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Edgardo Sarian festeja seus 35 anos de música Armênia


Texto: Luciana Aghazarian
Fonte : Diario Armenia (Argentina)
Tradução: Armen Kevork 

Neto e filho de artistas, Edgardo Sarian deu sequencia à tradição familiar. Como parte de seu 35 º aniversário de carreira musical, o tecladista realizará uma festa “como antigamente”, com um repertório variado e numerosos músicos convidados.

Desde as canções patrióticas que eram ouvidas, os solos de acordeão ou concertos para piano. A casa de acomodações espaçosas, localizada na fronteira de Villa Luro e Floresta  foi o ponto de encontro onde muitos dos recém-chegados celebravam o fato de serem Armênios e estarem vivos.

O anfitrião, Hagop, chegou de Cairo, depois de fugir do genocídio perpetrado pelos turcos, junto com seu irmão e dois primos. Ele sobreviveu com a fabrica de limpeza de tapetes, mas nunca deixou de lado o UT (instrumento de corda típico do Cáucaso aberta à comunidade nem os concertos à “portas abertas” para a comunidade.

Entre um trabalho herdado e a vocação hereditária Edgardo repetiria, em parte, a história de seu avô, a quem não chegou a conhecer, no entanto, crescer naquela casa, assume: “não foi pouca inspiração”.

Como neto de Hagop e filho de Arturo -um violinista amador, que aos 76 toca na orquestra Horovel- Edgardo absorveu a paixão pela música e escolheu o piano como companheiro de viagem.

E no marco dos seus 35º aniversário com música, ele ecoa as palavras de seu avô materno Krikor Vartian, que naquelas reuniões tocava o bandolim: “Para você, que gosta tanto de música, eu continuei fazendo isso para sempre, porque isso é uma outra maneira para mostrar a todos que ainda estamos vivos”.

Pouco a pouco a vocação converteu-se em algo além de apenas Hobby, e foi roubando-lhe tempo de atividade de trabalho para se tornar uma profissão. Hoje Edgardo se questiona, mas alcança a harmonia entre eles.

Quando tinha treze anos, o diretor da escola Mekhitarista Jorge Vartabed Balian, pediu a seu pai para ajudar a conseguir rapazes que tocavam instrumento como Edgardo, para formar um grupo. A banda se chamava Kurkén Alemshah -em homenagem a um padre mekhitarista dedicado à música armênia- o que significou o debute artístico deste jovem que estudava piano havia três anos e já havia testado o tmpuk Argentino, mas só tocava sambas e tangos.

Nos anos 70 o grupo teve grande repercussão dentro da coletividade, no que se traduziu em turnês e gravações em toda parte. durante 15 anos a banda seguiu em turnê até que por diversas questões pessoais de seus integrantes a banda se desfez.

Enquanto isso, Edgardo fez parte de várias bandas da comunidade armênia como o grupo Nor Arax e o Amenabar – formado por estudantes do instituto de São Gregório o Iluminador -, onde começou a escrever suas primeiras letras de músicas em castelhano.

Alguns anos depois, o tecladista foi enganado por uma casa de música que lhe roubou os instrumentos que ele havia deixado lá para venda. Decepcionado com a confiança de anos que o unia a essas pessoas que lhe traíram, sem suas ferramentas de trabalho, desistiu da música por quatro anos.

“Graças a Arturo Kouyoumdzian que de vez em quando me chamava para participar de Nor Arax e, Stephan Kaplanian e Kiko Khatchadourian que me ajudaram a comprar um novo teclado, seguí à diante”, lembra o artista que desde então trabalha no Restaurante Armênia. “Foi aí que eu comecei a voltar ao cenário como artista solo”, diz ele.

Como uma síntese de todo o caminho percorrido, no próximo dia 30 de julho, as 19 horas, Edgardo Sarian vai comemorar seus 35 anos na música. Realizará o festival “Con Amigos” no Auditório Armênia (Rua Armênia, 1366 – 5 º andar) com a participação de muitos músicos convidados, entre os que incluem o grupo Kusan de Córdoba, e a homenagem e reconhecimento a tantos outros.

Inclusive em uma de suas músicas vai acompanhar a voz de sua filha Ingrid: “Será o momento mais emocionante” supõe Edgardo. O show pode ser acompanhado ao vivo pelos 89.7 FM (Argentina)  ou online, através da internet em: www.espaciofm.com.ar

O repertório”, diz ele, “não será tradicional. Haverá diversas músicas de cantores contemporâneos , todos elegidos de acordo com cada intérprete, por algum motivo especial”, explica, “e tem como objetivo o meu desejo é fazer um festival a cada ano para os músicos em atividade e outro juvenil para que participem todas as escolas armênias, com seu número, como um incentivo para as crianças”.

Preocupados com a transmissão da herança armênia nas novas gerações, Edgardo se propôs recorrer a todas as escolas da comunidade para contar a sua experiência profissional e mostrar as diferentes possibilidades oferecidas pelas melodias da pátria Mãe: “Hoje, existem ritmos disco, além do acompanhamento de dhol e zurna, instrumentos tradicionais armênios, os sons mais modernos apelam ao público jovem. É uma fusão que não existia, por isso chama muita atenção. Em seguida, mostro aos meninos uma melodia tocada em duduk e a mesma melodia tocada em guitarra elétrica, e os vejo me olhando e dizendo: mas o que? Isso é música armênia? Sim, também é música Armênia”, disse Edgardo apesar de seu gosto atual para o que é a música folclórica armênia e pelas melodias que antes eram mais modernas.

“Os alunos surpreeendem-se com o que lhes mostro” , e acrescenta, “porque hoje não há nada para ir ver: antes haviam uma festivais e era um costume. Agora não há quem os contagie com o gosto pela música armênia”.
O tecladista enfatiza que para que as crianças se interessem e comecem a transmissão de geração em geração, é necessário o apoio de toda a comunidade: “Há muita gente que não valoriza o trabalho artístico que fazemos, pensam que é um Hobby. Por aí existem grupos não Armênios que cobram o dobro, e eles os pagam sem pensar, e para nós pedem que baixemos o preço que cobramos. Uma vez disse a alguém: Eu consigo continuar porque me chamam o dia que me chamarem e eu não os cobrar, não poderei continuar”.

Para concretizar este apoio necessário pelas novas gerações, Edgardo visa criar um grupo de músicos e ex-músicos, com objetivo de financiar empreendimentos musicais e fazer festivais de música.

Também, principalmente, a fim de completar a execução do legado que lhe deixou o seu avô, anseia para o festival de 30 de julho, que o valor arrecadado deixará lucro suficiente para completar um projeto pendente: Gravar um CD para o banco de música da produtora de televisão Pol-ka. Edgardo participou em um episódio de série “Trata-me bem (2009)” tocando o órgão da Catedral de São Gregório em seu álbum “33” e chegou às mãos do diretor Daniel Barone que lhe pediu para compor e gravar músicas com estilo internacional com influência da música Armênia, com a possibilidade de incorporá-las em outras romances ou séries do Canal 13. Para isso precisa de um teclado especial para compor novos sons e um computador com todos os programas de gravação. “Seria bom não só para mim mas para todos, conclui ele, para que haja música armênia em todos os lugares e para mostrar que nós somos armênios e seguimos  vivos.”

 

 

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