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Livro: “Julgamento em Istambul: Os processos do Genocídio Armênio”

Do Zoryan Institute, Canadá.

No período subsequente à  desastrosa derrota na I Guerra Mundial, a Turquia Otomana teve que encarar os crimes de guerra pela destruição da população armênia. Uma comissão de inquérito foi montada pelo governo otomano em 1919 com evidências preliminares suficientes para organizar uma série de julgamentos envolvendo os perpetradores desses crimes. Os registros desses julgamentos ricos em detalhes são agora trazidos a público por dois dos mais renomados intelectuais no que diz respeito ao genocídio armênio, Prof. Vahakn Dadrian e Prof. Taner Akçam, pela primeira vez trabalhando juntos.

É com grande prazer que o Zoryan Institute anuncia após anos de pesquisas e análises, a primeira edição em inglês da íntegra desse material.

O livro intitulado Judgment at Istanbul: the Armenian Genocide Trials [Julgamento em Istambul: Os processos do Genocídio Armênio] foram publicados pela Berghhn Books de Nova York e Oxford.

Descrevendo o livro, Prof. Dadrian disse: “Esse é o mais importante trabalho por duas razões. Primeiro, ele é baseado em documentação turca autêntica, às quais o governo otomano foi obrigado a divulgar na época dos julgamentos. Segundo, ao contrário da maioria dos livros sobre o genocídio armênio, nos quais há interpretações historiográficas, esse estudo foi pela primeira vez baseado nos testemunhos de oficiais do alto escalão do exército otomano, concedidos sob juramento, dando a dimensão dos crimes contra os armênios. Nesse sentido, esse livro serve como um estudo de caso legal sobre o Genocídio armênio.

Durante os seus mais de 50 anos pesquisando o assunto, Dadrian descobriu que o Takvim-i Vekâyi, o órgão oficial do governo otomano, não era o único jornal que noticiava o desenrolar desses tribunais militares. Na verdade, o Renaissance, um jornal armênio escrito em francês em Constantinopla também divulgava o andamento de muitos dos processos que corriam contra os perpetradores do genocídio com base nos relatórios publicados nos jornais otomanos. Muitos desses relatórios publicados pela imprensa não constam nos arquivos oficiais do governo.

Prof. Akçam, co-autor do livro, afirmou que “enquanto os arquivos oficiais do governo listam cerca de doze processos, os jornais nos dão um total de 63. Pela primeira vez, informações oriundas de jornais otomanos da época foram utilizadas para reconstituir os julgamentos. Um grande esforço foi necessário para localizar todas as questões em 14 diferentes jornais otomanos, o que significou visitar várias bibliotecas em diferentes cidades. Frequentemente, os artigos que estávamos procurando haviam sido recortados das páginas dos jornais, mas nós conseguimos localizar cópias em outros locais”. O Zoryan Institute patrocinou a coleta de tais publicações, bem como a sua tradução e transliteração, como parte de um projeto de longo prazo que ficou conhecido como “Creating a Common Body of Knowledge“, retendo assim cópias dos documentos em seus arquivos.

De acordo com o presidente do Instituto, Sr. K. M. Greg Sarkissian, “O objetivo é prover conhecimento que será compartilhado pelas sociedades civis de Armênia e Turquia e por acadêmicos ocidentais. O propósito é localizar, coletar, analisar, transliterar, traduzir, editar e publicar de forma insuspeita, tais fontes universalmente reconhecidas como material original oriundos de arquivos que dizem respeito à história dos eventos de 1915, tanto em turco quanto em inglês. Deve-se ressaltar a importância não apenas das fontes primeiras contidas nesse livro, mas também a análise feita pelos autores do livro”. Ele continua, “quanto mais documentos forem disponibilizados para a sociedade turca, maior será o poder do conhecimento para questionar as narrativas impostas pelo Estado. Restaurar precisamente a memória histórica beneficiará não só turcos, mas também a sociedade armênia. Ambos se libertarão da camisa de força do passado. Algo como o Common Body of Knowledge felizmente levará ao entendimento mútuo, catalisando o diálogo e auxiliando a normalização das relações entre ambas as sociedades. Judgment at Istanbul é o mais recente exemplo da forte crença que o Zoryan Institute tem na importância de um Common Body of Knowledge como um fator-chave para ajudar o futuro das relações entre Turquia e Armênia”.

Os julgamentos descritos em Judgment at Istanbul foram observados a distância pela comunidade internacional. Foi o primeiro tribunal nacional a julgar casos de atrocidades em massa nos princípios de “crimes contra a humanidade” que seriam utilizados nas subsequentes Cartas de Nuremberg e Tóquio, bem como na Convenção sobre o Genocídio da ONU. Esse livro é uma fonte essencial para historiadores, juristas, cientistas políticos, sociólogos, políticos e todos aqueles interessados em estudos sobre genocídio, Turquia ou Armênia. O material se torna ainda mais valioso se pensarmos no recente interesse internacional sobre o genocídio armênio e a sua negação.

Vahakn N. Dadrian and Taner Akçam, Judgment at Istanbul: The Armenian Genocide Trials. New York and Oxford: Berghahn Books, 2011. 363p. ISBN 978-0-85745-251-1 (hardback), ISBN 978-0-85745-286-3 (ebook). $110.00

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