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Promotor do julgamento dos terroristas turcos Ergenekon revela tentativa de golpe militar

TodaysZaman

Um procurador principal envolvido no julgamento da organização terrorista Ergenekon (ultranacionalistas turcos) listou em seu parecer final do caso várias tentativas do grupo para desencadear o caos na sociedade e preparar o terreno para um golpe militar.

O procurador Mehmet Ali Pekgüzel apresentou seu parecer sobre o caso Ergenekon para um grupo de juízes na 13ª Alta Corte Criminal de Istambul na última segunda feira (18). O procurador pede prisão perpétua para 64 réus e até 15 anos para outros 96.

Pekgüzel afirma que o grupo terrorista planejou ao menos 17 atos subversivos para instaurar o caos na sociedade. Os planos envolviam assassinatos de figuras de destaque do país e descreditar o Partido da Justiça e Desenvolvimento (Partido AK), atualmente no governo, para as pessoas através da televisão e publicações na internet.

Um dos planos foi o de Ação de Combate ao Reacionarismo que detalhava uma campanha militar para destruir a imagem do governante do partido AK e a fé no movimento Gülen (escritor que se auto-exilou que condena o terrorismo e defende o diálogo inter-religioso) aos olhos do povo, derrubar a investigação ao Ergenekon e ganhar apoio para os membros militares que estão sendo julgados. Incluía ainda ideias para prender pessoas inocentes ligadas ao movimento Gülen e ao AK através de métodos como o plantio de armas e munições em suas casas. Acredita-se que o nome por trás dos planos é o coronel Dursun Çiçek, um dos principais réus no julgamento.

Outro plano era matar certas figuras proeminentes do país e colocar a culpa no governo AK. Entre os que estavam na lista de assassinatos estavam o ex-promotor chefe do Tribunal Supremo de Justiça, Abdurrahman Yalcinkaya; o ex-chefe de Estado-Maior e General aposentado Yasar Buyukanit; o mundialmente renomado Orhan Pamuk; o prefeito de Diyarbakır, Osman Baydemir entre outros.

O promotor apontou também o plano “Projeto”, que criaria sites para “divulgar propaganda negra” contra o governo. Os sites seriam feitos por “pessoas confiáveis” e, dessa forma, as Forças Armadas Turcas (TSK) não seriam acusadas de ir contra o governo. Além disso, alguns grupos envolvidos na mídia cuidariam para preparar notícias dizendo que os militares presos estavam na verdade lutando contra grupos reacionários.

Existia também um plano para atacar uma base da OTAN em Izmir. Documentos obtidos durante a investigação mostram que o grupo terrorista tinha planejado alugar um prédio do lado do estacionamento da base da OTAN por seis meses, pagos antecipadamente.

O julgamento Ergenekon começou em 2008. Há 275 réus que enfrentam acusações, 66 dos quais receberam sentença de prisão pendentes de apenas um veredito. Entre os acusados de participação estão políticos, acadêmicos, jornalistas e militares aposentados.

Rumores sobre existência do grupo, uma rede por trás do governo que tentou usar a engenharia social e psicológica para moldar o país de acordo com a sua própria ideologia ultranacionalista, já aconteciam há muito tempo, mas a investigação só começou em 2007, quando a polícia descobriu um grande número de granadas de mão em uma casa na favela de Istambul.

Mustafa Balbay sendo preso

Em seu parecer final, o promotor também respondeu às alegações de que os jornalistas Mustafa Balbay e Tuncay Özkan haviam sido levados a tribunal por terem escrito observações contra o governo. Segundo o procurador, os dois jornalistas haviam colaborado com a junta militar pró-golpe do TSK para derrubar o governo, uma atividade que não pode ser considerado jornalismo. O promotor pede prisão perpétua para os dois jornalistas.

Ele também afirmou que em sua opinião Balbay tinha feito uma visita ao comandante das Forças Terrestres logo após o Partido AK subir ao poder em 2002 e pediu ao comandante para “emitir uma mensagem” contra o governo para a proteção do secularismo e os princípios de Atatürk. O promotor também disse que Özkan tinha tido várias reuniões com um ex-comandante das Forças Navais, pedindo-lhe para ajudar na compra de uma estação de televisão. Özkan havia prometido o comandante que a estação iria servir como centro de uma guerra psicológica contra o governo do Partido AK.

Segundo o procurador, os dois jornalistas haviam realizado atividades que apoiavam os esforços da organização terrorista Ergenekon e que essas atividades não tinham nada a ver com jornalismo.

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