O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, emitiu nesta sexta-feira (21), sua declaração anual de 24 de abril, o dia em rememoração e respeito aos mártires do Genocídio Armênio cometido pelo Estado turco, à partir de 1915. Entretanto, em seu último ano de seu segundo e último mandato, Obama evitou, como fez em todos os anos desde que se tornou presidente, usar a palavra “genocídio” pelas pressões do lobby da Turquia.
A palavra “Medz Yeghern“, que significa “grande tragédia”, em armênio, é a solução retórica usada por Barack Obama para não usar a palavra “genocídio”, apesar de ter prometido fazê-lo durante sua primeira campanha eleitoral.
“Nós continuamos a acolher os pontos de vista daqueles que tentaram lançar uma nova luz sobre a escuridão do passado, dos historiadores turcos e armênios ao Papa Francisco“, acrescentou o presidente norte-americano.
“Parece que o presidente Obama vai acabar seu mandato como começou, cedendo à pressão da Turquia e traindo o seu compromisso de falar honestamente sobre o Genocídio Armênio“, comentou Aram Hamparian, diretor-executivo do Comitê Nacional Armênio da América (ANCA).
Em janeiro de 2008, ainda como senador e concorrendo às eleições presidenciais americanas daquele ano, Barack Obama anunciou que “como presidente dos Estados Unidos reconheceria o Genocídio Armênio” (saiba mais, clique aqui).
“A falta de vontade do presidente Obama em rechaçar a mordaça da Turquia sobre o genocídio armênio vai de encontro com as crescentes ondas regionais de agressão antiarmenia, especialmente num momento em que, tanto Ankara, quanto Baku, estão atacando armênios de Artsakh, da Armênia, da Turquia, do Oriente Médio e em nossa diáspora… é algo muito pior do que apenas uma traição à sua promessa”, acusou Hamparian, que ainda culpou o chefe de estado por “encorajar” Erdogan e Aliev a aumentarem sua hostilidade, aumentando o risco de reais atrocidades antiarmenias em grande escala“.
“Esta é, infelizmente, o legado do presidente Obama: Silêncio sobre o Genocídio Armênio, cumplicidade no negacionismo da Turquia e promoção da agressão do Azerbaijão“, concluiu Hamparian.