O escritor e linguista turco de origem armênia Sevan Nişanyan, que estava preso e sofrendo maus tratos no cárcere desde 2014 na Turquia, acusado de conduta ilegal, escapou da prisão esta semana segundo a imprensa do país.
Na sexta-feira passada, dia 09 de julho, Nişanyan não retornou à prisão de segurança mínima na qual estava cumprindo regime semi-aberto. Uma mensagem foi publicada no Twitter do escritor: “O pássaro voou longe: os mesmos desejos aos 80 milhões restantes“.
Nişanyan foi preso na Turquia acusado de ter realizado uma construção “ilegal” em seu próprio jardim, acusações que eram obviamente constituídas por autoridades turcas que haviam procurado maneiras de silenciar o erudito escritor. Acredita-se que o escritor já deixou o país após sua fuga.
A própria mídia turca sempre disse que sua prisão era obviamente um esforço das autoridades turcas para enquadrá-lo, pois era um dos jornalistas mais críticos do regime turco de Erdogan.
Para tentar desvirtualizar, em outro caso, Nişanyan foi condenado por cometer blasfêmia contra o profeta Maomé em um post em seu blog.
Em setembro de 2016, Nişanyan foi condecorado com a “Medalha William Saroyan”, oferecida pelo Ministério da Diáspora da Armênia. Já preso e sem poder comparecer à cerimônia que aconteceu em Istambul, o deputado armênio Aragats Akhoyan recebeu a medalha no lugar de Sevan.
A notícia da fuga de Nişanyan vem em um momento no qual a ONU tem condenado veementemente a Turquia pela prisão de dez ativistas de direitos humanos do país – incluindo a diretora da ONG Anistia Internacional no país.
As prisões seguem uma onda de detenções de outros ativistas que estão sendo acusados infundadamente de participarem de organizações terroristas. Desde 15 de Julho de 2016, quando houve mais uma tentativa de Golpe Militar no país, a Turquia vem expurgando funcionários públicos, jornalistas, juízes, fechando centros culturais, veículos de comunicações e universidades.
Esta semana, legisladores suecos apresentaram uma queixa contra o presidente (ditador, sultão?) turco, Recep Tayyip Erdogan, acusando-o de genocídio, crimes contra a humanidade e crimes de guerra.
Cinco deputados ajuizaram a ação com o Ministério Público da Suécia pelo papel de Erdogan no conflito sangrento entre forças turcas e militantes curdos desde 2015 (leia mais aqui).
Em abril deste ano, o número de jornalistas presos na Turquia alcançou 228, um novo recorde mundial, conforme a repressão massiva contra a mídia crítica, independente e livre pelo regime autoritário do Presidente Recep Tayyip Erdogan.
“A Turquia é a maior prisão de jornalistas do mundo”. Mais da metade dos jornalistas que estão na prisão por todo o mundo estão na Turquia. O governo turco alega que todos os jornalistas foram acusados de crimes que não possuem relação com seus trabalhos jornalísticos.