Para mim, que nunca havia ido a nenhum evento do tipo, era difícil imaginar como seria interagir com jovens que – como costumava ouvir – têm os ideais semelhantes, se não iguais, aos que venho cultivando, mas com intensidades diferentes, devido ao meio que lhes proporciona maior número de atividades e ação.
Ao chegar em Buenos Aires, minha primeira surpresa foi a facilidade na comunicação, pelo menos entre os armênios, que demonstraram bastante paciência e colaboração na troca de idiomas. A interação e a simpatia fluíam rapidamente a cada novo contato que surgia, indo de perguntas e curiosidades iniciais a identificações que, talvez, não imaginássemos que tivéssemos, como as culturais e acadêmicas, por exemplo.
No sábado, primeiro dia de atividades, os jovens se reuniram na entidade esportiva Homenetmen, bastante frequentada por lá. Durante todo o dia, participamos de dinâmicas grupais e duas palestras com os temas: “Actualidad de Armenia y elecciones parlamentarias”, ministrada por Mario Nalpatian, e “Karapagh, conflicto y lobby azerí”, por Hagop Tabakian, ambas de extrema importância no que diz respeito à capacitação política dos ativistas da diáspora. Dentre os intervalos, comíamos e passávamos o tempo conversando, sendo que, durante esses momentos, não podia deixar de notar a união dos jovens que pareciam se encontrar todos os dias, mesmo os que eram de outras cidades, como Córdoba, na Argentina, e Montevideo, no Uruguai.
No domingo, logo pela manhã, seguimos ao colégio Jrimian, pertencente ao partido Tashnagtsutiun, onde os alunos têm contato desde cedo com o ativismo revolucionário, seus feitos e resultados, além de possuírem bastante espaço disponível para que, como me disse um dos ex-alunos, pudessem passar o tempo mesmo depois das aulas, sempre juntos. Lá foi ministrada a palestra “Activismo virtual”, por Viken Boyadjian, seguida de uma dinâmica em prol da discussão de ideias vindas de todos os jovens sobre o assunto. No meio da tarde, contamos com a presença da engueruhi Cecilia Karagueuzian, que comandou uma série de dinâmicas baseadas no tema “Voluntariado en Armenia, cada vez más posible”. As discussões foram se estendendo a muitas curiosidades e conversas sobre um ponto que quase não é divulgado no Brasil (voluntariar na Armênia), mas que muitos jovens dos outros países da diáspora, principalmente os sul-americanos (Argentina e Uruguai), os norte-americanos e europeus, que participam anualmente.
Após uma troca incansável de experiências e interações, as atividades chegaram ao fim, abrindo espaço a uma longa e saudosa despedida, com promessas de retorno e contatos a serem estendidos pela internet, sem contar os convites vindos de todos os lados para que mais brasileiros comparecessem às próximas reuniões. Despedi-me de todos com o melhor sentimento possível, unido à certeza de que coisas assim não terminam quando vamos embora, muito pelo contrário, aumentam conforme o tempo passa, tanto o que semeamos após o aprendizado, quanto o que planejamos para um futuro de maior união e resultados positivos, como foi esta viagem.