Por Adriana Sarasa Topalian .
Hoje, dia 19 de fevereiro, é dia dar livros como presente na capital da Armênia. Neste ano também comemora-se o 145º aniversário do grande poeta armênio Hovhannes Tumanyan.
Tumanyan tem tudo a ver com essa jornada de grande movimentação nas bibliotecas púbicas, livrarias e demais pontos de venda de livros novos e usados que acontece nesta data. É um dia para ganhar livros, mas não é só isso. Os leitores, adultos e crianças, vão até as bibliotecas para fazer doações.
Esse costume começou em 2009 graças à iniciativa da União de Escritores Armênios, na ocasião da comemoração do 140º aniversário do grande poeta Hovhannes Tumanyan (1869-1923).
Tumanyan nasceu no povoado de Dsegh, na histórica Província de Lori. Filho do pároco da cidade, de quem recebeu uma grande influência moral, cultural e política. Cursou os primeiros estudos na escola paroquial de Dsegh e os estudos secundários no prestigioso Seminário Nersisyan em Tblisi, Geórgia.
Desde cedo foi marcado pelo convívio com a dura realidade da vida dos camponeses. Dai que os principais heróis e personagens da sua literatura sejam sempre pessoas simples, pessoas do povo, às que caracterizou como portadoras de força de espírito, beleza, e sabedoria. Retratou as duras condições da vida, as relações patriarcais e o preconceito que mediavam a vida do meio rural da época.
Destacamos de sua imensa obra:
Anush (1890). Baseada neste poema foi escrita a Ópera Anush pelo compositor Armen Tigranian(1912); Akhtamar (1891); Sasuntsi Davit (1902); Almast (1902). Baseada neste poema foi escrita a Opera Almast pelo compositor Alexander Spendiaryan (1930); Paravaná ; Krikor (prosa).
Seu ativismo político e seu compromisso com a Causa Armênia o levaram a anos de luta na procura de levar algum conforto aos sobreviventes do Genocídio Armênio, perpetrado pelo Império Turco-Otomano entre a última década do século XIX e os primeiros anos de 1920. Morreu longe da sua terra o dia 23 de março de 1923.
Abaixo deixo um dos poemas de Tumanyan, intitulado “Sofrimento Armênio”.
O sofrimento armênio (1902)
O sofrimento armênio é como um mar sem limite, insondável.
Nessa imensa obscuridade
Minha alma nada e se perde,
Triste nessa dor mortal.
Às vezes furiosamente
Procuro a costa azul.
Cansado de não achá-la,
Procuro a paz nas profundidades,
Mas o fundo não o acho.
Também não posso chegar à beira mar…
Nesse mar de penas armênio
Minha alma languidesce sempre.
Adriana Sarasa Topalian (1979) é uruguaia de Montevideu, sociologa e pesquisadora na área de sociologia da cultura, pela Universidad de la Republica, Uruguai.