Reuters
O culto de 24 horas por dia, 7 dias por semana, para impedir que uma família armênia fosse deportada da Holanda terminou após 96 dias no último dia 30 de Janeiro, depois que o governo concordou em abrir uma exceção às regras de imigração.
Utilizando uma lei que proíbe a polícia de entrar em ambientes de culto enquanto um serviço está em andamento, centenas de partidários da família Tamrazyan realizam rituais ininterruptos na igreja de Bethel, em Haia, desde 26 de outubro de 2018 para impedir sua deportação.
Um dia antes do termino do culto, o gabinete decidiu permitir que os Tamrazyans e outras famílias rejeitadas à residência permanente, depois de viver anos na Holanda, permanecessem no país.
As famílias, que juntas somam cerca de 700 crianças, não se qualificaram para uma isenção concedida a menores que moram na Holanda nos últimos cinco anos. Para evitar que outras famílias sem nenhuma outra perspectiva de se qualificar para a residência permanente tenham raízes na Holanda, o governo também tentará acelerar os procedimentos de asilo.
“Estamos incrivelmente gratos que centenas de famílias refugiadas tenham um futuro seguro na Holanda”, disse na quarta-feira um porta-voz da Igreja Betel, Theo Hettema. Mas também ponderou que a igreja estava preocupada com as consequências para a futura política de imigração.
A luta pelo “perdão das crianças” pressionou o governo de centro-direita do primeiro-ministro Mark Rutte, que tem apenas uma maioria de assentos na Câmara dos Deputados e parece estar prestes a perder a maioria do Senado em 20 de março.
O Partido Liberal de Rutte está tentando apresentar uma postura dura em relação à imigração, para evitar perder terreno para partidos da oposição, como o partido anti-islamita de Geert Wilders.
Embora a decisão tenha sido uma boa notícia para os Tamrazyans, chegou tarde demais para outra família, os Grigoryans. Essa família de cinco pessoas, com crianças de três a oito anos, foi deportada para a Armênia no início da semana passada, quando o gabinete começou a deliberar sobre o assunto.
“Isso é injusto e muito doloroso”, disse o advogado à agência de notícias holandesa ANP na quarta-feira. “Se a deportação deles tivesse sido adiada por alguns dias, a família teria permissão para ficar”.