Com informações do Agos e do TodaysZaman –
No discurso, ativistas de Direitos Humanos e membros da Comissão de Investigação deram enfoque na questão racial dos ataques.
Segundo o deputado e ativista Ertugrul Kurkcu, os ataques anteriores sobre armênios e outros grupos não-muçulmanos, comprovadamente haviam sido realizados em colaboração com os responsáveis de unidades de segurança, ou seja, da polícia ou das forças armadas.
Segundo o TodaysZaman, O deputado ainda lembrou que um comandante do Exército foi preso na sexta-feira por ter conexão com os assassinatos em Zirve, onde três missionários foram brutalmente mortos em 2007.
“Como podemos saber que não há relação do Estado por trás disso?” Perguntou o deputado. “Nós vemos traços de racismo por trás desses assassinatos.” Concluiu Kurkcu.
Ahmet Saymadı, um porta-voz do grupo, disse: “Nós estamos do lado do povo armênio.” Ele disse que todas as evidências indicam que os assassinatos eram parte de uma campanha sistemática e racista, afirmando que ocorreram muitos outros incidentes com residentes armênios de Istambul, mas que não haviam sido divulgados pela imprensa, corroborando a idéia de Kurkcu.
Sehabat Tuncel também se dirigiu à multidão, acusando o governo de tentar criar uma cultura homogênea, referindo-se ao chamado do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan de “uma nação, uma língua, uma religião”.
Assista a trechos do protesto divulgados pela Imc-TV:
Grupos da sociedade civil insistem que os ataques são claros, pois nada de valor foi levado das casas das mulheres atacadas. A mensagem de domingo foi mais clara ainda, demonstrando que a maioria dos manifestantes não aceita a interpretação da polícia sobre os eventos.
Os oradores, em consenso, condenaram o departamento de polícia acusado de encobrir a verdade por trás dos ataques. Cinco mulheres foram atacadas nos últimos dois meses.
Sobre as alegações de que os ataques poderiam ter partido da máfia da construção, a fim de “eliminar” idosos proprietários de residências que relutavam em vender seus imóveis para dar lugar a novas construções na região, Ciçek Çatalkaya foi claro e disse: “Os ataques são racistas e fascistas: “Nós sabemos que esses ataques não estão relacionados à renovação imobiliária urbana, como alguns chegaram a cogitar. Sabemos disso porque o sangue que foi derramado nesta terra há 100 anos ainda não secou.”, em referência ao genocídio dos armênios em 1915.
Çiçek disse ainda: “seis anos atrás, o editor do jornal Agos Hrant Dink foi morto em Samatya” sugerindo que os ataques fascistas projetam eliminar a base da convivência pacífica das pessoas. Todos os anos a população de Istambul protesta no dia 19 de janeiro, dia da morte de Hrant Dink (leia mais sobre Dink).