Nota oficial da Embaixada da República da Armênia no Brasil, em resposta ao “Comunicado de imprensa” divulgado pela Embaixada do Azerbaijão em 25 de fevereiro de 2013 (clique aqui para ler).
A Embaixada da Armênia vem por meio desta apresentar o memorando intitulado “A verdade sobre os fatos de Khojalú: depoimentos de fontes azerbaijanas”, bem como o artigo “Denunciando as imagens falsas: o governo azerbaijano e Khojalú”, publicado em 2008, em Buenos Aires.
Percorridos 12 anos dos acontecimentos de Khojalu, Baku oficial incita de forma persistente uma campanha antiarmênia, com o intuito de falsificar de forma espantosa a verdade dos fatos, ao tentar colocar sobre os armênios a responsabilidade pelas trágicas ocorrências nessa localidade.
Os acontecimentos em Khojalú, que culminaram com a perda de vidas na população pacífica, foram em consequência de intrigas políticas pelo poder. As verdadeiras causas pelo que aconteceu são expressas de forma nítida e convincente nos relatos feitos por testemunhos oculares azerbaijanos, como também por azerbaijanos que conhecem bem os acontecimentos políticos do seu país.
Junto com Chuchí e Agdám, Khojalú se destacava como um dos importantes pontos de apoio, de onde entre os anos de 1991-92 e durante três meses do inverno, por meio das armas pesadas de artilharia e com o lançamento de foguetes, a capital da República de Nagorno-Karabagh, Stepanakert, permanecia sob constante alvo dos azerbaijanos.
A interrupção da crescente pressão dos bombardeios e a extinção do bloqueio ao aeroporto de Stepanakert era a única alternativa que restava à República de Nagorno-Karabagh, a fim de assegurar a sobrevivência física da população pacífica de Nagorno-Karabagh, que estava condenada à total extinção.
O então presidente do Azerbaijão, Ayaz Mutalibov observou que o ataque contra Khojalú não foi uma surpresa(1). Numa entrevista concedida para o jornal russo “Nezavissimaya Gazeta”, ele destacou que os armênios haviam aberto um corredor para que a população civil pudesse se afastar do local(2). No entanto, a coluna da população pacífica em retirada foi alvo de disparos mortais por parte de grupos oposicionistas da Frente Nacional do Azerbaijão. Mais tarde, este fato foi confirmado por Mutalibov, que atribuiu tal operação criminosa à oposição do seu país, que visava afastá-lo do poder e tentar responsabilizá-lo pelo acontecido.
Na entrevista que concedeu ao jornal russo “Novoye Vremya”, Mutalibov disse que “a matança da população de Khojalú obviamente foi organizada por alguém para tomar o poder no Azerbaijão”(3).
O jornalista azerbaijano M. Safarli observa que “Khojalú ocupava uma posição estratégica e importante. A perda de Khojalú significava um fracasso político para Mutalibov”(4).
Outro jornalista azerbaijano, Arif Yunussov testemunha que “a cidade e sua população foram sacrificadas de forma intencional por causa de um único objetivo político, qual seja, sob qualquer hipótese levar ao poder do Azerbaijão a Frente Nacional do Azerbaijão” (5). Assim, ele acusou seus compatriotas como os verdadeiros culpados pela tragédia ocorrida.
O ex-presidente do Conselho Supremo do Azerbaijão, Tamerlan Garan disse: “Os culpados pela tragédia são as autoridades do Azerbaijão, e especificamente as pessoas que ocupam cargos elevados”(6).
Por um descuido dos azerbaijanos, a jornalista tcheca Dana Mazalova apareceu em dois grupos de representantes dos meios de comunicação de massa, aos quais os azerbaijanos mostraaram cadáveres “deformados por armênios” . Nas duas ocasiões, Mazalova viu a existência de efetivas diferenças. Quando ela chegou ao local dos acontecimentos logo depois da tragédia, não havia visto qualquer sinal de ação bárbara nos cadáveres. Já os cadáveres que foram exibidos aos jornalistas dois dias depois, eram cadáveres “preparados” para serem filmados e fotografados.
Diante do exposto, surge a pergunta: quem teria matado os habitantes pacíficos de Khojalú e depois deformado os cadáveres, se levarmos em consideração que isto aconteceu não na aldeia ocupada pelos armênios ou no corredor aberto por eles, mas numa área nas redondezas de Agdám, que se encontrava em total controle dos azerbaijanos?
O jornalista independente azerbaijano Tchinguiz Mustafayev, que realizou filmagens e tirou fotografias no dia 28 de fevereiro e 2 de março de 1992, referiu-se com ceticismo à interpretação oficial azerbaijana quanto a esses fatos, e começou a realizar sua própria pesquisa investigativa. Já a sua primeira mensagem enviada para a agência de notícias moscovita D-Press custaria-lhe muito cara: Mustafayev foi morto não tão distante de Agdám, em circunstâncias até hoje não esclarecidas.
O ex dirigente da R. S. S. do Azerbaijão, Heydar Aliyev, que estava na oposição, confessou, pessoalmente, que a gestão anterior do seu país foi a culpada pela tragédia de Khojalú. De acordo com a informação da agência de notícias “Bilik Dunyasi’, em 1992 Aliyev declarou que “O derramamento de sangue será a nosso favor. Não devemos interferir no desenrolar dos fatos”(7).
Com base nos dados acima expostos pode-se dizer, com certeza, que a matança da população pacífica de Khojalú foi planejada e perpetrada pelos azerbaijanos. Eles executaram este ato criminoso contra seu próprio povo, em prol da luta pelo poder, e também com o propósito de declarar os armênios como “genocidas”.
E mais: tais operações ocorreram como resultado das operações bélicas desencadeadas por parte do Azerbaijão. E é profundamente lamentável obvservar que ainda prosseguem as violações do cessar-fogo por parte do Azerbaijão, tanto na linha de contato com Nagorno-Karabagh, como também ao longo da fronteira armeno-azerbaijana.
A Armênia, como sempre, permanece fiel à sua postura e o propósito por uma resolução pacífica do conflito de Karabagh, em conformidade com as normas do direito internacional na esfera do Grupo Minsk da OSCE (Organização para Segurança e Cooperação na Europa), reconhecido a nível internacional.
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(1) Ogonyok (revista mensal), Nº 14-15, 1992
(2) Nezavissimaya Gazeta (jornal), 2 de abril de 1992
(3) Novoye Vremya (jornal), 6 de março de 2001
(4) Nezavissimaya Gazeta (jornal), fevereiro de 1993
(5) Zerkalo (jornal), julho de 1992
(6) Muhalifat (jornal), 28 de abril de 1992
(7) Mezapolis Express, Nº 17, 1992
É possível, ainda, obter informação complementar através dos sites