A noite de sábado, dia 14, em Estocolmo teve direito a grandes apresentações, mudanças nas apresentações dos votos e até citação à Inga & Anush.
O Eurovision 2016 foi palco para grandes apresentações como a tecnológica Russia, a étnica Ucrânia e a recém-chegada Austrália, que quase levou o troféu e já levantava um grande dilema: se o próximo Euro fosse na Austrália, a competição seria de manhã, para que a Europa assistisse a noite, ou seria a noite mesmo e a Europa que se virasse pra acordar mais cedo?
A votação
O método de votação continuou o mesmo, cada país tem uma banca de jurados que classifica as melhores apresentações e o público de casa também vota escolhendo qual gostou mais. Para ambos é proibido votar no próprio país.
Para as 10 apresentações melhores colocadas de júri são atribuídos pontos:
[row][third_paragraph] 1º lugar: 12 pontos
2º lugar: 10 pontos
3º lugar: 8 pontos
4º lugar: 7 pontos [/third_paragraph][third_paragraph] 5º lugar: 6 pontos
6º lugar: 5 pontos
7º lugar: 4 pontos [/third_paragraph][third_paragraph] 8º lugar: 3 pontos
9º lugar: 2 pontos
10º lugar: 1 ponto [/third_paragraph][/row]
Essa lógica funciona tanto para o júri quanto para o público de cada país.
O que mudou esse ano foi a forma de apresentar esse resultado, até ano passado era feita uma média simples entre júri e público e era dado o resultado final de pontos país a país.
Nesse ano foram separados júri e público, o júri de cada um dos 42 países apresentou seu resultado de 10 melhores e pontuação. Depois, os pontos dados pelo público foram revelados acumulando todos os pontos que cada um dos 42 países deu para cada país.
O que já não era muito fácil de explicar ficou um pouco mais confuso, mas mostrou um dado que até então ficava mais “oculto” nas aferições dos votos: o público e o júri pensam de forma muito diferente.
O júri tem um viés mais político (embora a organização tente evitar isso). Por exemplo, é considerado um ultraje a Armênia ter dado só 2 pontos para Rússia, mas justificável já que a Rússia tem vendido armas para o Azerbaijão lutar em Nagorno-Karabakh. Azerbaijão que inclusive deu 12 pontos para a Rússia. Nesse momento da competição a música é deixada em segundo plano.
O voto do público no entanto é mais emotivo, o que possibilitou viradas como a da Polônia, que ficou em 25º pelo júri e em 3º lugar pelo público.
Quem dominou, com folga, na votação do júri foi a Austrália, mas o cenário mudou nos votos do público e a Ucrânia levou a taça de melhor canção (embora o público tenha dado o primeiro lugar para a Rússia).
A Ucraniana-Armênia-Turca
Jamala (nome artístico de Susanna Jamaladinova), assim como o padrão dos interpretes do Eurovision, tem uma carreira ainda em ascensão na música. Se envolveu em polêmicas durante a escolha dos representantes dos anos anteriores, mas conseguiu ser a favorita para 2016.
Sua música ‘1944’ fala sobre sua própria história de vida, se referindo ao ano em que os tártaros da Criméia (de ascendência turca) foram deportados da Ucrânia durante o processo de “desestalinização” e mais especificamente ao sofrimento de sua bisavó (que é armênia, de origem de Nagorno-Karabakh) quando foi deportada para a Ásia nos anos 20.
A melodia incluía um Duduk (instrumento de sopro armênio), em referência às suas origens maternas, e o refrão era cantado em turco (língua dos tártaros da Criméia).
Confira a letra traduzida abaixo:
Quando estranhos estão chegando
Eles vêm à sua casa
Eles matam todos vocês
E dizem
Nós somos inocentes
InocentesOnde está sua mente?
Gritos da humanidade
Vocês acham que são deuses
Mas todo mundo morre
Não engula a minha alma
nossas almasEu não poderia passar minha juventude lá
Porque você tirou a minha paz
Eu não poderia passar minha juventude lá
Porque você tirou a minha pazPoderíamos construir um futuro
Onde as pessoas são livres
Para viver e amar
O momento mais felizOnde está seu coração?
Humanidade se levanta
Você acha que são deuses
Mas todo mundo morre
Não engula a minha alma
nossas almasEu não poderia passar minha juventude lá
Porque você tirou a minha paz
Eu não poderia passar minha juventude lá
Porque você tirou a minha paz
Iveta Mukuchyan
A nossa representante teve mais uma noite de brilho, embora tenha sido prejudicada por ser a última a cantar. Após 25 países se apresentarem o público estava exausto, é nítida a diferença de empolgação do público na semifinal e na final.
Apesar disso a voz impecável de Iveta ficou marcada no evento e ela foi a preferida no voto do júri da Espanha, Bulgária e Rússia.
Ficou em 10º lugar no voto do júri e em 7º no voto do público e em 7º lugar no placar final.
Inga & Anush
A surpresa da noite aconteceu quando o apresentador e campeão do ano passado Måns Zelmerlöw, durante uma pausa entre as apresentações respondeu a uma pergunta (feita por ele mesmo) de qual a melhor música de todos os Eurovison cantou “Jan Jan”, música interpretada por Inga & Anush em 2009.
O cantor já havia declarado em entrevistas anteriores que adora a música das irmãs armênias.
O que podemos levar para o próximo ano
A vitória de Jamala ditará a maioria das apresentações do próximo Eurovision. Músicas mais “étnicas” e que revelem a cultura de cada país. Se tem um país que tem cultura e história em música nessa competição é a Armênia.
Será essa a grande chance de apresentar uma música menos “modernosa” sem medo de perder a competição?
Descobriremos no final do ano, quando for anunciado o representante para 2017.
Assista à LoveWave, música da armênia Iveta Mukuchyan, ao vivo na final:
Assista à 1944, música da campeã ucraniana Jamala, ao vivo na final: