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EDITORIAL: A ofensiva da diplomacia azerbaijana na América do Sul e no mundo

Enquanto ainda procuram lidar com as frustações provocadas pela retirada de pauta do requerimento 285 nas últimas 4 sessões da Câmara em Brasília, a diplomacia azerbaijana age nos bastidores de outros parlamentos sul-americanos.

Na última quarta-feira, soubemos que o parlamento colombiano adotou resolução que apoia o Azerbaijão e acusa a Armênia de tomar 20% do território daquele país, bem como ser responsável por um genocídio em Khojalu contra a população azerbaijana. Não é preciso um grande ou elaborado raciocínio para constatar que são mentiras deslavadas.

azeria am do sulEm julho de 2012 este mesmo portal já denunciava as manobras do Azerbaijão na América do Sul, no editorial publicado no dia 31 daquele mês, intitulado: Ofensiva azerbaijana na América do Sul se estende à Brasília” (clique aqui e leia).

Os azerbaijanos buscam no mundo todo, diminuir os impactos negativos de sua imagem externa manchada pela corrupção e pela autocracia comandada pelo clã Aliyev. Nessa mudança de rumo está incluída uma nova estratégia em relação a Karabagh. O tradicional jogo azerbaijano, sempre ancorado no seu peso regional, na relação simbiótica com a Turquia e nas suas reservas de gás e petróleo concentradas no Mar Cáspio, já não é satisfatório para os anseios belicistas, xenófobos e ditatoriais que são marcas do governo de Baku.

Entre as medidas tomadas pela diplomacia de Baku, destaca-se a tentativa de formar uma rede de países supostamente apoiadores do Azerbaijão. Parlamentos, Câmaras e Casas de Representantes de alguns países, estão sendo instadas a aprovar requerimentos sem nenhuma coerência ou base técnica, já que os países não tem qualquer envolvimento com o conflito.

Essa rede de países é que vai dar voz ao notório desrespeito da diplomacia azerbaijana aos esforços do Grupo de Minsk. O que está claro? As pressões sobre os poderes executivos de muitos países, que foram a marca da diplomacia azerbaijana no tema Karabakh, passam a ser exercidas também sobre os legislativos de países pouco ligados ao assunto. É uma forma obtusa da diplomacia parlamentar.

O conceito de diplomacia parlamentar nasceu nos anos de 1950 quando o secretário de Estado dos EUA no governo Kennedy, David Dean Rusk, identificou novas formas de negociações internacionais que surgiam nos órgãos multilaterais advindos do sistema ONU. Sua dinâmica de votações, encaminhamentos e regimentos eram como os dos parlamentos. O fortalecimento das Nações Unidas no século XX empurrou o conceito de Diplomacia Parlamentar para o quadro onde legisladores dos países passam a tomar decisões numa perspectiva internacional, criando redes interparlamentares, grupos de amizade e parcerias. Uma corrente de especialistas defende que as delegações representativas dos Estados-membros das Nações Unidas, sejam compostas e dirigidas principalmente por parlamentares nacionais. O argumento mais propagado é que isso permitiria um contato mais estreito entre as áreas técnicas e políticas, que poderiam assim dar agilidade na implementação das decisões.

Dessa vez, a ação forte dos corpos diplomáticos azerbaijanos em criar grupos de amizade parlamentar em diversos países, bem como patrocinar iniciativas culturais, esportivas e comerciais em outros tantos, almeja edificar vínculos que permitam cobrar essas parcerias na forma de moções, requerimentos e declarações que favoreçam o Azerbaijão no conflito contra os armênios.

A meta maior da equipe de Mamedyarov, Ministro das Relações Exteriores do Azerbaijão, é criar um “bolo” desses requerimentos e moções no mundo e usa-lo como pressão sobre o Grupo de Minsk, sabotando assim as negociações de paz.

Resta saber quais serão os países que vão se sujeitar a votar sobre algo que não conhecem e serem usados como estopim de um novo conflito que pode certamente prejudicar centenas de milhares de pessoas inocentes. 

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