Eric Bogosian, a estrela de “Lei e Ordem” e “Talk Radio”, falou para um público de cerca de cem pessoas no Cornell Club em Nova York sobre a sua carreira artística, suas origens armênias e seu projeto de pesquisa sobre Soghomon Tehlirian, o assassino de Talaat Paxá, arquiteto do Genocídio Armênio.
O evento “Procurando por Tehlirian” foi organizado pela filial nova-iorquina da Sociedade Cultural e Educacional ArmêniaHamazkayin e foi a palestra inaugural da Sessão Hamazkayin de Letras e Artes.
Respondendo a algumas questões de Avedis Hadjian, presidente do Hamazkayin de NY, Bogosian, que divide seu tempo entre as carreiras de ator, escritor e dramaturgo, fazendo dele o mais renomado ator armênio-americano da atualidade, começou falando sobre sua infância em Watertown, Massachusetts. “Meu avô costumava dizer que o mundo inteiro é armênio, pois todos nós somos descendentes de Noé”, disse o ator, provocando uma risada generalizada.
Bogosian convidou a plateia para ver sob um olhar diferente os armênios que, como ele, cresceram longe das instituições comunitárias, ainda que tenham sido armênios do seu próprio jeito e envolvidos em suas próprias atividades. Quando sua carreira artística começou a decolar, ele explicou ter sofrido pressões para trocar o seu sobrenome para algo menos “étnico” e mais atrativo para o grande público. “Você só conseguirá papéis como terrorista”, diziam para ele, o que não dissuadiu o autor.
“Quando você fará algo sobre o genocídio?”, os armênios-americanos perguntam a ele. “Quando você vai escrever uma peça com temática armênia?”. Porém, o ator nunca se sentiu compelido a escrever algo no qual as questões não teriam capacidade de serem dramatizadas.
Então, quando aconteceu o drama nas Guerras dos Bálcãs, nos anos 1990, Bogosian sentiu a conexão com a sua própria história. “Quando eu vi o que estava acontecendo na Sérvia, percebi que isso é o mesmo que aconteceu com a minha própria família”, disse ele. Então, ele se voltou para o genocídio e deteve a sua atenção na história de Soghomon Tehlirian.
A intenção inicial de Bogosian era de dramatizar o assassinato de Talaat em 15 de março de 1921, nas ruas de Berlim. Conforme ele mergulhava no tema, num processo que envolveu a montagem de uma biblioteca com mais de mil volumes sobre a história da Armênia e afins, Bogosian descobriu novos ângulos do plano do genocídio e do assassinato de seus arquitetos, que até então eram relativamente desconhecidos. Ele disse que o drama armênio, num contexto geopolítico, envolvera a Alemanha, Grã-Bretanha e uma corrida pelo controle do Mar Cáspio e do petróleo do Oriente Médio, tendo Calouste Gulbenkian desempenhado um importante papel nesse processo.
Essa descoberta e outras deram um empurrãozinho para Bogosian transformar o seu projeto num livro de não ficção, que ele espera que seja lançado no final desse ano ou em 2013, se as pesquisas e estudos continuarem nesse ritmo. Sua investigação inclui uma entrevista com Sylvia Natalie Manoogian e uma tentativa fracassada de ver os documentos de seu pai, o poeta armênio Shahan Natalie, o cérebro da “Operação Nemesis”, que planejou a morte dos autores do Genocídio Armênio. “São secretos”, disse Natalie Manoogian, acerca dos escritos do pai sobre a operação que resultou na morte de Djemal, Talaat, Said Halim e outros.