na história da coletividade armênia do Brasil, dois jovens locais alçaram voo para jogar futebol profissionalmente na pátria-mãe.
Os Paulistanos Wagner Gdikian Barreto (23), o Wagninho, de São Paulo, e Cauê Gudjenian, de Osasco, são esportistas destacados na colônia local. Ambos já defenderam as bandeiras da coletividade armênio-brasileira em diferentes disputas locais e internacionais como a Copa Armênia e os Jogos Navasartian (sulamericano).
Os dois abraçaram a oportunidade surgida, travaram todas as batalhas burocráticas necessárias entre CBF e FAF, e desembarcaram como a dupla de volantes do modesto time do Dilijan Football Club, que atualmente disputa a Armenian First League, torneio parecido com a Série B no Brasil por dar acesso à Armenian Premiere League, que equivale ao Brasilerão (Série A).
O campeonato começou em agosto e o Dilijan FC, que é baseado na cidade homônima, na província de Tavush com cerca de 13 mil habitantes, vinha de três derrotas consecutivas por placares largos (1×5 Aragats; 0x7 Urartu II; 1×4 Sevan) e mostrou certa melhora no jogo de estréia de Wagner, disputado no último dia 31 de agosto contra o Van, líder da tabela.
O Dilijan perdeu por 1×0 em casa (assista abaixo). Cauê havia estreado no time algumas semanas antes.
Na última sexta-feira, dia 20 de setembro, o Dilijan logrou sua primeira vitória, vencendo o Banaki Kentronagan por 3 a 2. Em busca de mais 3 pontos e certo conforto na tabela, hoje (24), o time não teve a mesma sorte em partida contra o Torpedo sendo derrotado por 2 a 1 em casa (UWC Dilijan).
A próxima partida do Dilijan FC é contra o Pyunik II no dia 30 de setembro, na casa do adversário.
Enquanto o time, fundado em 2018, tenta se firmar na tabela, conversamos com Wagner e Cauê para saber um pouco mais sobre a experiência que eles estão vivenciando:
Wagner:
A estreia positiva, tinha poucos jogadores inscritos. Demorou pra me inscrever, mas foi boa a experiência. Tomamos um gol no finalzinho, mas mostramos que a gente consegue brigar. O time é novo e pequeno. A estrutura geral ainda está sendo construída e a expectativa e que tudo dê certo.
Viver na Armênia é bem tranquilo, na questão de cultura, gastronomia, isso tudo é tranquilo. O clima é diferente, mas no inverno acho que vai ser mais ainda.
Estamos no interior, em Dilijan, uma cidade pequena mas com ar muito puro, muita vegetação e quase nada de carro e de poluição. Eu e o Cauê temos uma amizade antiga. O Caique (irmão dele) estudou comigo na UGAB quando eramos crianças. Noas afastamos um pouco depois, mas por conta da armenidade a gente retomou o contato. A gente tem se ajudado bastante aqui, é importante pra mim ele estar aqui e vice-versa. É uma grande pessoa e um ótimo jogador. Espero que tenhamos sucesso juntos por aqui. Gostaria muito de conseguir ter sucesso no futebol da Armênia.
Caue:
A minha meta de vir pra Armênia foi ter um ponto de partida para o profissional. E a expectativa é de fazer um bom trabalho no time e poder chegar quem sabe em times mais estruturados da Armênia. O futebol é bem diferente do que vemos no Brasil. A visão deles é muito diferente. É menos bola no chão.
Quando eu vim para o Dilijan, eu já tinha em mente que o Wagner viria. Sabendo que tem um brasileiro, que está na mesma situação que eu, como descendente, que não fala a língua, eu sabia que a gente poderia se ajudar nisso e se adaptar o mais rápido possível. A tudo, pois a adaptação é a parte mais complicada. Foi uma parte bem benéfica a vinda do Wagner.