Via Agos –
A série de ataques à mulheres armênias que aconteceu na Turquia no começo do ano parece ter recomeçado.
“Eu fui à loja no sábado (17 de agosto). Quando voltei do mercado havia um homem no prédio. Ele tinha altura mediana e pele escura. Quando avistei-o na escada achei que ele estava subindo. Assim que cheguei a porta do meu apartamento, ele me atacou pelas costas e quando caí ele começou bater a minha cabeça no chão. Tenho certeza que ele queria me matar, pois ele não falou nada. Eu vivo aqui há 50 anos e nunca me aconteceu algo assim“, relatou a senhora agredida.
ATAQUES À ARMÊNIOS EM ISTAMBUL
O primeiro caso de ataque à senhoras armênias em Istambul aconteceu em 29 de dezembro de 2012. Marissa Kuchuk, de 84 anos foi brutalmente assassinada no bairro de Koca Mustafa Pasha, também em Istambul. Em janeiro deste ano, Turfanda Asik, 88, passou duas semanas internada em uma unidade de terapia intensiva após ser atacada em seu apartamento no distrito de Samatya, uma região densamente povoada por armênios em Istambul.·.
Em 22 de janeiro passado, o escritório em Istambul da Associação de Direitos Humanos na Turquia convocou uma manifestação contra a violência xenofóbica. Mais de uma centena de pessoas compareceram para prestar solidariedade aos armênios.
O deputado e ativista Ertugrul Kurkcu, chegou a declarar que os ataques anteriores sobre armênios, comprovadamente haviam sido realizados em colaboração com os responsáveis de unidades de segurança, ou seja, da polícia ou das forças armadas. “Como podemos saber que não há relação do Estado por trás disso?” Perguntou o deputado. ”Nós vemos traços de racismo por trás desses assassinatos.” Concluiu Kurkcu.
“Os ataques são racistas e fascistas: Nós sabemos que esses ataques não são relacionados à renovação imobiliária urbana, como alguns chegaram a cogitar. Sabemos disso porque o sangue que foi derramado nesta terra há 100 anos ainda não secou” declarou, também na ocasião, o morador Ciçek Çatalkaya, fazendo alusão ao Genocídio do povo armênio não reconhecido pela Turquia até os dias de atuais.
Apenas para relembrar, há seis anos, o editor do jornal Agos, Hrant Dink foi morto em Samatya. Dink era um jornalista turco de origem armênia.