Nesta terça-feira (26), o site Armenpress.am divulgou informação de que a seleção da Armênia não participará da Olimpíada Mundial de Xadrez, que este ano será realizada em Baku, capital do Azerbaijão, à partir do dia 1 de setembro.
O Xadrez é considerado um esporte nacional na Armênia, além de ser disciplina obrigatória nas escolas do países para crianças à partir dos 6 anos de idade.
Não por acaso, a Armênia é tricampeã do torneio ( 2006, 2008 e 2012) e atual campeã olímpica da modalidade, em conquista que aconteceu em Istambul, na Turquia (clique aqui e relembre).
Na ocasião, os campeões foram recebidos como heróis em Yerevan, capital da Armênia, por terem vencido o torneio na Turquia, país responsável pelo Genocídio Armênio de 1915 e que também usurpou mais de 3/4 do território histórico da Armênia, mas que passados 101 anos deste crime continuam negando veementemente.
Em entrevista ao site supracitado, o Primeiro Vice-Presidente da Federação Armênia de Xadrez, o Grande Mestre Smbat Lputyan confirmou a informação, dizendo que este foi o resultado da discussão que a federação teve em torno do caso.
Um dos maiores enxadristas do Brasil, o Grande Mestre Krikor Sevag Mekhitarian (atual Campeão Brasileiro Absoluto) possui ascendência armênia e era um dos nomes confirmados pela delegação brasileira a participar da Olimpíada, mas também se recusou a participar das disputas.
Em comunicado postado em uma rede social, em março deste ano, Krikor se disse muito honrado pelo convite, mas que em respeito às suas origens Krikor não faria parte da seleção brasileira (leia aqui).
Vale lembrar que esta não é a primeira vez que uma delegação ou esportista armênio deixa de disputar uma competição no Azerbaijão por temer represálias.
Ainda no mês de março deste ano, quando ainda jogava pelo Borussia Dortumund da Alemanha, o craque armênio Henrik Mkhitaryan não viajou à Baku, capital do Azerbaijão, para a disputa do jogo de volta de seu time pelas eliminatórias da Liga Europa, equipe azeri por temer pela sua vida.
A Armênia e o Azerbaijão travaram uma guerra no começo da década de 1990, quando do fim da URSS, pela disputa da região de Nagorno-Karabakh, mas também conhecida como Artsakh, em armênio.
A região, de população majoritariamente armênia, é um enclave dentro do território do Azerbaijão, administrado por Armênios. Artsakh é uma terra milenar armênia, fato documentado em diversos mapas e livros com mais de 500 anos. Nagorno-Karabakh passou a fazer parte do Azerbaijão à partir de 1993, quando o líder soviético Josef Stalin cedeu o território aos azeris.
Em 1994 o conflito teve um cessar-fogo declarado, mediado pelo grupo de MINSK, da OSCE, criado exclusivamente pare auxiliar o diálogo pacífico para a solução do conflito, vencido pelos armênios com pelo menos 3 vezes menos poderio bélico do que o país vizinho.
Em abril deste ano, após mais de 20 anos congelado, o conflito foi reaceso pelo Azerbaijão com um ataque surpresa e covarde contra a linha de fronteira de Nagorno Karabalh, no episódio que ficou conhecido como “A Guerra dos 4 Dias de Abril“.
Novamente a OSCE, por meio de seus co-presidentes da Rússia, França e Estados Unidos, novamente tentou de todas as maneiras intervir.Ambos os lados tiveram severas perdas e os ataques foram travados com artilharia pesada de ambos os lados, acendendo uma luz amarela na região do Cáucaso. Segundo especialistas, o conflito entre Armênia e Azerbaijão tem potencial para desencadear a instabilidade da região.
Armênia é a inimiga número 1 de todo o povo azerbaijano, segundo as palavras do presidente do Azerbaijão, o ditador Ilham Aliyev. E ele não se importa em dizer isso.
O povo azerbaijano tem ligações sanguíneas com os turcos, e se consideram povos irmãos. Nas redes sociais, os azerbaijanos perseguem os armênios, sejam eles famosos ou não. Os azeris entram nos perfis e deixam comentários nas fotos e postagens, sempre com ofensas e palavras de baixo calão, tornando-se assim, até certo ponto, uma espécie de praga virtual.